quinta-feira, 5 de abril de 2012

Gioco di ruolo

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Em italiano, “brincar de casinha” se chama “gioco di ruolo”, isto é, brincadeira de papéis sociais. Nome super apropriado, acho. Porque é exatamente isso que fazem as crianças quando brincam de casinha, experimentam as diversas funções sociais com as quais identificam os adultos. Bem revelador de como vêem o mundo.

E levam super a sério essa função. Mesmo se sabem muito bem que aquilo tudo existe “num outro tempo”:

_ Então eu ERA a mãe.

_ Eu ERA o médico e você TINHA IDO fazer a consulta.

Que é o tempo da imaginação. Tempo em que, embora a forma verbal usada no discurso  seja o passado, as ações acontecem no presente e esbarram no futuro.

Tudo tem de ser muito coerente, é uma ficção absolutamente real.

Lembro quando cheguei aqui e não dominava a língua. Brincando de casinha com a filha de um amigo, então com 5 anos, ela era a médica e eu a paciente. Me deu inúmeras injeções (ela tinha acabado de fazer um tratamento em que tomava injeções todos os dias, durante quase um mês). Até que sugeri inverter os papéis. Ela foi cortante:

_ Mas você não pode ser a médica, você não sabe nem falar direito!

E não é que estejam “representando”. Estão ATUANDO. Têm “fé cênica” (Stanislavskij). As ações são tão verdadeiras quanto os sentimentos. A análise é super acurada, bem definida, profunda.

Parecido com os gatinhos que se exercitam na caça; crianças vão a fundo quando se exercitam nos papéis sociais.

(Sou fã de brinquedos de casinha. E de casinhas de madeira no quintal. Casas na árvore. Cenários diversos, tudo que serve de palco pra brincadeira de papéis sociais).

_Claudia_

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O beijo da lua

Uma história de amor entre dois peixinhos-meninos, pra puxar a conversa sobre a homossexualidade com as crianças.

Lírico, profundo, apaixonante. E, não sem muita polêmica, já chegou às escolas elementares francesas.

 

“O filme fala de amor, da pluralidade das relações amorosas. E não de sexualidade” – explica o diretor  Sebastien Watel. “ São os adultos que reduzem frequentemente a homossexualidade à relação sexual”.

_Claudia_

domingo, 1 de abril de 2012

A palavra e a despalavra de Manoel de Barros, antes do cacoete

Minha amiga e artista plástica Patrícia Caetano que me contou.

Poesia é isso, uma frase que te cala. Calei!

_Cibele_

quarta-feira, 28 de março de 2012

Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
Manoel de Barros

 

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Imagem: Ionit Zilberman

_Claudia_

sábado, 17 de março de 2012

Coleção de caixinha de músicas

Uma caixinha de música é uma delicadeza, uma vulnerabilidade, um segredo, uma fragilidade. Elas costumam falar de uma coisa ausente (no tempo ou no espaço) que insiste em se fazer lembrar.

Foi bem assim: eu estava pensando justamente nessas delicadezas, segredos, vulnerabilidades e fragilidades quando caíram no meu colo duas caixinhas:

Ulisses Conti

Essa primeira é do Ulisses Conti, um músico cujo trabalho  descobri recentemente e gostei muito, muito. Indico fortemente uma busca no google e no you tube.

Depois, um amigo compartilhou no facebook,

a Valsa da Amèlie, aquela moça que sabia cuidar das caixinhas dos outros.

E aí comecei uma coleção de caixinhas enooorme, que nem cabe aqui no Quintal. Mas queria compartilhar só mais duas. A história contada pela Regina Spektor sobre como ela se sente presa na melodia repetitiva e infantil da caixinha:

 

E por último, um pedaço de história triste sobre o que acontece quando a caixinha de música cai nas mãos erradas:

Por isso, atenção! Quando estiver com uma caixinha de música nas mãos, esteja a altura da pequeneza dela.

_Cibele_

sexta-feira, 2 de março de 2012

Os palcos de Tina

Hoje em dia, mais que nunca, Educação tem muito mais a ver com Cultura que com qualquer outra coisa. E Cultura tem muito mais a ver com símbolos que com qualquer outra coisa.

