terça-feira, 31 de agosto de 2010

Diário da Amazônia – parte 2

Mais alguns trechinhos da Regina pra vocês.

“3. PESSOAS

Muita criança, muitas lindas crianças, cara de índio, cara de africano, misturas estranhas. Os meninos não crescem bonitos, as meninas sim, só que aos 25 anos já tem no mínimo 5 filhos, tô me perdendo nas árvores genealógicas locais, todo mundo é sobrinho de todo mundo, muitas famílias beeem alargadas, mó confusã. Todos aparentam ser limpíssimos mas as poucas casas que conheci são desarrumadas, toscas, sujas até. Tudo com televisão. O escritório tem energia solar das 7 da manhã às 6 da tarde. O resto da comunidade tem energia de gerador das 3 da tarde às 11 da noite. Quando se liga a luz à tarde logo tem um aparelho de som, além do próprio barulho do gerador. Paciência, aproveito o som da natureza nas horas restantes.

4. SONS

Aqui não existe silêncio, é muito bicho fazendo barulho! Galos, galinhas, patos, urubus, cachorros, gatos, sapos, morcegos e dezenas de passarinhos são a trilha sonora dentro da comunidade. Outro dia tinha um ruído altíssimo, achei que era um problema no gerador, me explicaram que era uma cigarra. Parecia uma guitarra elétrica distorcida, impressionante. Nos passeios de canoa a trilha muda pra pássaros e peixes, principalmente botos e tucunarés que aparecem na superfície, bufam e fazem splash. Na floresta os pássaros são centenas, às vezes a floresta é mais barulhenta que Hong Kong na hora do rush.

5. PACA, TATU, COTIA SIM!

Aqui tem os três bichos mas até agora eu só consegui ver cotias, pois os outros são animais noturnos.

Geralmente vou desligar o interruptor da internet, ele fica no escritório, no cantinho preferido de um condomínio de morcegos, o chão cheio do cocô preto deles, arghhhh! Onde quer que eu entre, seja no meu quarto que no banheiro, olho tudo em volta e acho sempre alguma aranha, grilo, louva a deus, besouros, mariposas, marimbondos e uma infinidade de outros insetos a mim desconhecidos. Por ficar no meio da área da comunidade, a maloca recebe menos visitas zoológicas que a casa da Laura, que fica no final da aldeia: de fato ela e Maddalena chegam semrpre com histórias de lagartos, lagartixas, ratos até cobras. Ui!

E assim passam os dias por aqui… dêem uma olhada nas fotos, muitas são de um passeio na floresta, onde vi tanta variedade de folhas, de todos os tamanhos, formas e cores. Vi também macaco prego e macaco aranha, pica-pau, minúsculos ninhos de beija-flor, formigueiros e cupinzeiros gigantescos, cocô de onça cheio de pelos, castanhas e pitombas, que não fotografei!”

Regina Marques

_ Claudia_

domingo, 29 de agosto de 2010

Linha de papagaio

A Editora Peirópolis está desenvolvendo uma linha chamada “Cultura da Infância” que está bem legal. Nem precisa falar muito se quem abre a lista é nada menos que o nosso querido “Barangandão Arco-íris”, do Adelsin.

E tem mais livros dele por lá!

Confiram aqui.

_Claudia_

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diário da Amazônia – parte 1

A Regina, aquela minha amiga que foi viver numa comunidade na Floresta Amazônica, tem escrito umas coisas tãaao lindas sobre essa experiência que resolvi ir colando uns trechos aqui pra compartilhar com vocês. Especialmente pra você, Fefê =)

1. A VIAGEM ATÉ XIXUAÚ

“Manaus, calor indescritível. O Certeza consegue zarpar às 6 da tarde. Já está escuro, o programa é caipirinha, jantar, armar rede, ler e dormir.

A viagem: árvores, árvores, árvores, de vez em quando pássaros, tucanos, botos cinza-rosados. Céus incríveis.

