quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Feliz ano novo!!!
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Caracolando 3 - Mudando com crianças
Mudar de casa é um desafio para a família, especialmente para as crianças. Se a criança está aprendendo a andar e já dominou degraus, vãos, tapetes e obstáculos daquela casa, terá de reaprender tudo isso em outro lugar. Cada casa tem lá sua orquestra de barulhos: a minha casa de infância faz até hoje um barulho de sapo coaxando na pia da cozinha, embora seja um apartamento de terceiro andar. O apartamento em que moro hoje tem aquele pi, pi, pi , aviso de garagem abrindo. Morei numa casa cheia de natureza e o barulho das cigarras em algumas épocas do ano chegava a ser chato demais.
Os pais podem ajudar a criança a identificar esses barulhos estranhos e a familiarizar com os novos espaços da casa. Uma vez, inventei um acampamento semanal em cada cômodo pra tentar acabar com o medo que a minha filha sentiu. Ajudou, mas não resolveu.
Junto com a mudança vem também o temor de perder os brinquedos. Se a criança puder participar da embalagem dos brinquedos, melhor. E pode ser legal deixar de fora o ursinho preferido ou a boneca de estimação.
Em todas as minhas mudanças, tentei alterar o mínimo possível a decoração pra diminuir o estranhamento. Acrescentei um item novo ao quarto da minha filha, à escolha da freguesa. Da última vez, ela escolheu a cor para pintar na parede. Rooooosa choque. Lição: Mais vale uma filha adaptada que o bom gosto dos pais!
Por último, o mais difícil pra mim que sou meio tímida, preparo-me pra ser mais ativa na procura de novos laços de amizade. Isso facilita muito a vida da meninada e a minha também, devo admitir.
Do novo enraizamento, o tempo se encarrega (embora a gente possa dar uma mãozinha) e quando menos se espera, a casa vira um lar.
Dois desenhos ótimos sobre o tema: Toy Story e a Estrela de Laura.
_Cibele_
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
Caracolando 2 - Cenas de despedida
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Um video fofo - presente de Boas Festas do Quintarola pra vocês...
Fish. O curta que venceu o Festival de Berlim deste ano.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
“Nossos filhos vão muito bem, obrigado”…
Num livro muito interessante, “Lesbian and gay parents and their children” , o psicólogo Abbie E. Goldber, docente da Faculdade de Psicologia da Clark University, nos Estados Unidos, analisa mais de 100 estudos acadêmicos sobre pais de mesmo sexo.
Até pouco tempo atrás, sabia-se muito pouco sobre filhos de casais de mesmo sexo. Sem parâmetros concretos, baseada só em suposições, muita gente afirmava que essas crianças e adolescentes estariam mais expostos ao risco de distúrbios psíquicos e sociais que seus coetâneos. Este argumento ainda é muito usado pelas posições sócio-políticas contrárias à constituição de famílias homossexuais legalizadas. O livro – e outros atuais e consistentes estudos que o autor cita – demonstram justamente o contrário: a conclusão é de que, nos casos pesquisados, os filhos de casais de mesmo sexo não são muito diferentes daqueles de casais de sexos diferentes.
Segundo os dados coletados nas pesquisas, eles não só não correm mais risco de distúrbios psíquicos, como são muito queridos nas escolas. Têm o mesmo número de amigos dos filhos de casais heterossexuais. Não apresentam problemas de confusão sobre gêneros e sua sexualidade transcorre tranquilamente.
As diferenças são ainda mais significativas que as semelhanças: essas crianças e adolescentes tendem a ser menos conformistas e mais flexíveis sobre papéis e assuntos de gênero que os filhos de pais de sexos diferentes. Quando crescem, tendem a trabalhar em funções sociais e a ter mais amigos “diversos” que os adultos médios.
Fico aqui pensando com os meus botões se o ponto principal não estaria na velha questão da verdade em família. Quantas famílias são fundadas em cima de um grande não-dito que desorienta as crianças e desconcerta os adultos. A palavra – o que é dito - "norteia" as relações, como diz J. Lacan.
O fato das famílias com pais de mesmo sexo, apesár de toda a resistência do status quo, terem optado pela verdade de suas relações, além de favorecer a harmonia psíquica de seus filhos, traz à tona debates interessantíssimos, não só para si mesmas, mas também pras famílias heterossexuais. Enquanto na esfera pública se discute sobre casamento e adoção de filhos entre pessoas do mesmo sexo , no âmbito privado se discute igualdade de papéis entre pessoas, independente se são homens ou mulheres. Ou seja, igualdade de direitos e de responsabilidades nas coisas mínimas do cotidiano. Uma discussão em que o gênero não é um mediador, um divisor de águas de direitos, como vem sendo em séculos e séculos de História.
Assunto utilíssimo para as crianças, principalmente se se pretende educar pessoas mais justas e tolerantes.
_Claudia_
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Caracolando
Não foi fácil, mas já tinha me acostumado. Só não acostumei a me despedir, isso ainda dói, porque onde quer que se esteja, pessoas queridíssimas teimaram em aparecer e me mostram como o mundo pode ser diferente se visto de outras janelas.
Vou começar aqui uma série chamada Caracolando, pretendendo pensar diversos temas dentro desse enfoque: o dia da mudança com crianças e como prepará-las, o aluno nômade e o sentimento de eterno novato, respeitando as diferenças culturais, o brincar e a cultura da criança por aí.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Brincando no Congo
Há algum tempo, falamos aqui e aqui de como as brincadeiras infantis são parecidas em lugares tão distantes (e culturalmente tão diferentes) no mundo.
Essa observação confirma a tese que a gente defende sempre, de uma Cultura Lúdica universal, inventada e partilhada por meninos e meninas onde quer que se encontrem com, claro, algumas variações e adaptações segundo as diversas culturas, línguas, ritmos e costumes. Mas o fio, quando a gente puxa, é quase sempre o mesmo.
