Há algum tempo atrás, falamos de amamentação aqui. Procurei nos arquivos do blog, mas o post ou os comentários estão escondidos no meio da papelada do quintal =( É que ontem passou na minha frente uma matéria interessantíssima da The New Yorker.
Nela, a jornalista Jill Lepore analisa um fenômeno cada vez mais comum na sociedade norte-americana: as bombas de extração de leite materno. As mulheres modernas, trabalhadoras polivalentes, têm cada vez menos tempo pra amamentar e assim essas bombas seriam úteis pra tirar o próprio leite, armazená-lo e oferecê-lo depois ao filho, na mamadeira. Viraram uma mania nos Isteites, quase tão comuns quanto o celular… com direito a modelito fashion e tudo.
O conceito muda: não se trata mais de amamentação, mas de “alimentação com leite materno”.
A National Organization of Women inclusive defende essa idéia e luta para que as empresas adotem “salas de extração de leite” para suas funcionárias. Instigadas por novas leis, algumas empresas começam a se adaptar nesse sentido, colocando além das bombas, geladeiras pra conservação, cadeiras adequadas e até porta-retratos com as fotos dos bebês (pra estimular a produção de leite). Permanência máxima: 10 minutos. (Não é surreal?)
Em todo o país já têm sido motivo pra muita discussão. Enquanto isso, as fábricas dessas bombas crescem e criam novos modelos ultra-tecnológicos, com tempos e velocidades que simulam a sucção natural. O mesmo fazem as fábricas de mamadeiras (essas inclusive, têm uma historinha interessante: nasceram em meados do século 19 muito semelhantes ao seio e eram usadas junto ao corpo da mãe que, por algum motivo de saúde, não conseguia amamentar).
Enfim, segundo as condições atuais, uma mulher americana que deve voltar ao trabalho depois da licença maternidade, conhecedora dos benefícios do leite materno, teria três “opções”: o direito de ter o horário de trabalho reduzido no período da amamentação, contar com creches no local de trabalho, ou usar as tais bombas. Ao que parece, esta última é a opção mais fácil.
Pra quem?
_ Claudia_
4 comentários:
Lindo post Claudia! Me sinto uma mulher de sorte por ter amamentado os meus filhos com o tempo natural e com o contato fisico que alias é a melhor parte da amamentação ... pra mim, o aleitamento materno é o "boas vindas" pra um serzinho que tem que construir a sua identidade no planeta terra e também para nos mães que entramos em uma nova fase da vida. O enorme e cansativo envolvimento com os bebes pra mim foi uma grande ensinamento.
Interessante que produzir leite é uma certa vingança do corpo feminino, não é? Eu não sei como colocar em termos psicanalíticos, ajudaí, Clau, mas interessante notar uma certa exigência de produção sobre a mulher, que, a exemplo do homem, pode travar sob pressão.
A minha experiência com a amamentação foi tão bonita quanto difícil. Lembro de me sentir meio objeto de lactação frente a algumas enfermeiras da maternidade.
O que deveria ser poder feminino, fica subvertido pela cultura patriarcal.
Ha ha ha essas coisas "em termos psicanalíticos" não ajudam muito não, Cibele! Melhor falar assim mesmo do teu jeito.
O que a psicanálise teria a contribuir nessa conversa seria a questão d'a amamentação ter um conteúdo erótico. Mas mesmo isso, que deveria ser visto positivamente, foi usado por muitas mulheres e homens pra evitar a amamentação no seio durante um longo período histórico tsc tsc tsc
Paula, obrigada, você fofa como sempre! =)
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