quinta-feira, 30 de julho de 2009

Da série pais de desenhos animados: O pai do Bambi 1

Bambi1942 E por falar em fazer chorar, Bambi 1 encabeça a lista de filmes que mais fazem chorar do jornal britânico Daily Mail (viu, Sil?). Começa assim... a mãe-natureza, as estações e o nascimento do príncipe da floresta, Bambi. Tudo bem lento e embalado pela deliciosa trilha sonora de Frank Churchill.

A mãe e o filho, as trocas entre os dois, o crescimento do filhote e os cuidados da mãe.

E o pai? Bom, ele faz no filme cinco aparições. Quase uma participação especial.

A primeira aparição: Aos oito minutos de filme, o Grande Príncipe da Floresta, pai de Bambi, é apenas uma silhueta no rochedo/trono. Bem distante e inacessível.

A segunda aparição: Com 28 minutos de filme, o cervo pai desfila pela campina, admirado por todos. Pára, dirige seu olhar a Bambi por um instante, e em silêncio prossegue em sua marcha. Mas Bambi, que não o conhece, pergunta: Quem é ele? A mãe responde: É o Grande Príncipe da Floresta, admirado por ser o mais velho, inteligente e corajoso. Bambi se admira: mas ele me olhou!

O pai é uma figura distante somente acessível pela via da mãe. É ocupado demais com sua função no bando para se dedicar à sua função na família. O pai que exerce seu papel público, enquanto a mãe se ocupa do privado. Na espécie humana, é aquele a quem a mãe se refere assim: Silêncio crianças! O seu pai está cansado e quer assistir ao jornal!” ou “Deixe o seu pai saber disso!”.

Há uma passagem em que o pai do coelhinho Tambor é assim citado. O pequeno roedor aconselha a Bambi que coma as deliciosas flores em vez de comer o verde, mas a mãe adverte:

_ Tambor, lembre o que seu pai sempre diz.

Ele estufa o peito e cita, imitando o pai:

_Para ter boa musculatura, é preciso comer verdura.

A terceira aparição: A mãe de Bambi é morta por um caçador. O pai reaparece e lhe dirige pela primeira vez a palavra. Dessa vez, revela sua identidade: _ Ela não vai mais estar com você. Venha filho!

A quarta aparição: Bambi já está enamorado de Falini. Não é mais criança. Encontra-se com o pai num rochedo por onde vêem a fumaça que sobe ao céu. O pai aconselha: _São os homens. Eles voltaram. São muitos. Venha Bambi! Não mais uma criança, Bambi desobedece e volta para buscar Falini. Depois de lutar contra um bando de cães ferozes, Bambi foge, mas leva um tiro e cai no chão. O pai ausente-onipresente reaparece.

A quinta aparição: Caído no chão, Bambi é acordado e encorajado pela dureza do pai: _Vamos, Bambi, levante. Você precisa levantar. Levante!!! Ele se levanta e consegue voltar a salvo para junto de Felina. O pai segue outro rumo, desaparece de novo.

No fim, Bambi e Felina têm dois filhotinhos. Pai e mãe aparecem juntos ao lado dos filhotes. No rochedo, a última aparição do Grande Príncipe. Na verdade, uma sábia desaparição. Ele sai do rochedo para dar lugar a Bambi, o herdeiro.

São cinco aparições e apenas três falas. Muito pouco num filme em que a paternidade é tão importante, até mesmo se considerarmos a escassez de falas do Bambi de 1942. Sessenta e quatro anos depois, a Disney volta ao tema e mostra um pai muito diferente. É o Bambi 2, o primeiro post da série paternidade para agosto. Certo?

Cibele_ viajando, mas deixando o para casa feitinho nas mãos da Clau

Liberdade para os anões de jardim

Nani Dias atrás vi na TV uma notícia no mínimo estranha: Irmã Marcuzzi, diretora de uma Escola Materna aqui de Milão, reclamava o furto dos 7 anões de gesso do jardim da escola. A matéria mostrava Branca de Neve solitária em meio às flores, enquanto a freira indignada pedia aos “ladrões” que devolvessem as estatuetas, pensando na decepção das crianças que, voltando das férias, não as encontrariam.