Este vídeo, que achei no blog da Folhinha, demonstra com imagens esta similaridade. Crianças no Congo (África) brincam de elástico, pular corda, aros, estilingue, rodas de gestos simultâneos e outros jogos tão nossos conhecidos…
Outra coisa que chama a atenção nas imagens é que, pra brincar, precisa-se de muito pouco. Num ambiente de tanta privação, a ludicidade corre solta e é muito criativa. Isso não é nem de longe um elogio à pobreza, mas a simples constatação de que o excesso de estímulos e a riqueza de objetos não só não ajuda, como chega a atrapalhar a brincadeira espontânea.
As crianças nos dão essa bela mensagem: entre tantas diferenças, o âmago (simples) do Ser Humano é o mesmo e pode ser re-descoberto.
_Claudia_
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Poesia para brincar
A Ana Paula, professora do Libertas, nos escreveu um e-mail muito gentil, dizendo que passeia sempre por aqui e pedindo dicas de poesia pra criança. Daí fui ver que nunca-nunquinha falamos nada a respeito aqui no quintal. Comemos mosca!
Mas nunca é tarde. Aí vão as dicas que passei pra ela:
De poesia pra criança que eu gosto tem tanta! Mas vou indicar só um começo, uma trilha, depois mais pra frente vocês nos escrevem contando o que mais encontraram a partir daí. Porque poesia é muito pessoal, depende muito do espírito de cada um e de cada momento.
Vamo' lá.
O mais básico pra mim é o Ou isto ou aquilo, da Cecília Meireles.
Depois tem o Elias José (É o bicho, Bicho que te quero livre, e tantos outros)
O Vinícius (com a Arca de Noé e A Casa dos brinquedos), que dispensa apresentações…
A Ana Beatriz
O José Paulo Paes (Poemas para brincar é maravilhoso, Um passarinho me contou também)
O Manoel de Barros... acho maravilhoso tudo que ele escreve. Não é especificamente pra crianças, mas funciona super bem, as crianças se identificam com o jeito dele escrever.
Os livros do Bartolomeu Campos de Queirós são um tipo de prosa poética, muito bonitos.
O português Sidônio Muralha (Helena e a Cotovia, Bichos, bichinhos e bicharocos, A televisão da bicharada) é incrível, poesia contemporânea da mais alta qualidade.
Até a Ruth Rocha, grande contadora de histórias em prosa, escreve ótima poesia! (Palavras, muitas palavras)
O Luís Camargo tem uma série de livros sobre a poesia infantil brasileira.
Comecem por aí que vocês vão muito bem. E depois vão desdobrando =)
_Claudia_
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Uia, que legal!
_Cibele_
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
O Natal na telona
A Rena do Nariz Vermelho (1964) foi um filme natalino que marcou a minha infância, numa época pré- vídeocassete, em que tínhamos de nos programar para assistir TV.
O Milagre da Rua 34 ou De Ilusão Também se Vive é um filme de 1947 que foi refilmado em 1994. A primeira versão ganhou três Oscars, entre eles os de Melhor Roteiro e História Original, embora possa parecer lento para as crianças de hoje. O que mais gostei foi da representação que o filme faz do universo adulto nas personagens dos juristas (juiz e advogado), do psicólogo e dos empresários. No test drive infantil, ficou o diálogo entre o Papai Noel e o psicólogo que lhe aplica um teste para saber se eles está biruta:
_Quantos anos você tem?
_Tenho a idade da minha língua, mas sou mais velho que meus dentes.
A segunda versão eu não vi, mas fiquei curiosa.
O outro filme é Um Natal Muito Louco (2004). Tinha tudo pra ser muito legal (mas é chaaaato), já que conta a história de um casal que decide não comemorar o Natal e sofre todo tipo de coersão social pra se render a ele. O final é decepcionante, mas vale a pena assistir pra sentir a força da tradição. Não é infantil, mas pode ser visto em família.
No século XXI, o filme reprisado da vez é Simplesmente Amor. Ainda não consegui vê-lo inteiro, mas os pedaços que acompanhei na TV a cabo achei bem bonitinho.
A minha lista foi uma mistura de esforço de memória e uma pesquisinha rápida no Google. É...de fato o tema não é dos mais amigáveis à sétima arte...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Brinquedos extraordinários 5: A bola – incluindo a bolinha de gude
Nem vou falar muito sobre a bola, mas queria destacá-la. Queria me referir a ela como o brinquedo que representa o movimento, a relação, a troca e até, por que não, a disputa honesta.
A bola dialoga com as crianças (com as pessoas!) de todos os modos possíveis e impossíveis. É simbólica, é divertida, é simples, é propositiva, é diversa, é altamente “brincável”.
Do universo da bola extrai-se tantas possibilidades de jogo e de diversão, entre elas as bolinhas de gude. Quando crianças, fazíamos os circuitos na terra batida. Mas estes circuitos podem ser construídos de todo jeito, incorporando, ao verdadeiro manancial de Cultura Lúdica que essas simples esferas de vidro comportam, desafios pra lá de inusitados. As regras são complexas e maleáveis, podendo facilmente ser adaptadas às diversas circunstâncias e ao bel prazer dos jogadores.
Aqui na Itália, um grupo de estudiosos criou A Universidade das Bolinhas de Gude. No Festival de Brincadeiras de Rua de Verona, vi um circuito enorme montado no meio da rua, onde muitas crianças se divertiam com elas. Em Araçuaí, Minas Gerais, nas minhas viagens de estudos com as educadoras crecheiras, vi os meninos construírem um circuito esculpido num tronco de árvore.
Enquanto escrevo me vem a velha canção do velho filme Lost Horizon, “The world is a circle and never begins, nobody knows where the circle ends…”. Verdade. Nunca começa. E a bola lembra que nunca termina.
_Claudia_
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Sementes suecas
Não pude deixar de notar a recorrente a tensão entre a necessidade de se preservar a infância, aqui expressadas pelas idéias de segurança e de valorização do brincar e o perigo do confinamento cultural da criança, conceito de Edmir Perroti.