Às vezes se navega no meio do rio, às vezes rentinho à mata, dependendo de onde a corrente é melhor. A água é da cor da coca cola. Ilhas, ilhotas, estamos no segundo maior arquipélago fluvial do mundo, e o primeiro fica também dentro da Amazonia. Estou aprendendo montes de coisas com Kleber, Marina, Jô, Robert, Barry e Manu, companheiros desta viagem, cada qual com um motivo para estar aqui e agora, cada qual com mil histórias a contar. Fala-se inglês, italiano, português, caboclês.

2. A COMUNIDADE

A comunidade é pobrinha mesmo, montada em palafitas de madeira. É a estação das águas altas mas as casas estão sempre na parte seca. Centenas de borboletas amarelas passeiam pela aldeia, uma visão de verdadeiro paraíso. Nós visitantes nos alojamos numa maloca, construção circular cujos cômodos são gomos do círculo. Tenho um quarto só pra mim, imenso, com duas camas. Nada de mosquiteiros, nada de mosquitos, me dizem, apesar de uma invasão de borrachudos que durou três dias na semana passada, e que pode se repetir. Na verdade estou toda picada mas não sinto nada, só vejo as marcas. Durmo bem, não faz calor.

Refeições: tudo muito bom, arroz, feijão, verduras, sempre com peixe, pacu, piranha e surubim, todos com muitas espinhas...

Desde ontem fiz dois passeios de canoa pelo igapó, a floresta parcialmente submersa.

Não há como descrever as sensações e emoções dessa imersão na natureza daqui. Todos os sentidos estão estimulados, presentes. Os jogos da luz do sol criando obras de arte com as cores da floresta, os espelhos d’água criando esculturas mutáveis com a passagem da canoa. Os perfumes.

Os silêncios, o ruído delicado de quando a canoa roça uma folha ou uma árvore, o remo que quase não é usado. Guri, nosso guia, chama os animais, nos aponta bichos que jamais veríamos sem a sua ajuda. Reconhece, pelo grasnado, se a arara que passa lá em cima é vermelha ou amarela. O momento mais emocionante é o das ariranhas, bichos esquivos que Guri chama com um canto que parece o de um carneiro chorão. Conseguimos ver de perto uma família de três, ágeis na água e desajeitadas na beira. Vimos martim pescador, tucanos briguentos, gaviões, japins, galegas, e outros pássaros que não vou me lembrar o nome, vários tipos de aranhas, e, bem na comunidade, um jacaré esfomeado, assustador.

Depois de amanhã acaba a sopa, começo a trabalhar”.

(Regina Marques)

Vejam fotos nesse link aqui… e acompanhem em outros posts o que mais ela tem contado.

_Claudia_

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Post saidinho do freezer

Finalmente de volta a casa e ao teclado brasileiro (a Cibele não precisa mais acentuar meus posts, valeu, Ci!). Escrevo com a cabeça ainda meio zonza depois de uma viagem pra lá de cansativa (desta vez com o detalhe de duas horas seguidas de turbulência muito forte bem na zona de Recife e Fernando de Noronha onde caiu o avião da Air France ai ai ai, até superar o Equador, que sensação horrorosa!). Mas enfim, esse post ‘tava guardado há tantos dias, não via a hora de botá-lo pra fora.

Notícias da Bienal do Livro de São Paulo: meus livros foram lançados no Brasil de um jeito muito carinhoso e muito competente, com os bonecos dos personagens feitos sob medida pelo grande amigo Cauê Salles (bonecos esses que viajaram comigo aqui pra Milão) e animados com maestria pela Ana. O estande da Callis, sem falsa modéstia, era o mais lindo da Feira e ainda por cima todo sustentável, assinado pela arquiteta Vera Suplicy. Conversei com um monte de crianças e suas famílias, fiz dedicatórias, conheci muita gente boa, escritores, ilustradores, editores… reencontrei outros caros. Enfim, saldo pra lá de positivo. Voltei pra casa muito alimentada e feliz das minhas historinhas serem lidas no Brasil também.

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A grande discussão e a grande vedete da Bienal era o Livro Digital. Todo mundo impressionadíssimo com IPads e outros “tablets”, bibliotecas virtuais, sites de todo tipo.