Passados exatos três dias, eis que o Telejornal noticia de novo o estranho furto e mostra a freira, com um meio-sorriso surpreso, recebendo um cartão postal.. dos anõezinhos… de uma praia no Caribe! O cartão postal vinha assinado pelos 7 anões e pelo M.A.L.A.G – Movimento per la Liberazione delle Anime da Giardino.

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Fiquei sabendo que na Europa existem vários movimentos de voluntários dedicados a “salvar” os anões de jardim e levá-los para lugares abertos e livres, como bosques, montanhas, etc. Muitas vezes, principalmente quando a “liberação” vira notícia, fazendo-os antes girar pelo mundo em merecidas férias… =)

Parece que esses grupos surgiram inicialmente na França, inspirados pelo filme Amelie Poulin e agora se difundiram por toda a Europa.

Na Alemanha existe a “Frente para o Holocausto dos Anões de Jardim”, mais cruenta. Ao invés de liberar os anões de gesso, o objetivo deste grupo é eliminá-los. Frequentemente são protagonistas de atos clamorosos, como sequestro, decapitação e exposição pública dos restos dos anões raptados…

Aqui na Itália esses grupos têm feito diversas homenagens ao “anão mais famoso do país” o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi. Outro que entrou na mira foi o baixinho Renato Brunetta, Ministro da Administração Pública e Inovação.

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Tem de ter muiiiiiito senso de humor, né? =)

_Claudia Souza_

terça-feira, 28 de julho de 2009

Uma pipa em céu turístico

As cidades turísticas italianas não são feitas à medida de crianças, claro. Passear o dia todo vendo monumentos, arquitetura, telas, esculturas… Os pais vão tentando ensinar, transmitir sentidos e isso observo sempre dentro dos Museus, das igrejas, pelas ruas. Louvável.

Elas até escutam, obedientes. Não sei se chegam a se interessar realmente. De todo jeito crescer em meio à beleza deve causar impactos à sensibilidade delas. E essas informações todas devem ficar ali, armazenadas, esperando alguns anos pra desabrochar.

Mas como ninguém é de ferro, chega a hora em que a criança transforma o ambiente, inverte o contexto, povoa o espaço com a brincadeira. E a cidade medieval fica ainda mais bela.

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_Claudia Souza_

O mágico de Orvieto

Ele vai logo avisando: não é uma simples loja de brinquedos pra crianças. Em poucos minutos lá dentro a gente já concorda. São brinquedos sim, mas absolutamente sem idade. Por isso tão interessantes…

É uma lojinha/oficina pequena, incastrada no centro de Orvieto. “Il mago di Oz” – (“O mágico de Oz”) – se chama. E ele está lá em pessoa, o mágico, fazendo mover suas criações e tirando nossos ohs e suspiros encantados diante de seus mecanismos milenares de surpresa. O próprio artesão medieval reencarnado.

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As crianças aparecem e se encantam também. Crianças do século XXI, acostumadas à tecnologia e ao plástico. Os pais imploram: não toquem! Não toquem! Elas se contém, num esforço sobre-humano. Os brinquedos/objetos são muito convidativos… Dão vontade de brincar.

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Acho que parei por lá mais de uma hora. Conversando com ele, ouvindo suas histórias, conhecendo suas criações mais particulares. Entre elas a “Libreria della Vita”: você conta a história da sua vida e ele constrói uma pequena estante cujas prateleiras representam simbolicamente os principais acontecimentos. Ou o teatrinho, com direito a movimento de cortinas, onde acontece, ao som de caixinha de música, o ballet d’O Quebra Nozes.

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Tipo de coisa que torna uma viagem mais que um deslocamento no espaço. Um convite pra cortar o tempo. Um encontro casual com a infância eterna.

_Claudia Souza_

domingo, 26 de julho de 2009

Paternidade…

Paternidade

Foto: Filipe Lima

Aí vai a minha humilde homenagem ao tema, tão bem tratado pela Cibbele...

Esta escultura representa a paternidade, dentro do conjunto das Fases da Vida no Parque Frogner, em Oslo, Noruega. São várias esculturas muito expressivas, da infância à maturidade, que terminam num imenso obelisco onde os corpos se misturam…

(Minha irmã e meu sobrinho estiveram lá semana passada e trouxeram essa foto especialmente pro Quintarola).