Obviamente, não se trata de desprezar a importância das cadeirinhas de segurança para carro ou dos filtros solares, mas não deixa de ser interessante pensar que uma outra boa medida para a segurança das crianças é submetê-las a algum risco calculado. Não é por acaso que as crianças que mais caem são as mais protegidas. Digamos assim, que tão importante quanto eliminar o risco desnecessário ou excessivamente danoso é prepará-las para os riscos inevitáveis. E isso só pode ser feito através dos pequenos riscos.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Bronca
Desculpem, leitores do Quintarola, se meus últimos posts têm sido baseados em matérias que leio ou fico sabendo ou em conhecimentos já de muito adquiridos. O Museu onde eu trabalho está fechado temporariamente e então fico sem a minha principal matéria-prima pra escrever: a convivência com as crianças.
Mas esta noite, provavelmente motivada por uma situação pessoal que estou revivendo, um menino me apareceu em sonho.
- Aquele menino disse que eu sou horroroso – me disse ele, indicando um outro.
- Vamos lá falar com ele – respondi, determinada.
- Não. Não gosto de dar bronca.
Esse menino sou eu.
Taí uma coisa que sempre detestei e evitei fazer, seja como mãe, como educadora, como diretora, como colega e até como amiga: dar bronca nos outros. Tem gente que sabe dar bronca com maestria. E gosta. Mas pra dar bronca precisa:
1) saber identificar um ou vários comportamentos incorretos. Eu não sei fazer isso, porque pra saber o que é incorreto eu precisaria saber exatamente o que é correto e o que é correto seria algo que EU creio que seja correto e o que eu creio que seja correto me põe mais dúvidas que certezas;
2) deixar a compaixão de lado. Senão você fica pensando nos motivos que levaram o outro a agir daquele modo e se perde. Eu me perco com frequência porque onde se vêem erros eu vejo incapacidades e acabo estando junto pra compreendê-las, ao invés de dar a bendita bronca;
3) desprezar a circunstância onde aconteceu o suposto comportamento incorreto e focar tudo nele próprio. Mas não é incrível que, se você muda uma variável circunstancial o comportamento das pessoas muda totalmente?
4) ser “neutro”, ou seja, destacar-se no julgamento, retirar os seus próprios componentes da situação (sejam eles conscientes ou inconscientes). Esta é outra arte que me é desconhecida.
No sonho, já acordada, eu diria pro menininho:
- Deixa ele pra lá, ele não deu conta de te perceber como você é realmente, mas outro dia quem sabe?
_Claudia_
domingo, 6 de dezembro de 2009
1 ano e 1 mês
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
And so this is Christmas
Tá bom, é Natal. Até The Grinch mudou de ideia e … a propósito, conhecem já os livros do Dr. Seuss? São super divertidos!
Em suma. É Natal.
Para as crianças e os apaixonados (aqueles que acreditam em milagres) este período pode ser uma oportunidade pra agradecer, oferecer flores, reencontrar-se, falar, esclarecer, abraçar, estar junto olhando as nuvens ou o infinito, passear, brincar… e tantas outras dessas atividades inúteis e grátis. Que tiram os pesos do coração.
Ir além da data comemorativa, só uma a mais entre o monte que tem no calendário. Além das leis do Mercado – que consegue sobreviver bem sem esses símbolos pré-fabricados.
Estranho. Sempre fui muito insensível (às vezes até meio irritada) a esses períodos-em-que-todo-mundo-faz-essas-coisas. Não gosto dos enfeites, das cerimônias, da enorme quantidade de presentes e de comida. Gosto menos ainda de sentimentos enquadrados dentro de um contexto.
Mas este ano parece que fui contaminada. Sou a primeira da fila querendo entrar em 2010 com o coração leve feito pluma =)
_Claudia_
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
AvóDezanove e o segredo do soviétivo
Selecionei dois trechos exemplares:
“_ Tínhamos combinado que era de noite.
_ Mas o mundo está cheio de surpresas camarada, e temos que aproveitar. Agora, vamos ver como?
_É só esperar um bocadinho.
_O quê?
_É só esperar um bocadinho. Os olhos vão se habituar, vais começar a ver no escuro.
_Ver no escuro? Nunca vi.
_Mas vais ver. O escuro é como uma brincadeira. Acaba rápido.”
“Quieto a não pensar.
(...)
A inventar minutos meus dentro dos minutos do tempo?
A crescer com um coração e um corpo a fugirem da infância? “Alguém corre atrás do menino?”, a avó Dezanove costumava perguntar. O tempo me perseguia com um corpo de me assustar? Eu me sentia o mundo todo ali no pequeno largo da praia do bispo?”
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Fralda ecológica
Quando Davi nasceu, há quase 15 anos, embora em pleno boom das fraldas descartáveis, optei pelo uso das fraldas de pano durante o dia. Lembram delas? Hoje parecem relíquias de um passado distante.
Ele usava fraldas descartáveis só pra dormir. Naquela época, li muito sobre isso e tirei minha conclusão principalmente de 2 pontos: a maior irritabilidade da pele que a fralda descartável provoca (devido aos componentes químicos para torná-las impermeáveis e porque impedem a natural circulação do ar) e o desrespeito ao meio ambiente, já que são altamente poluidoras (constituem 15% do lixo não reciclável). Depois percebi que existiam outros motivos importantes: economia doméstica (as fraldas descartáveis custavam muito!), facilitação da aprendizagem do controle dos esfíncteres (com a fralda de pano, a criança é capaz de perceber melhor os excrementos e de sentir um certo incômodo, o que a estimula a controlar os esfíncteres mais cedo e de um modo mais natural), maior conforto para o bebê (o algodão é muito mais “fofinho” de vestir). Existem até estudos associando o aumento de temperatura provocado pelas fraldas descartáveis ao aumento da infertilidade masculina nos últimos 25 anos.
