sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Palavras

Nuns encontros de leitura que tenho feito, estou utilizando uma técnica que aprendi na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte. Primeiro, leio o texto sem mostrar as ilustrações, combinando com as crianças que podem imaginar as cenas, os personagens, os acontecimentos.

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Nessa hora, a força é toda jogada na voz. Tento não dramatizar, não sugerir demais, não chamar a atenção pra mim, pra deixar à imaginação de cada um o melhor da festa.A voz escorre baixo e devagar, com as pausas e as tensões justas ao que estou dizendo. Se consigo fazer bem essa tarefa, a leitura fica parecida com uma canção de ninar: enleva.

Depois de ler, a gente conversa e eles me contam como imaginaram, como “enxergaram” a história. E só depois mostro as ilustrações, isto é, como o ilustrador a enxergou. É um momento muito gostoso esse, de confrontar como pessoas diferentes imaginam diferente, de avaliar estereótipos, de levantar outras possibilidades. Além disso, estimula a vontade de levar o livro pra casa e fuçar nas ilustrações (o que é bem bacana, porque as imagens escondem mensagens secretas que só uma leitura mais acurada revela).

Pensei que as crianças iam se opor a essa ideia. Estão tão acostumadas a ouvir histórias coladas às imagens (tem muita gente boa que diz que criança lê imagens, não palavras). À velocidade do vídeo. Às cenas teatrais, aos recursos cênicos mais variados acompanhando as palavras. Eu sempre observo que as crianças modernas têm certa dificuldade pra escutar, a gente tem de repetir a mesma coisa várias vezes pra elas…

Mas não! Elas não só topam na hora como adoram a experiência. Algumas fechavam os olhos, outras até os apertavam pra imaginar melhor. E todas se deixaram levar pelo texto. Escutaram de verdade, super ligadas, sem nenhuma interrupção, colhendo cada palavra que eu ia dizendo como se fosse um fruto raro.

Uma professora me contou que, no dia seguinte, foi ler um livro em classe e uma menina perguntou:

_ Mas nós vamos poder imaginar?

Concluí: num mundo tão “multitasking” quanto o nosso, poder ser “mono” é uma preciosidade.

_Claudia_

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Clau!!!

 

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Com um dia de atraso, mas com um carinho super inflado!

Muitos beijos com saudade,

_Cibele_

Educando no lado B

As escolas mais democráticas  são comumente chamadas “escolas alternativas”. O nome, como a gente já falou aqui, não é muito bom, mas demonstra que elas se posicionam como uma opção diferente das escolas tradicionais.

No discurso dessas escolas, com as quais simpatizo muito, aliás, não raro aparece um “fazer diferente” e uma crítica ao “convencional” e ao “tradicional”.

No entanto, o diferente não é uma qualidade em si. Exceto na arte (e mesmo nela, a pop art apareceu pra mostrar que, às vezes, o mais inventivo é a própria reprodução). 

O problema é que, às vezes, fazer diferente e buscar uma alternativa são atitudes que se apresentam virtuosas por si só. E aí, corremos o risco de cair numa educação para a exceção. A psicanálise gastou boas linhas sobre esse lugar, o lugar de exceção.

Nesse lugar, muitas vezes, a identidade ou a subjetividade estão tão ameaçadas quanto no padrão. A exigência de um currículo “diferente” se torna tão estreita quanto o currículo padrão. E pior, ele esconde suas marcas quando se diz democrático.

Nada disso abala a minha crença numa educação democrática, lugar em que me formei e onde educo os meus filhos, no entanto, quando vejo o adjetivo “excêntrico” sendo utilizado de forma positiva, uma pulga teima atrás da minha orelha.

E da sua?

_Cibele_

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Uma boa coleção de Barbie:

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Não é, Clau?