A pergunta era: será que o livro digital vai substituir o livro impresso? Será que o livro de papel está com os dias contados? Se sim, isso é uma boa coisa ou um desastre?

Eu cá com meus botões fiquei pensando. O Livro Digital é um barato, uma linguagem ágil, interessante, atrativa e prática que tem tudo pra incentivar e muito a literatura, sobretudo infantil. Ter acesso a toda essa tecnologia é maravilhoso e super divertido pras crianças, traz um monte de coisas que nem dá pra listar, amplia as possibilidades, universaliza. O Livro Digital já tem seu espaço garantido, nem tem discussão. Mas daí a substituir o livro de papel é uma outra história.

O mundo virtual é tudo-isso sim, mas pra mim falta nele uma coisa básica: a vida. O virtual tem esse efeito colateral de ser um “simulacro da vida”, não vivo, uma “second life” que a gente tem sempre de prestar atenção, principalmente na formação das crianças. Nada substitui a vida … não quero dizer “real” porque o virtual tem a sua realidade, mas… vocês me entendem. A vida vai pra fora das telas e dos botões. E pra virar conceito precisa mesmo ir além, precisa ser vivida na sua inteireza. Esse discurso vale não só pro livro, mas pra tudo o mais (brinquedos, relacionamentos, culturas…).

Quem é que vai me dar o livro sujeito a um nascimento, a uma vida e a uma morte como todo objeto? E o cheirinho de novo quando chega da loja e de nosso depois que a gente o conquista? E as pagininhas amareladas, falando de sua longa existência? E as orelhas? E a possibilidade de restaurar quando rasga? E a biblioteca que precisa cuidar, limpar, colocar em ordem… que no domingo de manhã a gente resolve fazer um passeio nela, assim a esmo, redescobrindo velhos tesouros? E as imperfeições da vida impressas no livro de papel? É isso que faz História, que NARRA(eu adoro até os erros e as manchinhas de impressão).

Tá bem, tá bem, a vida acaba. Mas não precisa de bateria nem fica obsoleta a cada ano! =P

_Claudia_

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tá quente!


Domingo tem Festival de Brincadeira de Rua do CLIC. De 9 ao meio dia, próximo a Praça JK.


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E mais...Olha a programação de setembro do Projeto Diversão em Cena. Pra começar tem Pato Fu, lançamento do CD Música de brinquedo. Dias 04 e 05, 16 hs, no Teatro Dom Silvério.


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Sobre o cd, o Idelber falou aqui. Os comentários dos leitores também trazem dicas bacanas.


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O Garrocho falou aqui sobre o lindo filme Toy Story 3.


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Esse número da Revista de História da Biblioteca Nacional é todo sobre a infância, esse fruto da modernidade. Mas essa matéira sobre os bilhetes deixados junto às crianças abandonadas me fez pensar em muitas coisas...


Dias agitados!


_Cibele_





sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Administrativo

Seguinte, até eu desafogar por aqui e Clau voltar, qualquer dia é dia de link e eu tentarei escrever alguma coisa mais no fim da semana.

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E...boas novas...finalmente o blogger criou um filtro para comentários spams. O quintarola agradece. Tava chato demais esbarrar com aliens no meio do terreiro.

Sem mais para o momento,

_Cibele_

A-ba-ca-xi




Olha que ideia genial, vinda lá do outro lado do mundo. Das garatujas aos desenhos mais formados e detalhados, as crianças vão representando o mundo a seu modo. Será? Acontece que todos os estudos sobre a infância caminham no sentido de colocá-las como sujeito ativo, que modifica a realidade, que dialoga com o mundo e por isso, produz cultura.

