Há algum tempo atrás, escrevi aqui sobre a minha inquietação quando percebi que boa parte das minhas colocações morais para minha filha tinham um aspecto negativo. Num discurso cheio de contra preconceito, contra discriminação, contra desonestidade, eu posicionava a minha família como não católica, não protestante, não isso e não aquilo. Foi então que comecei uma busca pela positividade dessas questões, tendo então me encantado com o adjetivo pacifista que a Carol tomou emprestado para a família dela. Tudo isso eu conto aqui. (Aliás, por onde anda o Matuto,Clau?)
Pois o mesmo incômodo tenho sentido em relação a algumas instituições de ensino. É claro que a maior parte das escolas ainda são surpreendentemente autoritárias e mesmo as escolas com pedagogia de ponta ainda trazem esse ranço. No entanto, não é surpreendente que muitas escolas tidas por “alternativas” vez em quando sejam ameaçadas por discursos fáceis que tentam adequá-las a metodologias, verificações, auditorias e avaliações?
Parte dessa explicação me parece econômica mesmo. Com problemas no caixa, essas escolas buscam soluções em consultorias e compram milagres instantâneos mesmo que o preço seja a sua própria identidade.
A outra parte é uma explicação relativa ao pedagógico. Essas escolas, assim como os pais “alternativos” dos quais falei no primeiro parágrafo, se definem negativamente. Aqui não se copia, aqui não há seriação, aqui não há decoreba, aqui não, aqui não, aqui não.
O antídoto para esses ataques de soluções pedagógicas de almanaque é um bom líder e um discurso coeso, claro e comunicativo. Que nas reuniões os pais saibam que alguém que estudou muito está falando sobre educação, que nas festas escolares seja evidente o percurso dos alunos (que não precisa ser acabado, mas que seja um movimento), que toda a comunidade escolar seja levada a pensar nos propósitos daquela escola.
Pois o mesmo incômodo tenho sentido em relação a algumas instituições de ensino. É claro que a maior parte das escolas ainda são surpreendentemente autoritárias e mesmo as escolas com pedagogia de ponta ainda trazem esse ranço. No entanto, não é surpreendente que muitas escolas tidas por “alternativas” vez em quando sejam ameaçadas por discursos fáceis que tentam adequá-las a metodologias, verificações, auditorias e avaliações?
Parte dessa explicação me parece econômica mesmo. Com problemas no caixa, essas escolas buscam soluções em consultorias e compram milagres instantâneos mesmo que o preço seja a sua própria identidade.
A outra parte é uma explicação relativa ao pedagógico. Essas escolas, assim como os pais “alternativos” dos quais falei no primeiro parágrafo, se definem negativamente. Aqui não se copia, aqui não há seriação, aqui não há decoreba, aqui não, aqui não, aqui não.
O antídoto para esses ataques de soluções pedagógicas de almanaque é um bom líder e um discurso coeso, claro e comunicativo. Que nas reuniões os pais saibam que alguém que estudou muito está falando sobre educação, que nas festas escolares seja evidente o percurso dos alunos (que não precisa ser acabado, mas que seja um movimento), que toda a comunidade escolar seja levada a pensar nos propósitos daquela escola.
Uma vez, uma mãe assistiu uma oficina minha e depois disse que aquilo, ela mesma faria em casa. Ela não deixava de ter razão. Brincar de teatro com o filho é algo que qualquer um pode fazer em casa. Mas não tomando decisões conscientes a todo instante como faz um educador. Nesse dia, aprendi que eu precisaria mostrar aos pais o conhecimento que me mobilizava.
Ter um educador-líder não é ser autoritário. É preservar as escolas do assembleísmo pedagógico. Uma escola democrática não age necessariamente pela opinião da maioria, porque o educador nem sempre coloca em plebiscito as suas convicções e porque é ele, por fim, quem responde e se responsabiliza pela próprio processo educacional.
Ter um educador-líder não é ser autoritário. É preservar as escolas do assembleísmo pedagógico. Uma escola democrática não age necessariamente pela opinião da maioria, porque o educador nem sempre coloca em plebiscito as suas convicções e porque é ele, por fim, quem responde e se responsabiliza pela próprio processo educacional.
Quando digo "pedagógico" ou "educativo" não estou defendendo mercados e diplomas, mas estou dizendo que não, nem todo mundo é educador. Uma amiga, educadora experiente, apontando a desvalorização do conhecimento pedagógico, uma vez usou um argumento interessante_"engraçado que não há amigos do tribunal ou amigos do hospital, mas existem amigos da escola, pressupondo que basta boa vontade para exercer essa função."
Nesse silêncio da baixa autoestima do educador, o discurso oportunista toma lugar e só com muita luta a maioria conseguirá afastá-lo. Se é que conseguirá.
_Cibele_
4 comentários:
Num contexto de escola privada, Ci, "educador" pode ser muita gente até a mulher sem nenhuma formação que casa com o cara rico e ele ao invés de abrir a butique pra ela comprar umas roupinhas e ficar feliz... abre a "escolinha". Tem taaaantas!
Educador pode ser o cara que "se dá bem com crianças, gosta tanto delas, curte elas". Pode ser o artista que acha bacaninha fazer umas oficinas aí. A mãe que leu o livro de euto-ajuda e vem te dizer como tratar o filho.
Enfim. São muitos personagens que povoam esse cenário.
Oi Cibele,
Em resposta a sua pergunta final acho que a resposta é NÃO.
Os Educadores são como palmeiras tropicais tentando sobreviver no solo árido e gelado da escola siberiana. Não vamos conseguir sobreviver num clima tão impróprio! Precisamos buscar solo e clima favoráveis ao nosso desenvolvimento, onde possamos fincar nossas raízes e nos desenvolver ao ponto de provocar admiração e respeito por nossa "imponente presença". Acho que precisamos deixar a "briga" com a escola de lado e criar novos espaços de aprender e ensinar.
Beijos.
Pois é Clau, é triste, mas é isso aí. A educação infantil então é um dos pontos mais frágeis, né? Sei que muitas experiências bacanas se perderiam, mas francamente, vendo esses absurdos por aí, fico pensando que faltam diretrizes governamentais para o infantil.
Adriana, não há gente mais resistente que educador. Fico boqueaberta. Nas férias, os cursos de formação estão cheios. Com baixos salários, ainda vejo educadores investindo em material do próprio bolso. E muitas vezes, depois de falida nos seus propósitos, uma instituição ainda permanece fiel por algum tempo porque os educadores protegem esses princípios.
Aqui em BH a gente conhece escolas em que pais e educadores defenderam a causa na crise, mas isso é pouco, né? Por isso, acho que passou da hora de superarmos o assembleísmo pedagógico.
Que bom que vc veio comentar com a gente, depois daquele e-mail super gentil!
Beijos
Pois é, por onde anda o Matuto? Matuto, aparece e dá um oi pra gente!
=)
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