Concordam?

Olhaqui um exemplo: usando suas habilidades de cenógrafa, uma professora de primeiro período  criou, junto com suas crianças, alguns  cenários dentro de sua sala de aula. Feitos em modo simples, basicamente em papel e tecido, esses ambientes servem  pras crianças  soltarem a fantasia e assim produzirem mais e mais símbolos. Coisa que só enriquece o dia a dia do grupo.

Achei um barato e fiz fotos procês verem também.

A nave espacial:

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O navio dos piratas:

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O castelo, aberto e fechado.

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Tudo dá pra entrar dentro e brincar até falar chega. Não é uma ótima ideia?

Criançada sortuda essa de ter uma professora assim.

_ Claudia_

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A musa do Parque Guanabara

Tenho muitas memórias da minha infância no Parque Guanabara.  Por ser um espaço tão familiar, nunca tinha me perguntado_ afinal, por que cargas d´água a roda gigante do parque fica de costas pra Lagoa da Pampulha. A questão foi colocada por meu irmão num encontro familiar e reproduzida nesse post.

Em uma visita ao parque em maio do ano passado, conheci a nova e linda roda gigante, fato que constado aqui.

Mas ontem… ontem foi demais! Eu andei (esse verbo cabe?) na roda gigante. Ela é linda, altíssima e tem uma vista ma-ra-vi-lho-sa de Belo Horizonte. A Lagoa, o Mineirão, o Mineirinho…fui no início da noite, querendo mesmo ver as luzes do parque, mas vou voltar em breve pra ver tudo sob a luz do sol.

Altamente indicado para crianças, adultos amantes da cidade, adultos desiludidos e saudosistas.

Não esqueçam de levar a máquina fotográfica! Olhem os meus click’s:

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_Cibele_

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma história entre amigos, debaixo de uma mangueira ou talvez numa rede. Quem sabe se houvesse uma fogueira…

Não sei se a história que vou contar cabe aqui, mas estou considerando que qualquer história bonita combina com um quintal.

Há alguns anos atrás, li numa aula de francês um artigo que mencionava um tal de “folclore obsceno das crianças” e fiquei tão intrigada que corri atrás do livro (isso significou importar um livro francês, usado, num sebo on-line americano e em seguida a sua tradução por uma editora de Barcelona na Argentina também via internet). Fiquei com essa pulga atrás da orelha até que ela se transformou num projeto de mestrado.

Por causa desse projeto (e mais um penduricalho de outras questões) fui parar na análise. Comecei a saber mais sobre Claude Gaignebet, autor do Le Folklore Obscène des Enfants. Descubro que ele nasceu na Síria, um típico pied-noir, além de ser um rabelaiseano que defendeu a tese desse livro que tanto me interessa, no ano de 1968 sob a orientação de Roger Bastide e tendo na banca Lacan. Procuro aqui e ali e tenho algumas intuições sobre a pessoa dele, uma enorme simpatia, algumas idealizações e claro, muita curiosidade.

Ano passado, em dezembro, decidi escrever pra ele. Quem está no meio acadêmico aprende logo a não cortar os pulsos quando não obtem uma resposta, mas, pra minha surpresa, a dele chega em menos de 40 hs. Ele é educado, generoso, receptivo e me promete uma resposta em breve, tão logo possa recolher as indicações que lhe peço.

Sei que Claude Gaignebet é conhecidamente erudito, além de um defensor de áreas de conhecimento em franca (e injusta, na minha opinião) decadência. Discordo da teoria dele em vários pontos e isso de forma alguma diminui minha enorme empatia. Acredito que essa identificação se deva ao fato de que o meu estudo tem me permitido cada vez mais me conciliar com a criança que eu fui. E vamos combinar que isso não é pouca coisa.

Até que em fevereiro agora, tomo um susto ao abrir meu e-mail. O senhor de 74 anos com quem eu começava a me corresponder havia falecido. Ele não estava doente, ao contrário, tinha muitos projetos.