Era meio trabalhoso sim. Eu tinha de lavar a mão e ferver as fraldas num balde de alumínio. Depois estendê-las e no dia seguinte passá-las a ferro. Mas não eram tarefas que eu fazia chateada não. Era algo como preparar eu mesma a papinha dele, dar o banho, cuidar do quarto… coisas que me davam mais prazer que trabalho, na verdade. Eu tinha construído algumas condições de maternidade que a maioria das mulheres não tem: trabalhava fora poucas horas por dia, tinha uma auxiliar em casa e o estado de ser mãe tinha sido uma escolha tanto racional quanto afetiva. Tudo isso colaborou pra que o período-fralda fosse curto (pra ser mais exata, durou o tempo natural) e tranquilo aqui em casa.
Hoje as fraldas descartáveis ocuparam seu espaço no mercado e ninguém mais pensa nas old-fashioned fraldas de algodão. Ninguém? …
Aqui na Itália um grupo de mulheres está levando avante um belíssimo projeto chamado “Fralda Amiga”, cada dia mais amplo no país. O projeto funciona assim: apenas nasce um bebê, e antes mesmo de colocarem os enfeites tradicionais nas portas das casas, as mães recebem uma carta convidando a participar do projeto e explicando as vantagens, junto com um kit de 24 fraldas de algodão e 3 calcinhas/cuequinhas impermeáveis. As fraldas são de nova geração: são feitas com 90% algodão e 10% de um material absorvente natural, podem ser lavadas na máquina e enxugam rapidinho, sem precisar passar a ferro. O modelo é já em forma de shortinho, o que facilita o uso (não precisa dobrar).
As mães que aceitaram participar (já são muitas) estão fazendo um diário de campo e as impressões não podiam ser mais positivas. Com a experiência, conseguiram convencer primeiro as avós (que resistiam achando que era um retorno ao passado depois de uma grande conquista) e os maridos, que temiam que as fraldas na máquina de lavar sujassem suas camisas. O projeto foi testado com mães consideradas “difíceis” (muitos filhos, trabalhadoras, singles) e deu também ótimos resultados. Os números são animadores, a porcentagem de desistência é só de 0,2%.
Enfim, um projeto que está fazendo seu caminho por aqui e que merece ser aplaudido. Parece que esse movimento já chegou aí no Brasil, mas as novas fraldas ainda não estão disponíveis. Não tenho notícia de projetos oficiais. Se não me engano, as novas fraldas de algodão já estão à venda pelo E-bay... Vale a pena procurar também em lojas virtuais e outros distribuidores.
_Claudia_
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Diário de Campo
Uma menina pergunta por outra. Respondem que ela foi à cidade, como se estivéssemos fora dela. E talvez estejamos.
Sentada embaixo de uma árvore _ o sol está muito forte_ cai um filhote de passarinho aos meus pés. Algumas crianças o cercam, um menino se arrisca a pegá-lo. Joga o pardalzinho pra cima diversas vezes e apanha de novo. Tô ensinado ele a voar _ se justifica. Outro chega e adverte de que ele está é apavorando o passarinho. O tom, muito comum entre eles, é de reprovação. Há uma ginga na fala, mistura de canto e luta. O passarinho passa para a mão do segundo menino. Esse investiga as suas asas e tomado pela curiosidade, abre-lhe o bico, sob os protestos do bicho. Uma instrutora do projeto chega e diz que o passarinho não está gostando. Toma-o nas mãos e afirma que devem devolvê-lo ao ninho. Algumas crianças buscam uma escada de cerca de 3 ou 4 metros. O garoto maior começa a subir e ameaça que vai dar um se não segurarem a escada direito. Duas ou três crianças seguram embaixo, ainda trocando críticas: Segura direito! Cuidado com a sua mão! Nos'Senhora, se o menino cair, ele mata nóis.
Pronto, o passarinho está no ninho. Distraído, um menino pisa na grama e é advertido:
_ Oi, não derrota a grama não!
As crianças se dispersam... Lá em cima, o pardalzinho pia e ameaça sair de novo do ninho de João de Barro tomado como lar.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Brinquedos extraordinários 4: O Barangandão Arco-íris
Em muitos países é conhecido como “pássaro de fogo”. Na Nova Zelandia é o kiwido, inspirado em uma prática tradicional Maori, os primeiros habitantes do país. No Brasil foi imortalizado como barangandão pelo Adelsin, com o livro de mesmo nome.
São faixas múltiplas e coloridas, amarradas em duplas e sustentadas por uma “capa” resistente, que convidam a experimentar figuras simétricas, com gestos cada vez mais amplos, mais velozes e mais sonoros. O farfalhar exótico das tiras e a profusão das cores deixa encantado até um observador casual.
Depois de alguns movimentos, quando se joga num ambiente aberto, o barangandão pode ser lançado pro “vôo”. É maravilhoso observá-lo caindo levemente no ar…
Adelsin ensina a construí-lo com jornal, barbante e papel crepom. Nada mais simples. Mas convém respeitar as regras de construção pra fazer um brinquedo que funcione bem. Pra isso, que tal dar uma olhada-bem-olhadinha no livro? Lá você encontra ainda outros 35 interessantes brinquedos inventados por meninos.
_Claudia_
domingo, 22 de novembro de 2009
Símbolos, escola e cultura
Arte: Andy Wahol
Uma mãe finlandesa, que mora na Itália e tem dupla cidadania, entrou com uma ação junto à Corte Suprema Européia para a retirada dos crucifixos nas escolas italianas. E a CSE aprovou, alegando que as escolas são instituições laicas, não podendo portanto expor símbolos de uma ou outra crença religiosa. A opinião pública italiana está majoritariamente contrária a esta decisão e o país deve entrar com recurso. As pessoas acreditam que o crucifixo não é um símbolo católico, mas da tradição local.
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Tramitando no Parlamento italiano a proposta de oferecer nas escolas, além das já existentes aulas de religião católica, aulas opcionais de religião islâmica.
