Finalmente de volta a casa e ao teclado brasileiro (a Cibele não precisa mais acentuar meus posts, valeu, Ci!). Escrevo com a cabeça ainda meio zonza depois de uma viagem pra lá de cansativa (desta vez com o detalhe de duas horas seguidas de turbulência muito forte bem na zona de Recife e Fernando de Noronha onde caiu o avião da Air France ai ai ai, até superar o Equador, que sensação horrorosa!). Mas enfim, esse post ‘tava guardado há tantos dias, não via a hora de botá-lo pra fora.
Notícias da Bienal do Livro de São Paulo: meus livros foram lançados no Brasil de um jeito muito carinhoso e muito competente, com os bonecos dos personagens feitos sob medida pelo grande amigo Cauê Salles (bonecos esses que viajaram comigo aqui pra Milão) e animados com maestria pela Ana. O estande da Callis, sem falsa modéstia, era o mais lindo da Feira e ainda por cima todo sustentável, assinado pela arquiteta Vera Suplicy. Conversei com um monte de crianças e suas famílias, fiz dedicatórias, conheci muita gente boa, escritores, ilustradores, editores… reencontrei outros caros. Enfim, saldo pra lá de positivo. Voltei pra casa muito alimentada e feliz das minhas historinhas serem lidas no Brasil também.
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A grande discussão e a grande vedete da Bienal era o Livro Digital. Todo mundo impressionadíssimo com IPads e outros “tablets”, bibliotecas virtuais, sites de todo tipo.
A pergunta era: será que o livro digital vai substituir o livro impresso? Será que o livro de papel está com os dias contados? Se sim, isso é uma boa coisa ou um desastre?
Eu cá com meus botões fiquei pensando. O Livro Digital é um barato, uma linguagem ágil, interessante, atrativa e prática que tem tudo pra incentivar e muito a literatura, sobretudo infantil. Ter acesso a toda essa tecnologia é maravilhoso e super divertido pras crianças, traz um monte de coisas que nem dá pra listar, amplia as possibilidades, universaliza. O Livro Digital já tem seu espaço garantido, nem tem discussão. Mas daí a substituir o livro de papel é uma outra história.
O mundo virtual é tudo-isso sim, mas pra mim falta nele uma coisa básica: a vida. O virtual tem esse efeito colateral de ser um “simulacro da vida”, não vivo, uma “second life” que a gente tem sempre de prestar atenção, principalmente na formação das crianças. Nada substitui a vida … não quero dizer “real” porque o virtual tem a sua realidade, mas… vocês me entendem. A vida vai pra fora das telas e dos botões. E pra virar conceito precisa mesmo ir além, precisa ser vivida na sua inteireza. Esse discurso vale não só pro livro, mas pra tudo o mais (brinquedos, relacionamentos, culturas…).
Quem é que vai me dar o livro sujeito a um nascimento, a uma vida e a uma morte como todo objeto? E o cheirinho de novo quando chega da loja e de nosso depois que a gente o conquista? E as pagininhas amareladas, falando de sua longa existência? E as orelhas? E a possibilidade de restaurar quando rasga? E a biblioteca que precisa cuidar, limpar, colocar em ordem… que no domingo de manhã a gente resolve fazer um passeio nela, assim a esmo, redescobrindo velhos tesouros? E as imperfeições da vida impressas no livro de papel? É isso que faz História, que NARRA(eu adoro até os erros e as manchinhas de impressão).
Tá bem, tá bem, a vida acaba. Mas não precisa de bateria nem fica obsoleta a cada ano! =P
_Claudia_
2 comentários:
ÓOOOO...que maravilha, Clau! Conta mais...timtim por timtim
Sobre o livro digiatl, volto em breve para pensar com vc...
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