Realizar nas fotos a criação dos desenhos das crianças foi o trabalho intitulado Wonderland (2005) do fotógrafo coreano Yendoo Jung. Uma conversa muito legal sobre o quê representa o quê e se ainda faz sentido pensar em representações.
Os outros trabalhos do artista também trazem elementos da infância. Indico com força uma visitinha no blog do rapaz.
Beijos e bom fim de semana
Cibele




quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Notícias

Clau ligou agora a pouco se despedindo...a abusada volta amanhã pra Itália. E ainda me disse que, depois da maratona da bienal, vai tirar férias em alguma praia por lá. Francamente!
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Dica do Idelber: livro de ficção infanto-juvenil sobre um elemento forte da cultura popular divinopolitana. O Reinado de Bené, tem orelha da escritora Ana Maria Gonçalves. E o melhor, disponível aqui.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Para tudo!

Minha amiga Ludimila me disse que hoje é dia do filósofo. E eu, bacharel e licenciada em filosofia, embora não tenha uma linha sequer de teoria própria (exceto pelas minhas teorias de boteco, mas essas só os amigos conhecem), me sinto lisongeada.

e ponto --> .

_Cibele_

sábado, 14 de agosto de 2010

Brincadeiras cantadas

Pegando carona (como a gente sempre faz aqui) no post da Ci, lembrei e deu vontade de falar sobre as brincadeiras cantadas tão comuns e tão fartas na Cultura da Criança.

Cantadas ou rimadas, “parlendadas” através de versinhos, de lenga-lengas, de tango-lo-mangos ou de ladainhas (que sao aquelas inventadas no quentinho da brincadeira, como me explicou a escritora Vera Lucia Dias, pesquisadora do assunto). As crianças arrumam um jeito de fazer diálogos singelos ficarem especiais e criam um jogo narrado, isto é, com as palavras ditando o ritmo da brincadeira.

Isso me lembra o que disse Guimarães Rosa: Toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada.

Tão aí a Boca de Forno, as muitas Estátuas, o Chicotinho Queimado, o Balança Caixão, o Elefantinho Colorido, o Mar Vermelho, a Maria Viola, a Barra Manteiga, a Dona Laura… e tantas outras que não me deixam mentir. As cirandas também, já que são conduzidas pelas canções. (Aliás, conhecem todas essas aí? Se sim, seu repertório lúdico está bem razoável. Se não, podem me dizer que boto as parlendas aqui pra vocês).

_Claudia_ encoberta de palavras na Bienal do Livro de São Paulo (aguardem post a respeito)

Sábado nem é dia de link

...Mas esse texto do arquiteto Wellington Cançado sobre rua, praças, brincar e organização dos lazeres está imperdível. Bonito, irônico, sensato e ponto --> .

_Cibele_

Foi assim...

Ontem, fui ver o espetáculo Inquietude e de lá pesquei duas frases ótimas sobre a infância. Me esforcei para decorá-las e trazer pra cá, mas temo que tenha deixado cair umas letras pelo caminho...

"Não tive infância até as vésperas do meu nascimento"

e

"A infância é uma péssima formação humana".

Foi assim...

_Cibele_ aproveitando o sábado para quintarolar, já que a semana tem voado

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira é dia de link


Mas em vez disso, deixo a dica de um evento muito bacana.

Olha a programação:
14h-Início Festival de Brincadeira de rua
14h30 Mastro e celebração Sª Pliar (Padroeira de Nova Lima)
15h barraquinhas de comidas, oficinas de dança, cerâmica e confecção de bonecos
15h30 Estande Comissão Pró- Fechos. SOS águas de Nova Lima
16h Mais brincadeiras- rolimã, papagaio, queimada, etc
16h30 Circo de todo mundo Jd canadá
18h30 Teatro de bonecos Giramundo

Beijos e bom fim de semana pra todo mundo!

_Cibele_

Gotcha!

Não tenho o menor problema com armas de brinquedo, desde que pouco realistas. Espada de jornal é artigo de primeira necessidade em algumas brincadeiras. Fora que, para burlar a proibição de se representar uma arma com o brinquedo, a criança acaba fazendo uma de massinha, de galho ou apenas improvisando com um indicador e um polegar em riste. Engana-se quem pensa que a criança é um ser inocente e puro corrompido pela televisão. Já vimos aqui que essas motivações agonísticas (de lutas) estão presentes no comportamento de outros primatas também. Claro que há excessos, mas isso é assunto de outro post.


