quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Brinquedos extraordinários 5: A bola – incluindo a bolinha de gude

Nem vou falar muito sobre a bola, mas queria destacá-la. Queria me referir a ela como o brinquedo que representa o movimento, a relação, a troca e até, por que não, a disputa honesta.

Palla

A bola dialoga com as crianças (com as pessoas!) de todos os modos possíveis e impossíveis. É simbólica, é divertida, é simples, é propositiva, é diversa, é altamente “brincável”.

Do universo da bola extrai-se tantas possibilidades de jogo e de diversão, entre elas as bolinhas de gude. Quando crianças, fazíamos os circuitos na terra batida. Mas estes circuitos podem ser construídos de todo jeito, incorporando, ao verdadeiro manancial de Cultura Lúdica que essas simples esferas de vidro comportam, desafios pra lá de inusitados. As regras são complexas e maleáveis, podendo facilmente ser adaptadas às diversas circunstâncias e ao bel prazer dos jogadores.

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Aqui na Itália, um grupo de estudiosos criou A Universidade das Bolinhas de Gude. No Festival de Brincadeiras de Rua de Verona, vi um circuito enorme montado no meio da rua, onde muitas crianças se divertiam com elas. Em Araçuaí, Minas Gerais, nas minhas viagens de estudos com as educadoras crecheiras, vi os meninos construírem um circuito esculpido num tronco de árvore.

Enquanto escrevo me vem a velha canção do velho filme Lost Horizon, “The world is a circle and never begins, nobody knows where the circle ends…”. Verdade. Nunca começa. E a bola lembra que nunca termina.

_Claudia_

2 comentários:

Cibele disse...

Que lindo, Clau...(meu pai conta já, já ele aparece e explica direito)que a minha bisavó, quando já estava caduca, aparecia na sala pra assistir futebol com a família e indignava:
_mas que besteira! esse tanto de homem disputando uma bola. porque não dão uma pra cada um?

É engraçado, mas minha bisavó já tinha esquecido (caducado nalgum canto) que a gente dribla e a bola rola de pé em pé justamente porque é impossível que algum jogador estivesse inteiro, satisfeito. Quem joga é incompleto, faltante, desejante...não tem jeito né?

Claudia disse...

É sim. Se desse uma bola pra cada um não tinha jogo, nem graça.
Tem jeito mesmo não pro desejo, pra falta. Mas eu acho que o jogador no momento do gol, por exemplo, no logo-após, está bem perto da satisfação, né não? Acaba que o jogo tem esse efeito colateral, embora a gente saiba que é efêmero, joga pra isso, se esforça pra isso.

 
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