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Numa cidadezinha perto de Milão, governada pelo partido de ultra-direita Lega Nord, está acontecendo desde o dia 25 de outubro, com final previsto em 25 de dezembro, o projeto “White Christmas” (“Natal Branco”) , uma “operação pente fino” contra os imigrantes cuja permissão de permanência em solo italiano está prestes a vencer. Alega-se que o Natal é uma festa cristã e que os imigrantes, a maior parte de outras culturas, “poluem” a sua “brancura”. As escolas locais, defendendo suas crianças imigrantes, saíram ontem em manifestação contrária a esta medida, juntamente com exponentes da Igreja Católica e ONGs em prol dos imigrantes.
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O presidente francês Nicolas Sarkozy proibiu na França o uso da burca, pois esta vestimenta da tradição muçulmana fere a constituição francesa (que professa que todas as pessoas, homens e mulheres, têm os mesmos direitos perante a sociedade e a lei, rejeitando toda e qualquer forma de servidão), além de esconder a identidade da pessoa em questão, o que poderia ser perigoso em termos de segurança. Em muitas escolas francesas os professores puderam finalmente ver as faces das mães de seus alunos muçulmanos. Algumas, entretanto, se recusam ou são impedidas pelos maridos de sair de casa sem a burca, condenando-se ao isolamento social.
_Claudia_
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Um post para Rosana
Numa dessas discussões, acabei conhecendo a Rosana Padial, uma profissional do brincar que me apresentou o livro Brinquedo e Cultura de Gilles Brougère em que o autor afirma: A brincadeira é, entre outras coisas, um meio da criança viver a cultura que a cerca, tal como ela é verdadeiramente, e não como ela deveria ser.
Com a generosidade típica de quem sabe brincar, a Rosana ainda me mandou um vídeo lindo do seu trabalho em que ela levanta, entre outras características do brincar, a leveza, que transforma em risada a mais dura realidade.
Rir de si mesmo, diria André Comte-Sponville, é a única forma legítima de humor e a mais necessária, já que levar-se a sério demais é não ter humildade. As crianças o sabem bem...
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Jogos de guerra
Imagem: Guernica, de Pablo Picasso
(Este post surgiu de uma conversa com um “conspirador do brincar”, Luiz Carlos Garrocho)
O menino da favela brinca de vender cocaína e de metralhadora. O menino italiano brinca de caçar o "cigano-ladrão". O menino americano brinca de explodir países inteiros. Em casa, na escola, as “lutinhas”. O soldadinho. O super-herói.
Tudo é narrativa. A Vida parece estruturada como narrativa.
O Jogo – o brincar – não podia ser diferente.
“De brincadeira” se faz o belo, mas também o bullying, o vandalismo, os jogos políticos, o jogo de negócios, os jogos de guerra. Jogos perversos. Paradoxo inquietante. Às vezes assustador. A violência penetra o mundo da brincadeira, transborda.
As crianças imitam (brincando) o mundo onde estão imersas. E trazem também dentro de si, na natureza humana, os componentes do “lado obscuro da Força”. É uma luta interna de duas narrativas tão opostas quanto humanas. O bom e o cruel lado a lado.
Nessa luta, vista de frente, a possibilidade de aprender ou de se render. É preciso descobrir “Mas e eu, a que jogo pertenço?”
Brincar consigo mesmo – a auto-ironia. Saber brincar. Saber narrar a si mesmo. A dimensão lúdica precisa ser cultivada, inventada, encontrada de um modo muito pessoal. Até que o que esteja no centro seja a alegria, o entusiasmo, a leveza e não mais a onipotência. Aí entra o adulto-ao-lado-da-criança. Aquele que brinca junto, que compartilha as emoções e sugere caminhos. E propõe questões. Se a sociedade estimula a violência, podemos no nosso micro-cosmos indicar outras saídas. Mas isso é um processo longo, não coercitivo.
O que queremos ser através do brincar? Quem queremos ser?
O jogo, narrativo, contém segredos. Poder falar, escutar, interagir, procurar as palavras do outro. Ver a si mesmo primeiro pra ver o outro – e sua extensão, o mundo - depois. Ou a partir de si. Ensaiar a tolerância e a auto-compreensão.
Devemos nos ocupar de narrar a nós mesmos através do brincar, pois a brincadeira põe ordem ao caos da existência.
_Claudia Souza_
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Vivendo e aprendendo a jogar
Quando somos pegos ou queimados, conseguimos avaliar onde foi que erramos. Há ainda um outro tipo de perda _ aquela que foge ao nosso controle. Um jogo completo deve associar estratégia e sorte, porque há situações em que nossas estratégias mirabolantes escoam num simples lançar de dados. A morte, o curinga, a chuva e o par ou ímpar são exemplo das nossas limitações e da nossa humanidade. Se uma sorte teima em se repetir, é chamada de dados viciados_ um jeito que a estratégia tem de se vestir de sorte.
Quando os adultos simulam a vitória das crianças, lhes dão sinais de condescendência, que é a desonra total do jogador. Muito diferente da “carta branca” que declaradamente relativiza as regras para manter no jogo os mais novos, que sem esse recurso, não experimentariam novas habilidades. Para admitir a carta branca, as crianças têm de entender que existe uma hierarquia de habilidades, mas que também os mais hábeis se tornam de alguma forma mais responsáveis. Percebo uma forte tendência na cultura da criança contemporânea-urbana para mascarar a vitória e a derrota. Como que tentando frear o individualismo e a competitividade, evitamos a relação, a entrega e todos os riscos. Jogamos a criança fora, junto com a água do banho.
Do outro lado do time, há os adultos que criam dificuldades na vida das crianças a fim de prepará-las para o pior. Ora, como se já não houvesse suficientes pedras no meio do caminho de qualquer um.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Choro em língua materna
Nos últimos 3 anos ando lidando em primeira pessoa com essa coisa de mudança de língua. Já percebi que é um processo longo que exige muita paciência e principalmente muita observação. Por isso, me coloco muito na posição de “escuta”. Percebi que cada língua tem mesmo a sua “musiquinha”, quase uma frequência diversa, que a caracteriza. Às vezes, se falo português por muito tempo e devo mudar depressa pro italiano, me vêm alguns minutos de dificuldade, até entrar na outra “frequência”.