_Claudia Souza_

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Marlin, o Pai do Nemo (contém spoilers)




Nemo (Disney-Pixar, 2003) é mais um filme que tem a paternidade em destaque. Muito oportuno o post da Clau sobre nomes, pois são eles, os nomes desse filme, que nos esclarecem muito sobre quem é quem no fundo do mar.

Em geral, associamos o pai do Nemo a um pai superprotetor. Quem assiste ao filme pela segunda (ou terceira, ou quarta, ou quinta, ou milésima vez, pra quem tem filho pequeno) percebe três momentos distintos da paternidade de Marlin.

O pai conformado: Um pai em potencial (espera a maturação dos muitos ovinhos), Marlin se orgulha do conforto que proporciona à família. É um pai provedor, que apresenta à sua mulher o coral com bela vista do quarto das crianças. Nas palavras de Marlin: Sou ou não sou um peixe com P maiúsculo? Um pai que age conforme os padrões sociais.

Quando imaginam os nomes dos inúmeros filhotes, a mãe pensa em Nemo e o pai em Marlin Júnior. Nemo significa ninguém em latim e é também o nome do independente personagem de Júlio Verne em Vinte Mil Léguas Submarinas, que perdeu mulher e filhos. Marlin é uma espécie de peixe com focinho em forma de espada, considerado um grande troféu de pesca. Mede cerca de 4 metros e pesa até 700 kg. É ele o peixe bravamente pescado no livro "O Velho e O Mar" de Ernest Hemingway. Há aí um jogo de projeções. A mãe pensa em fugir da projeção, mas a marca do pai acontece à sua revelia. Por sua vez, o pai projeta, mas a vida é que acontece à sua revelia.

O pai reformado: Num ataque de predador, Marlin perde a mulher e quase todos os outros ovos. Resta um que ganhará o nome escolhido pela mãe: Nemo. Marlin torna-se então um pai superprotetor. Interfere na autonomia escolar, não acredita nas habilidades do filho, não lhe permite a autonomia _ dar a si mesmo um nome. Dar conta de sua própria identidade. É o pai modificado, reformado.

Nemo então se vê arrastado pela vida para dificuldades com que terá de lutar sozinho e para as quais ainda não desenvolveu habilidades. Nesse desnível entre Nemo e a vida, o peixe termina capturado e vai parar num aquário. Marlin segue atrás, aniquilando, a cada obstáculo, o medo que era seu. Ele se move motivado pelo bem estar do filho. Lá do aquário em que foi parar, Nemo recebe, feliz (e que filho sentiria diferente?), notícias de que seu pai luta contra os sete mares para salvá-lo.

O pai transformado: Depois de salvos, Nemo ainda tem a oportunidade de lutar mais uma vez, para salvar a amiga Dory, cujo nome significa um barco pequeno capaz de carregar grande peso (dóri). O novo pai Marlin, após vacilar um pouco, acaba por incentivar o filho.

É um desenho bonito, que mostra antes de tudo, que nenhum pai ou mãe sai da experiência da maternidade/paternidade sem enfrentar seus próprios medos e sem se modificar profundamente.

Por fim, deixo aqui o link de uma animação de O Velho e o Mar do diretor russo Alexander Petrov, ganhador do Oscar de melhor animação em 2000.

Parte 1





Cibele


***

Na próxima semana, eu e Clau estaremos de férias. A Clau passeando no verão europeu, eu me labuzado nas opções culturais da fria São Paulo. Em agosto, retomo a série de pais de desenhos animados, dessa vez, com um pai das antigas_o pai do Bambi. E a Clau promete mais uma deliciosa série de posts de viagem.

Bom descanso pra todo mundo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Nome do filho


Por que a gente escolhe este e não aquele nome pro filho? Cada um com seus motivos. Com suas histórias. E as pessoas vão nomeando umas às outras através dos tempos.

Na Psicanálise NOMEAR significa um monte de coisas. A gente nomeia sempre desejos . O nome seria um desejo feito palavra. É tudo que se espera, é tudo que se lutará por.

