quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Duas ou três ideias em estado germinal



1) O post da Clau sobre as baratinhas me trouxe uma velha questão. Será que esses temas que se espalham pelo globo e sobrevivem ao tempo são arquétipos? Será que são sobrevivências culturais destituídas de função? Será que as funções e estruturas mudam possibilitando uma adaptação desses temas, uma atualização? Será que esses temas ou essas estruturas trazem algo de comum, estrutural ou humano, que ultrapassa o cultural? Ainda não sei...


2) Início do ano, algumas semanas, talvez meses, gastos com diagnóticos de alunos. Pais inquietos querendo ver resultado. Três cenários possíveis: a) solução tradicional: A suposição de um nivelamento que levaria a eliminar as avaliações diagnóticas b) assumir o tempo gasto c) que o professor continue com a turma por mais que um ano. Solução da educação cubana e das "escolas de uma turma só" na França.

Sobre as "escolas de uma turma só", recomendo o documentário francês Ser e Ter (2002), mostrando um professor único lidando com uma turma também única de 12 crianças entre 4 a 10 anos.

3) No mesmo documentário, uma infância e uma forma de ver a educação infantil totalmente diferentes da forma brasileira. Nesse ponto, prefiro o Brasil.


Juro que tentei trazer ideias prontas, mas ultimamente, elas teimam em me dizer que é cedo ainda.





_Cibele_sem conclusões

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Barangandão Arco-íris online!

Encontrei essa preciosidade aqui! A Editora Peirópolis, de São Paulo, generosamente disponibilizou (para os exilados como eu que vivem falando desse livro mas têm dificuldade de indicar onde adquiri-lo) o livro do Adelsin online, na íntegra!

Agora quem se interessa pela Cultura da Criança e pelos maravilhosos brinquedos inventados por elas pode se deliciar com esse verdadeiro “manual” de meninice.

O brinquedo que dá título ao livro é o meu preferido entre todos que existem. Na Itália é conhecido como “Uccello di fuoco” (Pássaro de fogo). Nunca ninguém inventou nada melhor nem mais simples pra brincar.

Barangandão

_Claudia_

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A prima rica (e bem comportada!) da Dona Baratinha

Esse fim de semana fui contar histórias da tradição popular brasileira numa biblioteca aqui da província de Milão.

Eles estão hospedando uma parte de uma mostra anual de ilustrações, muito importante por sinal, a mostra de Sàrmede, cuja sessão principal está no Castello Arengario de Monza. Este ano, o país escolhido é o Brasil. Diversos ilustradores do mundo todo ilustraram contos brasileiros (todos indígenas, diga-se de passagem, porque cultura brasileira pra infância aqui na Europa é sinônimo de cultura indígena. Mas isso é uma longa história).

Mas enfim… acabei conhecendo, através da bibliotecária, a versão européia da História da Dona Baratinha. Em espanhol se chama “La ratita presumida” (A Ratinha prepotente), em italiano “La topolina civettuola”.

topolina

A base é praticamente a mesma: a Ratinha encontra uma moeda e vai pra janela procurar um marido. Passam os animais (boi, asno, cabrito) e ela, depois de lhes propor casamento, vai pedindo pra escutar seu ruído (o texto estimula o leitor a reproduzir cada “voz”). Todos a assustam até que aparece o Ratinho, ela o escolhe, se casam e são felizes para sempre.

Na apresentação da Editora Kalandraka vem escrito que “trata-se de uma grande novidade no gênero álbum ilustrado, pois o texto lembra uma representação teatral e propõe muitas ações a quem a conta”. Coisa rara por aqui.

As diferenças entre as versões brasileira e européia começam pelo casal de protagonistas: na versão européia um Ratinho só pode se casar... com uma Ratinha! Baratinha com Ratinho é absurdo. O lógico ululante, sem nenhuma surpresa ou subversão. Outra coisa é a própria estrutura do conto. Muito linear, enxuta demais, sem nenhuma emoção. O final é previsível e enjoado: os dois se casam e ponto. Outra coisa que notei foi que na versão européia vem inserida só uma musiquinha mínima, e ainda daquelas de tra-la-lá, bobinha-bobinha. Além dela, indicações de tocar um sininho. Nada a ver com as canções complexas do nosso Braguinha.

Dona Baratinha

O final da Dona Baratinha original é bem dramático: João Ratão cai na panela de feijão e morre. Braguinha tentou contemporizar(ele não morre, mas fica feio e estrupiado, e assim a Baratinha desiste de se casar com ele). Uma educadora no público me disse uma coisa sensata: seria menos “violento” se ele tivesse morrido! Ser rejeitado por ter ficado feio é muito mais dramático!