As crianças parecem ter menos dificuldade pra “sintonizar” as línguas que eu. Observando os filhos bilingues das minhas amigas, vejo que eles passam de uma língua a outra como se mudassem de canal. Há pouco tempo cheguei a comentar com Marco que achava que os bebês daqui choravam diferente dos do Brasil…
Aí ontem me deparei com uma reportagem que dizia mais ou menos assim: o choro do recém-nascido reproduz a cadência da língua dos pais. É o que sustenta um grupo de pesquisadores coordenados por Kathleen Wermke, da Universidade de Würzburg, na Alemanha. Partindo da gravação dos “vagidos” de 60 neonatos entre 2 e 5 dias de vida, metade franceses e metade alemães, concluiu-se que a entonação do choro espelhava aquela da língua dos pais: crescente para os franceses e decrescente para os alemães.
Nos últimos três meses de gestação o feto é capaz de ouvir os sons provenientes de fora. A hipótese, explica a revista Current Biology, é que a aprendizagem da língua começa já nesta fase e que os recém-nascidos reproduzam no choro as “notas” da linguagem verbal que assimilaram nos últimos meses de vida intra-uterina.
Kathleen Wermke quer agora estudar o choro de crianças chinesas e japonesas, bem como de neonatos surdos.
_Claudia_sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Música para gente grande. Ou não.
Cabelo -
Aqui cantada pelo Arnaldo Antunes é também uma delícia na voz de Jorge Ben(jor)
Acalanto
Samba de Maria Luiza
Leãozinho
O Vira
João e Maria
Preta, preta, Pretinha
Marimbondo
O Pato
Lobo Bobo
É a Rádio Quintarola tocando no seu radinho...
Bom fim de semana,
_Cibele_
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Pequenos (grandes) leitores na Dinamarca
A Dinamarca é um país muuuuito frio, com regime de monarquia parlamentar, bem no topo da Europa. Lá, a maior parte das pessoas se declara feliz. Foram eles que inventaram o Lego. E têm o hábito curioso de enfiar bandeirinhas nas cacas de cachorro encontradas pelas ruas.
Mas no meio de todas as estatísticas dinamarquesas, uma, lida isoladamente, deixa a gente estupefata: na Dinamarca, as crianças de Escola Elementar (6 a 10 anos) lêem, em média, nada menos que 110 livros ao ano. Parece tanto! Principalmente se comparado à média de livros lidos ao ano por um adulto brasileiro: 4,7.
Mas não fica difícil de entender quando se sabe que, nesse país, as escolas não usam livros didáticos. Todas as matérias são estudadas nos livros originais, de pesquisa ou de literatura. As salas de aula são verdadeiras bibliotecas.
Imagens: Book by its cover
Ou seja, as crianças dinamarquesas também lêem principalmente o que lhes indicam as escolas, como as brasileiras (que, da média nacional de 6,9 livros lidos ao ano, só 1,3 são de escolha espontânea). A diferença (que faz subir tanto a média de leitura das dinamarquesas) é que, ao contrário das crianças brasileiras, as dinamarquesas não conhecem o “simulacro” dos livros que lêem, mas a versão original, inteira, de acordo com os conhecimentos trabalhados em sala de aula. Desde cedo, aprendem a selezionar e a processar as informações nas próprias fontes, ao invés de encontrá-las já “mastigadas” e previamente organizadas num material feito sob medida pro modelo escolar. Os livros originais são, além de autênticos, mais interessantes e completos, o que contribui para um conhecimento mais profíquo e mais profundo.
Ler é mais paixão que hábito, tá certo, por isso essas estatísticas não podem ser lidas absolutamente. Mas ter contato com tantos livros diferentes na escola deve fazer um bem danado!
_Claudia_
domingo, 8 de novembro de 2009
Ainda os brinquedos extraordinários: Cinco Marias ou “pedrinha”
Diz que a origem desse brinquedo é na Grécia Antiga quando, tentando prever o futuro, jogavam-se cinco ossinhos pra cima na presença dos deuses. Dependendo de como caíam se obtinham as respostas desejadas, num código preciso.
O jogo consiste em espalhar as pedrinhas (ou os saquinhos cheios de grãos ou de areia, ou as sementes de pêssego ou até as castanhas, basta que tenham dimensões semelhantes) no chão e ir pegando de volta enquanto uma delas é jogada pra cima, numa sequência primeiro numérica (pega-se primeiro só uma, depois duas e assim por diante), depois de movimentos determinados. Enquanto se pega uma (ou um grupo) não vale tocar nas outras. Os jogadores mais hábeis devem pegar com uma só mão, os iniciantes podem usar as duas pra recolher.
Os movimentos que seguem a etapa numérica são:
- a “velha”: jogar as cinco pecinhas no chão e pegar uma sem tocar nas demais; com a outra mão, formar um túnel por onde as restantes deverão ser passadas, uma de cada vez, enquanto a pecinha escolhida estiver lançada ao ar;
- a “aranha”: repetir o gesto acima, mas espalmar a outra mão bem aberta no chão e, enquanto a pecinha escolhida estiver lançada no ar, ir preenchendo os espaços entre os dedos, cada um com uma pecinha, com um só impulso. Depois faz-se o movimento inverso, ou seja, vai-se retirando as pecinhas de entre os dedos;
- o “bico de pato”: jogar as cinco pecinhas no chão, entrelaçar as duas mãos deixando os indicadores estendidos, um apoiado no outro. Com eles, vai-se pegando uma a uma as pecinhas e lançando entre as mãos levemente abertas, onde ficarão guardadas.
Feitos esses, podem-se inventar muitos outros ou então recomeçar a sequência.
O legal das cinco marias é que pode jogar tanto em grupo, competindo, como sozinho. Lembro que passava hooooras dedicada a elas na minha infância, deixando meu pensamento voar junto com as pecinhas.
