Outro dia a Cibbele falou aqui das escolas construtivistas. Ops, esqueci, o correto é dizer “construtivista-sócio-interacionista” né Ci hehe
Aqui na Itália, o top de linha do momento, de quem pode ou quer pagar escola particular (porque tem sempre a opção da pública), são as escolas estrangeiras, principalmente de língua inglesa, mas tem também as francesas, suiças e alemãs. Tem até a chiquérrima (e carérrima!) International School que é até interessante, porque lá estudam meninos do mundo inteiro, filhos daqueles pais sem fronteiras, que vivem girando pelo mundo.
Quando morava no Brasil, eu já me perguntava o que faziam aquelas crianças brasileiras, filhas de pai e mãe brasileiros, netas de brasileiros… numa escola americana ou européia, onde as tarefas são feitas em outra língua, o calendário segue o clima do Hemisfério Norte, onde aprendem conteúdos isolados de uma outra cultura dentro de uma país com uma cultura, principalmente popular, rica como a nossa.
Fico imaginando os pais desses meninos tentando ajudá-los num dever em uma língua desconhecida ou quase. Fico principalmente pensando nas lacunas de aprendizagem de uma pessoa que frequenta uma escola assim e que no resto do tempo não tem absolutamente nenhum contato nem com a língua nem com aquela outra cultura. Pra mim nem a língua aprendem direito (falta o contexto). E daí entram no círculo vicioso de não assimilar também os conhecimentos mais elaborados que vão sendo transmitidos. Comunicar-se em outra língua não é difícil com boa vontade, as crianças são boas nisso. Mas – e isso eu digo de cadeira – ser inteligente em outra língua não é fácil não!
Mas fazer o quê. Coisas da moda. Os pais acham que estão fazendo um bem aos filhinhos, que estão dando a eles mais chance numa economia globalizada. Será? No fim, o que eu acho mesmo é de duas uma: ou essa gente cheia de boas intenções é muito ignorante a respeito de aprendizagem ou quer mesmo é ser chique, ser VIP, ostentar em cima do filho. Aqui, como aí no Brasil, é símbolo de status estudar nessas escolas.
Se ao menos esse pessoal economizasse os rios de dinheiro que gastam numa escola dessas pra fazer os filhos viajarem, estariam fazendo muito mais "pelo futuro deles". Porque não tem nada melhor que aprender outras línguas dentro do contexto certo, abrindo a cabeça também pra trans-culturalidade. Saber falar inglês ou francês não é nada se você não compreende a história e as contradições desses povos. E pra isso, só in loco. Tô errada?
_Claudia_ em estado de ânimo Graúna
2 comentários:
Tá certa, Clau. Outro dia eu estava pensando sobre a grande sacada do CLIC que era a forma de ver a cultura e a pedagogia. Porque não se trata de evitar ou tardar as aprendizagens, né? Idéia muito difundida entre os especialistas da infância. Mas tampouco de fazer delas um artifício. É uma aprendizagem vivida.
Pois é, completamente outra coisa.E o CLIC puxa a sardinha pra cultura brasileira descaradamente! =)Simples, né? Tamos no Brasil, uai! (Aliás, vocês estão snif snif)
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Não é que eu não goste das escolas estrangeiras, sabe? Conheci várias aí no Brasil e aqui tive contato com outras tantas através do Museu. Geralmente são escolas excelentes, mas dentro de seus objetivos e de seu público específico. O que eu acho loucura é esse povo que não tem nada a ver com a cultura, com o país, etc, fazer os filhos estudarem nelas!
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