Mas com certeza contar ou ouvir a Dona Baratinha é muito mais interessante que essa história de ratos bem-comportados (mesmo se, como sempre, seja ilustrada com todo primor). Essas e outras me fazem perceber como a alma do povo brasileiro me agrada. A gente pega os conteúdos dos colonizadores e dá uma veste toda subversiva. E decididamente mais criativa!

_Claudia_

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Presente...


...da Mary para os balzaquianos. A coleção completa de livros/discos da Tabba para ouvir ou baixar. Cheguei a ficar emocionada, porque me lembro de montar um barco com lençol e vassoura, tal como sugeria o livro/disco.

E de como eu e o Marinho Marinheiro voávamos com as gaivotas na cabeça, no lugar de chapéu. O que antes era imaginação, hoje é lembrança.

A semana começa boa,

_Cibele_

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Brasileirinhos no mundo

Trabalhando no IBRIT, Instituto Cultural Brasil Itália, estou tendo a oportunidade de encontrar muitas crianças brasileiras ou filhas de brasileiros que vivem e crescem por aqui, com pouco contato com o Brasil.

bras no mundo

Oficialmente, as que são filhas só de um pai ou mãe brasileiro(a) com o(a) outro(a) italiano(a) são consideradas italianas, podendo ter a dupla cidadania se forem registradas também no Consulado Brasileiro; as que foram adotadas por casais italianos obtém a dupla cidadania automaticamente ; já aquelas filhas de ambos os pais brasileiros, mesmo tendo nascido aqui, são consideradas brasileiras (na Itália a cidadania é por hereditariedade, não por territorialidade, isto é, mesmo tendo nascido aqui, se nem o pai nem a mãe são italianos a pessoa mantém a cidadania de origem).

São variáveis legais, na prática muda pouco. É claro que, vivendo aqui, todas elas absorvem muito mais a cultura local, mesmo que a família se preocupe em transmitir-lhes paralelamente a cultura brasileira.

Nessa transmissão tem o filtro do adulto ou das experiências fugazes de férias: não é atual, não é genuína, não é vívida, não é contínua. A verdadeira cultura de pares que vai sendo incorporada, reproduzida e reinterpretada (Corsaro) óbvio, é a italiana. A brasileira fica de lado, quase esquecida, ou então aparece deformada em exageros de identificação (por exemplo, é muito comum os pais brasileiros se pautarem na cultura indígena pra falar de Brasil pros filhos, mesmo que tenham vindo de São Paulo).

Daí que se torna importante, da parte dos organismos culturais brasileiros no exterior (em que o IBRIT se inclui) intervir no sentido de reforçar nessas crianças os laços com suas raízes culturais. Temos pensado que o mais importante é formar grupos de brasileirinhos, pra que as crianças possam viver uma cultura brasileira autêntica junto com outras na mesma situação. A partir dessa linha mestra, planejamos sessões de cinema, oficinas, encontros de mães, mostras, conta-contos além de uma biblioteca infantojuvenil de livre consultação.

Agora estamos pensando também em levar essas atividades às escolas onde estudam crianças que têm alguma relação com o Brasil. O objetivo é atingir o público italiano compartilhando a cultura brasileira como é de verdade, sem os inúmeros estereótipos e lugares-comuns que se vêem por aqui. A gente acredita que isso também possa ajudar e muito! os pequenos cidadãos (brasileiros e italianos) a encontrar afinidades culturais.

Para uma consciência planetária (Morin) é muito importante não olhar as outras culturas apenas pela lente do exótico, do diferente, do diverso, vale tentar descobrir semelhanças. É óbvio que as culturas são múltiplas e variadas e que isso deve ser considerado, mas foi de um sentimento exagerado de alteridade que nasceram as perigosas idéias fascistas que serviram de base para as maiores atrocidades do século XX.

A partir das semelhanças é que os brasileirinhos no mundo poderão construir uma identidade mais efetiva de si mesmos e das duas (ou mais) nações que os acolhem.

_Claudia_

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Samba de comadre… sem idade!

Claro que menino também gosta de samba! E esse é o fino pra meninada.

Um grupo de mulheres apaixonadas pelo samba, que transmitem essa paixão por todos os poros. Bem temperadinho o som que nasce daí.

E botem a meninada pra sambar no Carnaval!

O Myspace das moças aqui.

Procurem vídeos do grupo no iutubi. O CD “Jeito diferente” acabou de ser lançado é tá super super lindo. À venda nas melhores lojas do Brasil (eu recebi o meu pelo correio! hehe).

_Claudia_ finalmente conseguindo postar aqui no Quintal!

 
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