_Claudia_
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
No meu I POST
Vou começar esse post lembrando de uma idéia de Drummond em sua obra Confissões de Minas:
O gênero Literatura Infantil tem a meu ver existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de ser alimento para a alma de uma criança ou um jovem e se dirige ao espírito do adulto? Qual o bom livro para crianças que não seja lido com interesse pelo homem feito? (...) Observados alguns cuidados de linguagem e decência, a distinção preconceituosa se desfaz. Será a criança um ser à parte? Ou será a Literatura Infantil algo de mutilado, de reduzido, de desvitalizado – Porque coisa primária, fabricada na persuasão de que a imitação da infância é a própria infância?
Fiz uma lista de músicas de diferentes músicos/bandas pra mostrar que o Drummond não deixa de ter lá a sua razão.
A primeira, da banda Ziriguibum de BH, tem um baixo irresistível, além da doce voz da querida Cristina Brasil, professora de música que enfeitiça os alunos. Duvida?
A segunda, da professora de música da UFMG, Cecília Cavaliere, é sobre a menina Tippi, filha de fotógrafos da National Geographic, que tem uma relação de cumplicidade com os bichos e a natureza. Aqui dá pra ouvir um tiquim, muito tiquim. Mais sobre a Tippi, aqui.
A terceira é a Alface, do segundo cd da Adriana (Calcanhoto) Partimpim, é letra traduzida por Augusto de Campos e musicada pelo filho Cid Campos.
A quarta é Sai Preguiça do Palavra Cantada, grupo que tocando no meu cd player do meu carro, já fez muito carona adulto pedir a benção. Do Palavra Cantada também, o cd inteiro Pé com pé e a música que possivelmente mais tocou na minha casa_ O Rato do cd Canções Curiosas.
A sexta é o Leitinho Bom do Projeto Pequeno Cidadão do Arnaldo Antunes e do Edgar Scandurra. Além dessa, todos os outros clipes são lindos! Tá láááá no fim da página, mas os outros clipes tb são lindos!
E finalmente, a oitava, a nona e décima são...8, 9 e 10!
E vale o mesmo esforço ao contrário. Uma lista de músicas produzidas para os adultos e capaz de encantar a meninada.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Vila Sésamo na Palestina
Quem está beirando os 40 anos vai se lembrar do Vila Sésamo. Senão, dou uma forcinha (eu podia ter linkado pra abertura, mas não resisti, eu A-MO o Come-Come!):
O Vila Sésamo foi a experiência brasileira do projeto americano Sesame Street, e foi transmitido pela Rede Globo entre 1972 e 1977, pleno período da Ditadura. O cenário era uma vila operária, onde adultos, crianças e bonecos brincavam juntos enquanto eram veiculadas mensagens educativas.
Essa é a “configuração” do projeto internacional do programa, que continua a todo vapor em 25 países, entre eles vários considerados “em situação difícil”: adaptar o programa a cada realidade social, transmitindo mensagens a-políticas, mas baseadas em virtudes universais como respeito mútuo, colaboração, otimismo, tolerância, etc. Ou seja, sem o politicamente, mas pensando no correto.
Cada experiência tem uma identidade precisa: uma locação característica, transmissões ao vivo com crianças locais e um time de bonecos. Em Bangladesh colocam em cena bonecos tradicionais do país, enquanto na Africa do Sul um dos protagonistas de Takalani Sesame é Kami, um boneco órfão e soro-positivo.
A experiência do projeto na Palestina é impressionante. Depois de várias tentativas em vão de fazer o programa em conjunto entre TVs israelitas e palestinas, Shra’a Sim Sim vem sendo transmitido pela Al Quds Educational Television, o canal Universitário palestino. Pra manter o contrato com a produção norte-americana, entretanto, a TV palestina deve transmitir também alguns episódios da versão israelense, e vice-versa.
As crianças são a maioria nas populações dos territórios palestinos e viraram um símbolo da luta nacional. Os programas de TV pensados especialmente pra elas são pouquíssimos. Como na Cisjordania todo mundo tem antena parabólica, as crianças acabam seguindo Spacetoon, um canal de Dubai famoso em todo o mundo árabe que transmite basicamente desenhos animados americanos e japoneses, dublados ou legendados em árabe clássico. A Palestinian Broadcasting Corporation, o canal oficial da Autoridade Palestina, transmite há anos um talk show pra crianças em que a apresentadora, enquadrada em close, lê fábulas ou observa artistas que pintam. A TV Al Aqsa, de Hamas, também transmite diversos programas pra crianças e pensa em criar um canal só pra elas. No programa Pioneiros do Amanhã, a apresentadora palestina Saraa e alguns bonecos em forma de animais dão lição de ideologia, explicando porque é errado falar inglês, porque é justo aprender de cor o Alcorão, ou porque os dinamarqueses são infiéis e devem ser eliminados. De vez em quando um boneco morre como mártir pela Palestina.
Os coordenadores do projeto de Shra’a Sim Sim contam que a grande dificuldade é com os roteiristas do programa: são exageradamente ligados à realidade, o que torna o programa tedioso e até pesado. “É impossível fazer com que brinquem” – diz uma deles em entrevista à revista New York Times Magazine.
Às vezes, a produção do programa leva os bonecos em tamanho natural às escolas. Aí sim, vêem a dimensão da “entrada” desses personagens. As sofridas crianças palestinas exalam alegria e diversão, e não vêem a hora de saber o que vai acontecer com eles naquele dia.
_Claudia_
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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http://www.readoz.com/publication/read;jsessionid=0FB35EEBCA918C934660B8B8DC40DCC7?i=1019100
_Cibele_ em feriado diretamente de Itajubá, a terra do saci
Rapidinha de feriado
http://www.cidadedofutebol.com.br/2009/11/3,10996,A+CULTURA+LUDICA++OS+JOGOS+INFANTIS+E+O+FUTEBOL+PERTINENTES+INTERACOES.aspx
_Cibele_
domingo, 1 de novembro de 2009
O moussakàs e a inter-culturalidade
Partindo das conversas sobre o Dia do Saci, me veio de matutar mais um pouco.