O meu chamei Davi porque é muito e absolutamente AMADO (Davi significa o amado). E a história do Davi original, o da Bíblia, foi-se emaranhando na dele. Logo eu tive, além do nome, a imagem pra representar meu desejo-de-filho. E não é que Davi é "a cara" do Davi de Michelangelo?

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Lindíssimo este post do Fabricio Carpinejar sobre a filha e o nome da filha.
_Claudia Souza_

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Os pais da Era do Gelo (Atenção, se você não viu o filme e tem intenção de assistir, não leia)


Acabo de escrever sobre a paternidade e vou desavisada ao cinema assistir A Era do Gelo 3. Saí de lá cheia de pipoca e novas idéias sobre essa questão. Acabei enxergando um fenômeno que nem tinha notado, o surgimento do pai excessivamente zeloso. (Ok, ok, Clau, Concordei pelo menos em parte com sua posição).

Manny e Ellie, os mamutes, estão esperando um bebê. Manny é tomado de ansiedade e se cerca de precauções para proteger o bebê. A mãe adverte: _Em qual mundo você pensa que esse neném vai nascer? Pergunta profética...

Enquanto isso, Sid, o bicho preguiça que faz o papel de bobo-chatinho tão comum nos desenhos animados, resolve adotar três ovos sem saber que são dinossauros. Segue-se uma cena que de tão real chega a ser constrangedora: o preguiça Sid, ao ver que os filhotes dos quais não dá conta engolem outros filhotes, diz apavorado:_Vou contar até três pra você cuspir!

Em seguida chega a verdadeira mãe dos dinossauros, fazendo tremer até os ossos do esqueleto. Sid protege os três e emenda num lapso genial: _Calma gente, a mamãe está aqui!

Pois bem, acabam todos Manny, Ellie, Sid e Diego nas profundezas de um Vale de Dinossauros (aqui se revela a frase profética da mãe), onde nasce o bebê dos mamutes. Mas não sem que antes Manny assuma uma certa agressividade (só encontrada mesmo nas profundezas), a fim de tomar o seu papel de pai.

E o Sid? Bom, quando ele esteve frente ao perigo, a mãe dinossauro o salvou. Os três dinossaurinhos passam bem. O que me leva a pensar que não importa quem, mas alguém tem que executar esse papel.

Vão então três bons motivos para ver o desenho: ver o trabalho de um brasileiro lá fora, pensar sobre a paternidade e o universo masculino e principalmente se divertir.

Por fim, inicio com esse post uma série sobre pais de desenho animado. Se alguém quiser aproveitar as férias (tá, tá o recesso) com as crianças e dar um pulo na locadora, sexta-feira que vem vou falar do Marlin, o pai do Nemo. Depois, teremos ainda o pai do Bambi e outros pais.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O papel do pai _outra crise

Na psicanálise, o pai é o outro, aquele que vem intervir na relação umbilical mãe-filho. O pai tem importante missão no crescimento e na definição da identidade do filho. Não é à toa que alguns médicos o convidam a cortar o cordão umbilical na sala de parto.
Vão aí dois poréns: 1) Essa história toda é simbólica. 2) O papel do pai varia socialmente.

Não podemos deduzir que é função exclusiva do pai colocar limite, por exemplo. Ou que ele esteja impedido de ser amável e protetor. Ou que seja direito da mãe se fundir ao filho. De forma que a psicanálise, lida assim ao pé da letra, tem ajudado pouco aos pais que estão à procura do seu lugar.

Biologicamente, o pai também é pouco definido. Não nutre, não empresta seu corpo. E até a sua força física pôde ser dispensada, pós idade das cavernas.

Socialmente, então, a coisa anda ainda mais embolada. O pai não é mais aquele que se define pelo provedor. Lá vão as mães pro mercado de trabalho. Aliás, contou-me certa vez a Ângela (cientista social e sócia-proprietária de um blog extinto hilário), que os benefícios de programas assistenciais do governo são entregues preferencialmente às mães, porque os pais somem no mundo com o dinheiro.