Eu estava cansada naquele dia e devo dizer que as lágrimas escorreram ininterruptamente. E assim continuaram nos dias seguintes. Passados três dias, escrevo pra mulher que intermediava a minha correspondência com ele. Uma aluna? Sua mulher? Secretária? Amiga? Pouco me importa agora. Escrevo dizendo que sinto muito. As palavras são muito deficitárias nesses momentos, menos ainda se não estão no idioma da gente. Acho mesmo que ficou aqui um resto que talvez eu não tenha conseguido falar. Envio o e-mail quase como uma mensagem ao mar. A resposta vem ainda mais rápida que a primeira. Ela me conta da humanidade dele, da partida dele, dos projetos dele. Estou envolvido com os dois até o último fio dos cabelos. Durmo mal. Choro à toa. Perco a fome. Não tiro um sorriso do rosto de gratidão pelo presente que ela me dá com suas descrições. Alguns dias depois ela parte para longe, se despede e nossa correspondência termina.

Aos poucos vou me dando conta de que se ele não era um guru, um mestre, (e tampouco sua obra uma bíblia), ele era ao menos (se é que isso é pouco) uma espécie de pai teórico e que há motivos de sobra pra me sentir muito sozinha. Não há pesquisa sem autonomia intelectual, mas isso não impede que a gente marque as referências que nos são importantes.

De lá pra cá, ando calada, introspectiva, mas cada dia melhor. Estou investindo em comfort food, comfort people, comfort drink, comfort jeans e outros comfort´s.

Pensando bem, até que demorou pra eu vir aqui.

Devo dizer que a minha pesquisa segue como uma espécie de homenagem.

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Claude Gaignebet (1938, +2012)

_Cibele_

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sexismos

Uma amiga comprou pras suas gêmeas de dois anos a fantástica “mini-cozinha IKEA”  (no link se vê apenas a pia, mas vendem a mini-cozinha completa) e andam se deliciando mãe e filhas na brincadeira de fazer comidinha. O legal foi que, na loja, ela viu vários meninos experimentando o brinquedo com gosto, e diversos pais comprando pros filhos homens também, muito entusiasmados. Bons ventos!

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Minha amiga  considera que a quantidade de programas de TV de culinária, com cozinheiros e chefs homens, pode ter a ver com esse maior relaxamento dos pais em adquirir uma cozinha de brinquedo pro filhote. Isso e outras leeeentas mudanças que vêm acontecendo na mentalidade dos pais, acho. Até bem pouco tempo atrás eles ainda resistiam a essa ideia. A mini-cozinha era muito associada só às meninas, como o trenzinho, o carrinho, etc, eram associados só aos meninos.

(Lembrei de um período, no início do CLIC, em que tínhamos oficinas de corte e costura. Os meninos (homens) amavam, tanto quanto as meninas. Uma mãe me contou, naquela ocasião, de ter vivido uma situação interessante no ônibus, com o filho entusiasmado que lhe mostrava os novos pontos de costura. “Muita gente me olhou atraversado”, ela disse.)

A gente tá careca de saber que identificação sexual é importante. Mas sexismo… é coisa pra superar mesmo. Confinar brinquedos nesse ou naquele sexo é uma grande besteira. Mesmo porque isso não tem nada a ver com identificação sexual.

_Claudia_

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Futebol de botão e subbuteo

O Museu do Futebol em São Paulo é um dos museus mais interessantes que já visitei. Super bem montado, vivo, divertido, com ótimo acervo, é um passeio que vale a pena fazer, sozinho ou com a meninada. Diversão garantida.

Esse ano, estão promovendo lá um campeonato de futebol de botão. Leia aqui maiores informações sobre o evento. Taí um brinquedo sensacional, que agrada a gregos e troianas. Brinquei muito na infância, depois com meu filho na infância dele.

(Aqui na Italia o futebol de botão não existe. Eles têm o subbuteo, que é parecido e muito legal também. Aqui em casa temos várias edições históricas, do tempo que meu marido era menino, inclusive o inesquecível time do Brasil de 70, que sempre foi o seu preferido. Temos também um campo feito de feltro e desenhado delicadamente por ele mesmo).

_Claudia_

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Brincadeiras de papel

O velho e bom A4 branco, tão usado nas escolas, que me perdoe, mas o papel pode – e deve! – muito mais à Educação. É um material extraordinário se usado de acordo com todas (ou quase todas) as suas possibilidades.

