Meu filho de 15/quase 16 anos perdeu a avó materna no Natal passado e duas semanas atrás perdeu o avô paterno. Está se estranhando com a Vida e a Morte. Ontem pediu pra que eu ficasse ao lado da sua cama, de mãos dadas, na hora de dormir.
Me dizia: “O que me assusta é que, de um momento ao outro, vou parar de pensar”.
Quando ele tinha 3 pra 4 anos, não me lembro bem se teve alguma coisa concreta ou se foi só o período natural em que a criança se descobre indivíduo, passou um período de questionamento constante sobre a Morte. Me perguntava o que era, por que, pra onde, pra quê. Eu não sabia responder, como não sei agora. E não queria colocar nenhuma crença nesse lugar (até porque não tenho nenhuma). A coisa foi se estendendo e eu cheguei a pensar em procurar um psicólogo (a mãe psicóloga é um ser à parte….). Até que um dia não sei por que cargas d’água eu disse que ele não precisaria se preocupar, pois fosse o que fosse, quando ele morresse, eu já estaria lá pra protegê-lo como fiz com sua chegada à Vida. Isso não é necessariamente verdade, eu sei (e anos depois uma amiga que tinha perdido um filho me lembrou isso), mas é pelo menos a ordem natural das coisas. Foi onde me encostei. Pra garantir uma certa esperança. Fato é que resolveu, ele se acalmou e não tocou mais no assunto até agora.
Agora não adianta dizer de novo que estarei lá pra protegê-lo. Ele já sabe, como eu, que “lá” provavelmente não existe e que o mais provável é que a gente simplesmente deixe de ser, apague. Termine. Pare de pensar, como ele tanto teme.
Ontem eu disse a ele que, mesmo sendo finita, a Vida é maravilhosa e é sempre um privilégio viver, principalmente se se vive ao lado de pessoas como ele. Porque, como no poema de Fernando Pessoa, quando a gente morre, o poente é belo e é bela a noite que fica.
_Claudia_
2 comentários:
Pra quê religião se a gente tem
poesia, né, Clau?
Bunito demais o que você escreveu!
Muito bom!
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