Instalada a crise da paternidade, só consigo pensar em um conselho aos pais perdidos: A única certeza é de que são importantíssimos. Não diria imprescindíveis, porque o ser humano é altamente adaptável. Que estejam juntos, participem e lutem pelo próprio espaço dentro da família, da escola e da sociedade. Critiquem as circulares remetidas às mães, criem blogs, solicitem trocadores no banheiro masculino, experimentem a sensação de carregar um bebê num sling, peçam um papel no parto, elejam rituais próprios dentro da família e arquem com o trabalho que isso tudo dá. Ah, sim, dá muito trabalho!!! Façam como o Maurício (meu pai) que reclamou por estar fora da pauta. Enfim, façam-se indispensáveis.

Cada família inventará o papel do seu pai e o importante é que ele tenha um, preferencialmente como protagonista. Ajudar é tão pouco!
Cibele Carvalho

sábado, 11 de julho de 2009

Tudo certo mas tá esquisito


Tem alguma coisa errada - ou que eu não entendo - com esse conceito de "inclusão". Muito bonitinho, muito politicamente correto. Mas esquisito. Pra dizer a verdade, pensando sobre essa questão tenho mais dúvidas que certezas. Mas vamo' que vamo'.

Não tem menino de todo jeito? Então por que alguns são já "naturalmente" incluídos no Sistema Escolar, definidos e catalogados como "normais" e outros tantos não? Esses "outros" geralmente desconhecidos, quase indecifráveis pela Pedagogia dominante, que trazem sua essência pra uma sociedade incapaz de olhar um pouco além do próprio umbigo, não teriam também um direito "natural" a um Sistema que abarcasse também suas necessidades e seus desejos? Não são cidadãos com iguais direitos? Por que, por causa da ignorância pedagógica, continuam de fora mesmo se o caridoso Sistema tenta criar estratégias pra "incluí-los"?

Como seria um sistema realmente democrático de Educação? Será isso uma das minhas inúmeras utopias? Ou será que não estaria na hora da Escola, em vez de ficar elocubrando qual o melhor (até mais justo) modo de "incluir", parar e pensar em um Sistema mais eficiente pra todo mundo, sem categorizações absurdas?

As experiências de inclusão de que tenho notícia são sempre tão limitadas e frustrantes. Não poderia ser diferente se se começasse derrubando esse conceito mesmo? E se partisse pra um Sistema que favorecesse e cuidasse da diversidade ao mesmo tempo que da igualdade de oportunidades? Sem considerar as pessoas em "blocos"?

Desde a arquitetura, até os currículos, passando pelos agrupamentos, pela avaliação e atravessando a formação do professor, esse Sistema não seria capaz de olhar um pouco a si mesmo e se reinventar? Por que continuar na estrada previsível dos já-vencedores, dos já-fracassados e dos incluídos-excluídos? (Se a gente fizer uma pesquisa séria nas classes de maternal, baseado em algumas características das crianças, já pode dizer quem vai ter sucesso, quem vai fracassar e quem vai ser excluído na/pela Escola).

De um lado um Sistema imutável. Do outro os "diversamente hábeis", nome da vez pra um grupo de pessoas (e não quadros ou nosologias ou diagnósticos ou o que quer que seja) que não se beneficiam porque estão à margem ou se beneficiam pouco desse Sistema.

Ou seja, o que precisa ser mudado? As pessoas ou o Sistema? As pessoas são como são. Estão aí, esperando e exigindo RESPEITO. O Sistema, ao contrário, por mais "natural" que possa parecer, foi inventado. É portanto sujeito a revisões. E transformações.

Eu sou otimista.

_Claudia Souza_

Atualização em 31 de julho: este post não está defendendo que não exista a diferença, a diversidade. É claro que cada grupo deve lutar por seus direitos como grupo e diluir isto enfraquece sua luta. Estou refletindo que diversidade não é nem pode ser desigualdade. Que TODAS as crianças têm direito a participar igualmente dos sistemas educativos, e que para isto o sistema, a meu ver, pode e deve ser revisto.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Que livro é você?


Depois de uma semana de pernas pro ar, não ia ser na sexta-feira que o Quintarola ia funcionar a todo vapor, não é?