_Cibele_ abrindo os trabalhos semanais de forma otimista

sábado, 22 de outubro de 2011

O que a gente pensa dos outros, o que os outros pensam da gente: interpretações

Esses dias eu tenho pensado muito nisso. Em como o mundo atual tem se tornado mais e mais baseado em interpretações, e não em conhecimento. Porque conhecimento, do meu ponto de vista, tem a ver com “comer o sal junto”, com aceitar as imperfeições, os erros, os enganos, as distrações, o “lado B” que todo mundo tem. Que nem sempre é tão comercial como o layout que virou moda sustentar (no social network isso chega a ser impressionante, existe super-exposição sim, mas só do layout, nunca se escondeu tanto o ser real).

Já pra interpretar não. Dá muito menos trabalho. É muito mais fácil interpretar mal uma ação de uma pessoa e a partir daí considerá-la alguém “do mal” ou “desprezível” que tentar compreender suas razões em um ou mais momentos da vida, o que seria uma ótima oportunidade para conhecê-la melhor. A mesma coisa vale para as “boas” ações. Tem gente que vira ídolo da noite pro dia por causa de uma frase “bem” interpretada…

Tenho visto por aí (e por aqui) que esse comportamento de interpretar simplesmente (e interpretar significa necessariamente olhar o outro com meus próprios olhos) tem sido muito comum. E fico assustada. Sinceramente. Me assusta saber como algumas pessoas me interpretam. Pro bem ou pro mal. É igual, porque não sou eu. Eu não sou um dia, eu não sou uma frase, eu não sou uma roupa, eu não sou um trabalho…

Daí páro e penso: mas como ela(e) está dizendo tudo isso de mim se mal me conhece? Porque não só pensa, como também diz. Pra muita gente. Batem o carimbo mesmo, com força. Como eu disse, pro bem (o elogio) ou pro mal (a difamação). Quem elogia ou difama perdeu tempo em conhecer? (…)

As crianças são as principais vítimas dessa deformação comportamental moderna. Porque as crianças são interpretadas o tempo todo. Na Escola, em casa, nas ruas. Facílimo, afinal elas não têm ainda argumentos pra se defender. Sobram diagnósticos e análises sobre as crianças. Sombram prontuários, portfolios, avaliações.  Sobra “ela é…” isto ou aquilo. (Ainda  mais essas pessoas em formação!) Mas quem somos nós?

Quem quer conhecer as crianças?

_Claudia_

Barbie tatuada (essa boneca sempre é notícia)

Há algum tempo atrás, falei sobre isso aqui. Eu e a Cibele  tínhamos achado os dois até bem legais hihihi mas parece que era uma coisa artesanal, ou seja, os donos da loja tinham aplicado as tatuagens nos bonecos.

Agora foi lançada, pela fábrica mesmo (Mattel), a Barbie rocker, em quantidade limitada para colecionadores. E está causando o maior furor no mundo da Infância. Um monte de pais, psicólogos, educadores etc do mundo inteiro  foram pra primeira fila reclamar da Barbie Tokidoki.

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“Sexy demais”

“Inapropriada”

“Debochada”

“Instiga comportamentos agressivos nas meninas”

“Mau exemplo”.

Será mesmo? (…)

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Eu achei bem bonitinha. E até muito bem comportada. Embora estilosa. Ahh, ela foi desenhada por um estilista italiano  =) Quê cê acha, Ci? E vocês, leitores do Quintal? Vocês comprariam pras suas filhas ou não?

_Claudia_

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Coleção de livros do Itaú

Lembram que, no ano passado, a Clau postou a promoção de distribuição de livros infantis gratuitos pelo Banco Itaú? Pois é, esse ano a campanha está de volta. Para pedir os seus, siga os passos do link. Para 2011, estão disponíveis três títulos de peso!


Eu já pedi os meus!


Bom final de semana,


Cibele

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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9o Festival Internacional de Cinema Infantil

A programação completa aqui.