Se a gente defende a cultura popular brasileira – por exemplo, propondo alternativas locais à colonização – pode parecer nacionalismo barato (e azedo) ou resistência ao convívio com outras culturas mundiais. Mas não é bem assim. Trata-se de um exercício de resistência sim, mas não de negação das culturas diversas, ou da porosidade entre culturas. Resistência ao domínio, à invasão cultural banalizada, à perda da identidade nativa em nome de costumes importados.
Hoje li na revista Internazionale uma metáfora muito interessante sobre a integração entre etnias, que posso usar pra explicar como penso esse conceito.
O artigo, da jornalista grega Helene Paraskeva, recorre à metáfora do “moussakàs, prato completo de sabor único” , comparando-o “a uma sociedade em evolução, que passa de um modelo multicultural a outro inter-cultural”. Este prato de forno é feito com camadas de comidas muito diferentes, cozinhadas de modo muito diverso. É um prato multicultural porque seus ingredientes vêm de diversas partes do mundo. Mas é também inter-cultural já que seus ingredientes (que não são espremidos, comprimidos ou prensados, mas mantém sua identidade original) recebem todos o sabor do azeite, o qual põe em relação os diversos sabores e cria a harmonia pro paladar.
Pra mim é mais ou menos assim que deve funcionar a inter-culturalidade. Cada povo mantém sua identidade cultural, trabalha pra preservá-la, pra transmiti-la às novas gerações, embora reconheça o “fio de azeite” que une todas as culturas e que torna tudo mais harmonioso, mais bonito, que faz a convivência pacífica, “porosa”, entre os povos. É belo e curioso conhecer e saber reconhecer AS outras culturAS, e até trocar influências, desde que se conheça bem, se valorize e se faça respeitar A sua própria culturA. Aí estará sempre a sua referência, o seu ponto de convergência, no mundo-vasto-mundo. Porque cultura é sempre construção de sentidos.
Pra saber olhar pra fora, começa-se por olhar pra dentro._Claudia_
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Brinquedos extraordinários 2: Sua majestade, o pião
Pra mim, é o brinquedo mais completo que existe. Requer concentração, habilidade, paciência, até um pouco de obstinação. Na sua simplicidade, o pião propõe inúmeras variações de forma, material, mecanismo, bem como de jogo e de jogada. Desde a sua construção até as regras de competição, é tudo complexo e altamente poético: o giro do pião reproduz o movimento dos planetas.
Talvez por isso tenha sido usado como objeto de xamanismo e de outros rituais adivinhatórios na Antiguidade. Existem registros de piões em civilizações tão antigas a perder de vista: Grécia e Roma Antigas, Mali, Japão… Foram encontrados nas escavações de Pompéia. Virgílio, no Livro III, da Eneida, designou o pião quando disse: “Volitans sub verbere turbo.”
Existem basicamente três tipos de pião: o pião tradicional (aquele em que se enrola o cordão por toda a extensão e depois, num movimento abrupto de puxar a "fieira", é colocado a girar), a piorra, cujo impulso pra girar é simplesmente mecânico, sem o cordão, e a carrapeta, que tem uma hastezinha de madeira colocada paralelamente ao eixo, na qual se infia o cordão que será puxado. Esta última é muito brincada nas civilizações indígenas da Amazônia, sendo construída geralmente com cabaça. Mas essas três denominações podem ser usadas como sinônimos também, ao gosto do freguês.
Pra brincar com o pião existem vários jogos: a cela, a caça, a bata. Pra saber mais, clique aqui. Tem até o “chão de pião”, que é um círculo de borracha colocado no pavimento onde acontece a “luta”.
Com o tempo e muito exercício, a gente vai aprendendo alguns movimentos e estratégias que tornam o jogo cada vez mais interessante. Maaas… É como eu dizia pra Cibbele outro dia: esses brinquedos são custosos, não é só chegar e já ir jogando não!
_Claudia_
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Não vale pisar no branco
Pegando carona no CLIPS da Cibbele – que aliás me passou foi um susto! hehehe– me lembrei de outras manias da meninada.
Todo mundo já viu menino pulando na calçada pra “só pisar no preto”. Ou então desviando de escada aberta. Ou batendo na madeira quando alguém diz alguma coisa que ele(a) não quer que aconteça de jeito nenhum… Ou andando três passos pra frente e um pra trás. Tem tantas outras! Quem lembra de mais alguma?
_Claudia_
Clips, sócia!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
31 de Outubro _ Dia do Saci
domingo, 25 de outubro de 2009
Da série brinquedos extraordinários: o bilboquet
Começo aqui uma série sobre alguns brinquedos tradicionais que, sendo muito muito antigos, chegaram até os nossos dias, mesmo com algumas modificações. São brinquedos que, por sua pertinência dentro do universo lúdico, são mantidos como referência, como desafio e como diversão garantida através dos tempos.
Existiu um tempo em que o “nobre brinquedo do bilboquet”, como o definia Horace Walpole, era o passa-tempo preferido dos reis e dos cortesãos. Na França do século XVI, Henrique III brincava de bilboquet caminhando pelas salas dos seus palácios e pelas ruas de Paris. O termo é de origem francesa e deriva de bille, boule en bois e de bocquet (ponta de lança). O bilboquet tradicional é constituído de um bastão plano numa extremidade e ponteagudo na outra. Na metade do bastão é fixado um cordão que segura uma bola munida de um furo ou de um anel. O jogo consiste em manter o bastão com uma mão, imprimindo um movimento rotatório de modo que a bola ou o anel se elevem e caiam sobre a extremidade pontuda. Alguns bilboquets antigos são verdadeiras peças de museu, com desenhos e incisões que os tornam preciosos, esculpidos em marfim ou com formas particulares.
_Claudia_