Vários brinquedos tiveram sua origem no desenvolvimento de armas de guerra. Cogita-se que o ioiô, mas mais certamente o jogo de dardos, o estilingue, o bumerangue e o arco e flecha.


O problema é que as armas muito realistas parecem banalizar uma chaga da humanidade. Pode ser um excesso de sensibilidade minha, mas essas armas de brinquedo que a Hasbro trouxe para o Brasil me fazem lembrar do jornal nacional, do tráfico de armas de guerras pelo tráfico de drogas brasileiro, do Oriente Médio e das crianças-soldado, e até do Kevin.


Para conhecer o Kevin, que aliás, parece que vai sar das prateleiras para o cinema, clique aí embaixo:


http://www.intrinseca.com.br/catalogo_ficha.php?livrosID=31


Sem falar que essas brincadeiras podem acabar com o meu humor, motivo pelo qual as minhas crianças nunca vão ganhar de mim uma pistola d´água. Agora uma coisa muito estranha...Indicada para crianças a partir de 6 anos, a tal Nerf tem grande parte de seu público consumidor, jovens adultos de vinte e poucos anos que compram, importam novos modelos, colecionam, custominzam, se autointitulam NERDS e pensam em usar isso para “brincar” com os colegas de escritório.


Só de pensar, azedei!


Mas como hoje é sexta-feira, dia de link, prometo um link festivo ao fim da tarde de hoje.


Inté,


_Cibele _


Bola na rede

No meio de tanto trabalho, tirei umas horas e fui mostrar São Paulo um pouquinho pro maridon. Continua linda essa megalópole, né? Podem se orgulhar, paulistas.

Por indicação do pessoal da Callis, fomos, entre os outros programas básicos da cidade (MASP, Museu da Língua Portuguesa, Ibirapuera, monumento do Empurra-Empurra…) ao Museu do Futebol, no Estadio Pacaembu. Eu nunca tinha ido (também, nunca tinha vindo a Sampa com um estudioso do esporte como fenômeno social, além de apreciador clássico do futebol brasileiro, como costuma acontecer a esses estranhos espécimes do gênero masculino).

Surpresa suuuuuuuuper agradável. Eu a-do-rei! E é o tipo do Museu capaz de agradar muito às crianças também. Muito divertido, interativo, bonito, bem montado, com um acervo pra ninguém botar defeito. E com uma base conceitual muito sólida (sem manipulações ideológicas). Realmente um ótimo passeio.

Fica aí a dica pros paulistanos ou passantes de plantão.

_Claudia_ na Paulicéia desvairada

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Enquanto a Clau está em Sampa, preparando-se para a Bienal...

...e eu estou mergulhada até o pescoço em livros, lá vão algumas rapidinhas:

Revisão de férias
O Toy Story 3 é lindo demais, não? Já o Shrek achei meio chato...mas teve quem gostasse. O Museu da PUC está muito legal, mas precisa qualificar seus monitores.

Boas novas
Depois de fazer muita falta, o Biscoito voltou.

_Cibele_ em momento o dever me chama

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sexta-feira é dia de link - Futebol e a evolução dos homens na terra

Um artigo bacana e divertido do bacharel em filosofia Hélio Schwartsman que fala sobre a paixão nacional iluminada pelas idéias de Huizinga.

O artigo é de 2002, em 2010, parece ser urgente rever os nossos ídolos, não?

