Indo pro trabalho ontem, passei por uma pracinha. Estava caminhando distraidamente, quando um grito “Sete"!” chamou minha atenção. Vi um pouco adiante um grupo de senhores de certa idade, sentados na grama, com outras pessoas que observavam em volta. Devem estar jogando alguma coisa, pensei. E resolvi me aproximar.
Estavam mesmo. Me contaram que aquele era o jogo da Morra (se diz móra) e que é assim: os dois adversários estendem simultaneamente as mãos indicando um número com os dedos e contemporaneamente gritam um número de zero a dez. Vence quem diz a cifra que corresponde à soma dos dedos. Se ambos adivinham, ou erram, a jogada é anulada.
No trabalho me contaram que este jogo é antiquíssimo e muito difundido em toda a bacia do Mediterrâneo. Fui pesquisar mais ainda e descobri que é representado em um vaso funerarário conservado no Museu Egípcio de Berlim. Que na época romana era usado pra resolver disputas e assim foi por muito tempo.
Na ópera cômica Rita ou Le mari battu, de Gaetano Donizetti (1841), a Morra é jogada pra decidir quem ficará com Rita: Gasparo, o marido que se pensava morto mas retorna, ou Beppe, o novo marido. Só que, nas artes operescas, o jogo é feito às avessas, os dois querendo perder: Rita é “simpática como areia na cueca”, como costumam dizer aqui =) Acontece.
_Claudia_
6 comentários:
Que legal, Clau! Esse morra parece ser parente da nossa porrinha...
É mesmo, sabia que me lembrava alguma coisa!
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Aqui tem essa coisa bacaninha de adultos, geralmente senhores, jogarem nas praças e nas ruas, igual no interior do Brasil. Outro dia vi também um campo de boccia (acho que aí chama boXa ou boCHa) com um monte de senhores jogando e as famílias vendo em volta, no meio de um canteiro central de uma grande avenida, no centrão mesmo. Pena que tava sem a câmera fotográfica nesse dia.
Jogando baralho então, tem direto.
Ops, mas é PUrrinha, né não? ha ha ha ha
Clau, hahahaha, é mesmo...é purrinha...nunca tinha escrito antes. Acho que a palavra morra me deu a associação...hahahaha
Sil,
Você é de que cidade mesmo? A sua família é italiana, não é? Adoro as histórias da sua família.
Sil, que barato! Deve ser uma delícia esse depois da missa aí mesmo. Essas coisas são mais importantes pra uma comunidade que se imagina. Há pouco tempo assisti a uma palestra de uns caras espanhóis (doutores em sociologia) relatando as atividades lúdicas de uma pequena comunidade de fabricantes de tijolo e de como eles defendiam o direito de jogar e de manter os jogos tradicionais deles, ameaçados pelo progresso. Foi de arrepiar.
Clau,
Isso vale um post, heim!
olha que legal esse link sobre jogos e brincadeiras indígenas:
http://g1.globo.com/Amazonia/0,,MUL1336665-16052,00-CRIANCAS+TIKUNAS+BRINCAM+DE+GAVIAO+MELANCIA+E+FESTA+DO+SAPO.html
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