_Cibele_

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Entre uma colher de soro e outra…

 

Com criança doente em casa, deixo vocês com um artigo bem panorâmico e explicativo, de autoria de Fabiana Oliveira, doutoranda em Educação pela UFSCar da Revista Sociologia.

Quando o meu pequeno estiver recuperado, volto a quintarolar com mais fôlego, certo?

_Cibele_

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Indignados

Hoje, no centro de Milão,  mais uma manifestação dos “Indignati” – os “Indignados” italianos. Com o slogan SAVE SCHOOL NOT BANKS. Um monte de jovens protestando e fazendo valer seu direito a boas Escolas Públicas. Coisa que o atual Governo italiano está tentando destruir (nós já vimos esse filme no Brasil).

(Ontem, em entrevista, o prefeito de Nápoles disse uma coisa certíssima: Educação e Saúde não “pertencem” ao Estado nem podem pertencer a entes privados, pois são um BEM COMUM. Cabe ao Estado apenas administrá-los. Todo cidadão tem direito de exigir que o Estado cumpra bem esta tarefa. Caso contrário, o Estado não é legitimado pela população, mesmo tendo sido eleito democraticamente).

_Claudia_ Indignada também

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Da série Museus ao redor do Mundo. O “Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia Leonardo da Vinci”, em Milão

Tenho um carinho especial por esse museu por vários motivos:

1. Foi o primeiro espaço cultural que visitei na cidade – a primeira vez que vim aqui, nem era pra morar ainda, ficamos eu e Davi hospedados na rua do Museu. Fomos visitá-lo no mesmo dia em que chegamos. Verdes, verdes. E saímos encantados os dois.

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2. Lá trabalha um caro amigo, mineiro de Formiga (igual meu pai), o Eduardo Nascimento. Gente finíssima, sempre disponível pra mostrar as novidades.

3. O Museu é todo interativo. A gente já chega e já vai entrando no jogo na sala dos hologramas, logo depois cai no corredor da robótica e pode inclusive movimentar os robôs. Daí pra frente é só diversão.

4. Um barato ver os desenhos do Leonardo transformados em protótipos de madeira, em tamanho real. Dá pra ver mais ainda como o cara era genial.

5. A sessão de meios de transporte é excepcional. Navios, trens e aviões de verdade, e até o incrível submarino Enrico Toti, que foi trazido da Sicília até Milão numa viagem epopéica cortando o país. A gente pode entrar dentro dele e conhecer como era a vida dos pobres marinheiros confinados no fundo do mar.

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6. Outra sessão incrível é a das tele-comunicações. Dá até pra brincar de Código Morse.  Confesso que me senti meio velha, porque um monte de aparelhos que estão expostos lá… eu tive em casa!

7. Mas tem muito mais nesse museu, pra grandes e pequenos sem distinção. Siderurgia, instrumentos musicais, reciclagem, imprensa, nutrição… puxa vida, dava pra ficar ali o dia inteiro sem cansar. Aprendendo um monte de coisas de um jeito super bacana.

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8. O Museu, é claro, oferece um sem-fim de atividades pras escolas durante a semana e pras famílias no fim de semana. A meninada aproveita de verdade.

Aqui tem o site pra vocês verem mais imagens e fazerem um passeio virtual. Vindo a Milão, não deixem de visitar esta preciosidade.

_Claudia_

domingo, 9 de outubro de 2011

Medida nem tão lúdica

E eu que tinha falado aqui da minha ideia de fazer uma Medida Lúdica para “analisar” as cacas de cachorro pelas ruas do meu bairro, enfiando palhacinhos de papel nelas!

Um maluco de Praga (República Tcheca) resolveu se vestir de super-herói e sair pelas ruas combatendo os donos de cães que não recolhem as obras de seu animal. De um jeito meio punk, mas… vai lá, MUITO engraçado! =D

Vejam o vídeo.