Bom fim de semana,

_Cibele_ a procura de seus heróis

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A filosofia e as crianças

Durante um bom tempo, estudei filosofia para crianças e dei aula de filosofia para crianças. Embora atualmente eu tenha uma posição mais crítica em relação ao método do Lipmann, que foi o americano que desenvolveu essa ideia, continuo achando que aproximar a filosofia e as crianças é não só muito bonito, mas muito produtivo.
A maior crítica que o método recebeu foi justamente o fato de ser um método. Nenhuma pedagogia ou filosofia mais reflexiva foi colocada no lugar e o projeto foi perdendo sua força. Lá se vai a criança, junto com a água do banho...
Longe das políticas educacionais, não necessariamente públicas, fica a impressão de que há algo de filósofo na criança, tal como há algo de infantil no filósofo.
Um livro que comprei há alguns anos atrás me fez pensar nisso, mesmo depois de afastada das salas de aula. 101 Experiências de Filosofia Cotidiana não é um livro que comporta a filosofia acadêmica, mas traz essa proposta de enxergar o cotidiano como se fosse a primeira vez.
O livro lista 101 propostas de experiências, mas vou enumerar algumas que me parecem bem típicas do olhar infantil:
Experimentar roupas - "Faz tempo que as roupas não servem mais para proteger do frio ou da chuva nem para preservar um suposto pudor. Parece difícil imaginar que mesmo as roupas mais primitivas servissem apenas para aquecer pessoas. É claro que sempre tiveram uma função simbólica.
(...)
Você pode experimentar roupas não para comprá-las, mas para explorar experiências inesperadas. Em vez de procurar, como de hábito, o que lhe cai bem, o que corresponde ao seu gosto, estatura ou status, seu tipo e seu imaginário, experimente roupas incoerentes.
Colocar-se no planeta dos pequenos gestos - Esse é lindo! A idéia é recuperar na lembrança pequenos gestos significativos...a minha mãe colocava bem de leve a mão nos nossos ouvidos quando íamos dormir. o silêncio abafado, o calor da mão dela e o seu cheiro são enormidades desses pequenos gestos. Só me lembrei dele, quando me vi fazendo igual na minha filha. Mais que isso, quando a minha filha me pediu que deitasse a palma da mão no seu ouvido como eu fazia sempre e ela gostava muito. E eu nem tinha percebido que assim fazia.
Sorrir para qualquer um - Quem não se lembra de um clássico das crianças, de um tempo em que ninguém usava cinto de segurança (menos ainda cadeirinha) no banco de trás...a gente ajoelhava no banco traseiro e ficava acenando pros carros. Vez em quando a gente também fazia língua e escondia...isso era verdade!
Tomar banho de olhos fechados (passar condicionador nos azulejos ou no corpo vai nessa mesma linha)
E mais...
Entrar dentro de um quadro
Apegar-se a um objeto
Provocar a si mesmo uma dor rápida
Chamar seu próprio nome
Acompanhar o movimento das formigas
Procurar o "eu" em vão
Descascar uma maçã em pensamento
Contemplar um pássaro morto
a 31 é...brincar feito criança...como se as outras 100 não fossem a mesma coisa!
_Cibele_

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O livro da selva

Aqui vocês podem acessar um livro fofo, feito por crianças da Amazônia. Essas crianças fazem parte da Associaçao Xixuau, pra onde está indo trabalhar uma grande amiga minha, Regina Marques.

Legal dar também uma conferida no site da Associação e saber como tem pessoas bacanas arregaçando as mangas pra colaborar com as populações amazônicas.

_Claudia_

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Uma palmada bem dada?

(Ihhh, já tô vendo gente queimando a poesia da Cecília Meireles).

cecilia_meirelles

Ironia à parte, não acho que palmadas e beliscões eduquem, muito pelo contrário, nem que sejam necessários. Na época dos meus pais (e da Cecília) era um costume e o fato de ser um costume mediava as reações de pais e filhos, tornava-o compartilhado e portanto aceitável. Hoje já dá pra enxergar(claro, nas devidas proporções) como um atestado de falta de recursos e/ou de perda de controle. Mas a gente que é pai e mãe e é humano sabe muito bem como esse tão almejado controle é difícil de se conseguir, e como os recursos educativos são complicados de se construir. Haja autoexame e reflexão, haja divã!! Tudo isso leva tempo e paciência e nesse interim a gente erra muito exercendo a pater/maternidade.