Então pra relaxar ainda mais, um teste que eu achei lá no blog da Carolina Arêas :


Eu seria A Paixão Segundo G.H.
Adorei!

domingo, 5 de julho de 2009

Tramas de barbante

Muito legal também esse video da Folha On Line. Uma professora ensina a brincar com barbante e fala sobre o desafio e o encanto que é essa simples brincadeira. Tentem vocês também.

=)

_Claudia Souza_

Bicho não é brinquedo

Muito bonito este post do Allan sobre animais de estimação. Acho que eu poderia ter escrito algo assim, porque penso e sinto igual, mas não tão bem quanto ele.

Obrigada, Allan.

Atualização em 6/7/2009: Bicho não é brinquedo…E também não é gente! como bem lembrou a Cibbele. Disso derivam outras consequências…

Aproveito e deixo uma história engraçada. Uma senhora que conheço, que mora numa linda casa com um amplo jardim, me contou que tempos atrás uma gata apareceu lá trazendo um gatinho entre os dentes. Deixou o gatinho no jardim e foi-se. Eles obviamente se afeiçoaram e cuidaram dele. A gata aparecia sempre, brincava com ele, e sumia de novo. Depois de algum tempo, a moça que faz a limpeza contou que aquela gata vivia numa casa ali na região onde havia 2 crianças que, nascido o gatinho, não o deixavam em paz. Responsável essa gata, né?

_Claudia Souza_

sábado, 4 de julho de 2009

Não tem idade

             spettacolo
                                                                                        Foto do Marco
 
Fui ver esta semana, em Bergamo, o belíssimo espetáculo de teatro gestual "Aux Pieds de la lettre" da Companhia Dos à Deux, formada pelos bailarinos brasileiros Artur Ribeiro e André Curtis e sediada em Paris.

Peço licença pra abrir um parêntesis:(Bergamo é uma das cidades mais lindas que já vi, tem menos fama mundialmente que merece, e o Teatro Sociale é uma de suas muitas jóias. Faz tempo que eu e Marco estávamos querendo voltar lá, porque tínhamos ido uma vez antes da restauração. É indescritível, mas conto apenas que é um típico teatro medieval, todo em madeira e colunas de mármore. Dá pra imaginar? Aconteceu que ganhei dois ingressos numa promoção do Instituto Brasile Italia e fomos correndo, sem nem nos perguntar que espetáculo era).

Logo na fila, vimos que tinha várias crianças. Uma amiga que estava com a gente comentou: - Ih, dança contemporânea, esses meninos vão dormir.

Que nada! Durante as duas horas de espetáculo, as crianças foram quem mais reagiu. Ouvi o tempo todo suas risadinhas, seus oooohhss e seus suspiros enquanto os dois personagens desenvolviam uma performance onírica, poética e muito lúdica, relacionando-se corporalmente entre si, com os objetos, com a música, com o espaço cênico. Nada mais "infantil" =sem idade.

Lembrei do ano passado em que fomos, eu e minhas sócias, levar um projeto na Triennale di Milano, uma galeria de arte contemporânea, e a responsável disse: - As nossas mostras não são "adequadas" a crianças, elas não entendem nada. E perguntou: - Como "explicar" arte contemporânea?
Eles têm um programa de visitas guiadas para escolas, mas só a partir dos 12 anos. A responsável nos contou que pouquíssimas escolas reservam antes dos 14.

_Claudia Souza_

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Preparando-se para agosto, o mês dos ventos


Lembram que eu falei aqui sobre uma pipinha feita com fio de piaçava? Aí está ela!
Aprendi com o brincante Pinguim, lá do projeto em que trabalho.
Faz assim:
Recorte num saco de supermercado um quadrado de mais ou menos 15 centímetros. Cruze os fios de piaçava e fure cada ponta no plástico. Prenda cada fio/vareta no plástico com um durex. Amarra a linha no cruzamento da varetinha. Amarra outra linha embaixo e faz uma rabiola com retalhinhos de saco.
É lindo, voa fácil, é fácil de fazer, é ecológico, barato...enfim...uma pérola da cultura lúdica, como dessas com que a gente se surpreende quando para pra observar o que as crianças criam.
_Cibele_
 
BlogBlogs.Com.Br