(Ele também faz outras intervenções esquisitas  contra os mal-educados urbanos de plantão, como gente que joga bituca de cigarro nas ruas, pixadores, gente que fala alto no celular, etc).

_Claudia_

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dica 2

Olha essa! A loja Botões (fofa, diga-se de passagem) promove a confecção de um mural com as crianças, coordenado por Lívia Arnaut, uma educadora muito querida e competente. É amanhã, dia 8/10 a partir de 12hs na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi.

 

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_Cibele_

Dicas para a Semana da Criança

Semana da criança vindo aí e um monte de coisas bacanas começam a acontecer. Esse ano, não vou repetir a pirraça (rs) do ano passado e posto algumas dicas legais…

Amanhã, o Ziriguibum faz dois shows, olha que luxo!

1) Praça Ativa Passeio Turístico Fundação Torino

Local: Praça Ney Werneck - Belvedere

Cidade: Belo Horizonte/MG

Data: 08/10/2011, 11h

 

2) 25° Fantástico Mundo da Criança

Local: Parque das Mangabeiras

Cidade: Belo Horizonte/MG

Data: 09/10/2011, 14h

 

_Cibele_

Museus of Childhood–Londres


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De Nova Iorque, vamos parar na Inglaterra. Em Londres, mais especificamente. No V&A Museus of Childhood, o MOC. Desde o século XIX, havia o projeto de se construir um museu para guardar a herança cultural da Grã Bretanha. No entanto, apenas em 1922, foi iniciado um movimento que o tornaria um museu especilizado na infâcia. Em 1974, depois de várias idas e vindas nesse projeto, o museu reabriu definitivamente como um museu dessa natureza.


Hoje, as exposições permanentes do Museu se dividem em três galerias: Moving Toys, Creativity e Childhood, retratando a infância desde ano de 1600 até os dias atuais. Há ainda diversas exposições itinerantes.


O site não é muito atrativo e quase não permite visitas virtuais, mas detaco aqui algumas alas imperdíveis (que podem depois ser enriquecidas com pesquisas do Google):


1) A exposição de fotos de Julia Margaret Cameron (1815-1879) sobre a infância: Uma das fotógrafas mais conhecidas na história da fotografia, ela começou a fotografar apenas aos 48 anos e me faz pensar sobre como cada geração pensa a infância. Como a infância pensa a própria infância, como os jovens pensam a infância, como os adultos pensam a infância e como os mais velhos pensam a infância. Mas essa é uma inquietação muito particular. Da Julia Margaret Cameron, crianças inocentes sob uma luz e uma dramaticidade que inspiraram vários fotógrafos depois dela.


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2) A segunda ala é a dos educadores que apoiaram o brincar: De Platão a Piaget, passando por Erasmo, Locke, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Dewey e Steiner. Na verdade, o último educador mencionado é um grupo: pais e professores de Reggio Emilia. Bacana, né?


3) Aqui, temos uma exposição de 2009, a Perfis III. São fotos de crianças de um ano de idade em tamanho natural, da fotógrafa nascida em Munique, Bettina von Zwehl. Ela contou, em uma entrevista, que o perfil quase nunca é utilizado na fotografia de bebês e que queria dar a essa fase da vida pré-verbal uma impostância que raramente é reconhecida. No site dela, outra mostra de fotos de criança: a Anatomy of Control 2000.


4) Ali, a essência dos pesadelos, uma instalação feita por estagiários de artistas em que tudo pode acontecer. A descrição dá vontade de entrar:


For The Stuff of Nightmares, the Museum’s Front Room Gallery will be transformed into a sinister forest where anything might happen, the dark setting for a re-telling of The Brothers Grimm’s Fundevogel, a tale of abduction, fear, evil old women, revenge and ultimately, friendship.”


Enfim, pra quem tem a sorte de estar em Londres, um passeio, para quem está por aqui mesmo, no mínimo, uma boa fuxicada no site.


Bom fim de semana,


_Cibele_

 
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