A gente erra, simplesmente. Continuamente e não só quando dá palmada (tem erros piores). Erra querendo acertar. Erra mais do que deveria. Erra porque faz e porque é verdadeiro. Não somos perfeitos, não temos manuais e mesmo se tivéssemos, não conseguiríamos seguir metade das instruções. Mais fácil ser ausente, a gente corre menos riscos. Mas em Educação é importante tentar, é importante fazer pra ir aprendendo a seguir as próprias convicções. Ninguém tem a fórmula pra todo mundo, cada situação é unica. Mesmo um erro pode ser um acerto se visto de outros pontos de vista. Vai-se saber. O que não se deve fazer é renunciar, desistir. A gente tem de querer educar.

Pra mim, essa Lei que proíbe palmadas e beliscões parece um tanto bizarra. Tenho dificuldade de vislumbrá-la na prática. Tem até um cheirinho de fundamentalismo. Primeiro porque é uma estatização das relações familiares e isso me assusta. Fico pensando onde é que vai parar. Segundo porque as linhas divisórias entre os diversos atos, suas dimensões e seus significados são tãao sutis que nem uma Justiça eficientíssima daria conta (e a nossa Justiça, vide Conselhos Tutelares, tá longe disso). Ou seja, não dá pra botar tudo no mesmo balaio, nem declarar se um ato é correto ou não a priori. Terceiro porque existem formas de violência não-físicas assustadoras e a gente sabe que proibiçao nunca freiou os verdadeiros agressores. Quarto porque põe em cheque um total desconcerto educativo, conceitos fora de lugar, deformações de juízo, falta de clareza, alternância de posições. E por último porque, pra variar, a Lei aparece como repressão ao invés de formação. Como sempre, é mais fácil pro Estado proibir do que criar Políticas Públicas eficazes de proteçâo às crianças e adolescentes.

Ontem participei (só lendo porque a moderadora fez questão de publicar só questões muito pouco políticas) do bate-papo com a Rosely Sayão a respeito. Colo alguns trechos interessantes pra vocês pensarem junto comigo a partir das falas dela.

“Não sei porque consideramos a palmada tão necessária assim. Antes dos seis anos, por exemplo, a criança precisa de um adulto sempre por perto para evitar que faça o que não deve. depois dessa idade, deve aprender a arcar com as consequências de seus atos. Não precisa mesmo ser uma palmada...”

“O espírito da lei é legítimo: proteger nossas crianças de adultos loucos, descontrolados, irresponsáveis etc. Mas não sei se a forma é adequada”.

“Essa lei, junto com outras bem diferentes, mostram a invasão do estado na vida privada. Acho isso muito perigoso. Hoje podemos ser contra a palmada - eu sou - mas amanhã, sabe-se lá o que pode ser transformado em lei?”

“Seu texto nos leva a pensar que o pai que não bate não impõe limites. Isso é um equívoco, devo assinalar. Conheço muitos pais que dão as chamadas palmadas pedagógicas e são permissivos em demasia e pais que nunca bateram e são rigorosos na educação dos filhos...”

“Há fases da vida dos mais novos que o dialogo é impossível. Dialogar com uma criança que quer brincar em vez de dormir? como dialogar com um jovem que quer usar drogas perigosas? Na maior parte das vezes chamamos de diálogo o que na verdade é convencimento: queremos convencer os mais novos a aceitarem nossas ordens sem que pareçam ordens. O fato é: educar tem um pouco de tirania sempre. Afinal, quem disse que ir para a escola, por exmeplo, é bom para a criança? Somos nós e não elas...Educar supõe sempre imposições. Não adianta querermos tapar o sol com a peneira. Hoje os filhos são autoritários porque os pais não são. Prefiro que os pais sejam”.

“Não faz sentido ser a favor da palmada mas só quando dada por alguém em especial... os filhos não são propriedades dos pais. se vc bate, porque a babá acharia que ela não pode bater? se consideramos a palmada educativa, todos que educam podem bater, não é verdade? afinal, trata-se de uma ideia de educação que está em jogo”.

“Concordo que antigamente a educação era mais rigorosa. Mas o mundo era diferente: quase todo mundo pensava do mesmo jeito. além das palmadas, os pais tinham autoridade moral tb: um olhar dos pais bastava para brecar uma travessura... hoje, os pais e que tem medo do olhar de reprovação dos filhos...”

_ Claudia_

 
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