Não só o papel comprado em loja, mas também os restos, o papel usado nas revistas, jornais, pacotes, cartazes, etc, ainda tem muito a oferecer. Principalmente se combinado com outros materiais recuperados.

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Como suporte o papel deve ser variado ao máximo: forma, tamanho, cor, textura, diagramatura. Todas essas variáveis são imprescindíveis para bons exercícios das crianças. Não é que o desenho infantil é excessivamente adaptado ao A4 branco? Imagine um pedacinho de papel pequeno, redondo, colorido,  poroso. Como seria o desenho?

Pensemos também em relação aos elementos que o papel é capaz de absorver: do simples lápis grafite às mais elaboradas aquarelas, passando pelo carvão e outros elementos naturais. Como se comporta a criança diante de cada um desses variados instrumentos?

Ou no papel consigo mesmo: recortes, dobraduras, colagens, reciclagens, a própria confecção do papel. Esculturas de papel. Maquetes. Modelos. Design. O milenar origami. Desafios!

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E por último aquelas brincadeiras fugazes – parecem simples entretenimento, mas escondem verdadeiras elaborações psíquicas: o jogo da velha, os pontinhos, a batalha naval, o sudoku. Liga-pontos, labirintos e outros milhões de divertimentos com nada mais que  papel e caneta. Recurso inesgotável de estímulo à inteligência.

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Bom divertimento!

_Claudia_

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cinco assuntos quentes que vi por aí enquanto o bicho pegava

Não tá fácil, quinteiros. O bicho andou pegando a ponto de eu desejar imensamente que chegue o carnaval, mesmo as férias tendo a-ca-ba-do de acabar.

Peço minhas desculpas pela postagem lenta. Pensei várias vezes no quintal porque vi muitos assuntos importantes, mas me faltou (e ainda tem faltado) tempo pra elaborar melhor.

Vou tentar listar relevâncias quintarolescas que vi por aí

1) O lançamento sexista do Lego para meninas. Tá bem que considerar ofensivo talvez seja pesar muito nas cores, mas no mínimo, é um desserviço uma empresa tão bacana lançar um universo tão rico pros meninos_que vai de astronautas a piratas_e tão pobre pras meninas. Os comentários também são bem exemplares do quanto esse assunto ainda é pertinente.

2) Uma pesquisa apresentada pelo Le Monde mostra um aumento significativo no número de suicídios (pasmem!) por crianças francesas. Alguns acham que pode ser efeito da crise, mas é um fenômeno tão incomum, pra dizer o mínimo, que qualquer explicação agora é precipitada.

3) A artista francesa Joselyne Grivaud era uma fã da Barbie, mas ao contrário dos fabricantes do Lego, achava que o universo da boneca era muito bobinho, então ela resolveu alargar o universo barbiesiano e deu nisso.

4) A super Sil Falqueto, autora da ilustra linda desse blog, deu a dica da revista Bloc – literatura e arte infantil. Boooa, Sil!

5) E por último, a revista argentina de literatura infantil La Mancha, disponível no site Imaginária. Tem muita coisa legal por ali, mas lá no cantinho, no link músicas, você vê uma seleção de músicas infantis argentinas e foi ali que eu conheci e me apaixonei pela música da Mariana Baggio.

Bom, listei aqui cinco vezes em que me lembrei do Quintarola. Ou melhor, cinco vezes que eu me lembrei das vezes e que eu me lembrei. Com certeza, foram mais.

Inté!

_Cibele_

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Casos de escola

Quando a gente trabalha em escola não dá aquela vontade de ficar contando caso do que acontece por lá? É catártico! =)

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Pois então. Queria iniciar uma série de posts com situações que acontecem na escola. Se vocês se aborrecerem me digam que páro logo!

É uma escola internacional. Idioma oficial: inglês. E está me acontecendo um fenômeno interessante: lá dentro, o italiano vira a minha primeira língua e o inglês passa a ser a segunda.  Dá um alívio quando encontro alguma colega italiana no bandejão e a gente pode bater papo em italiano! Resultado: meu italiano melhorou muito. E o português? Não sei pra onde vai! Sei que quando encontro as crianças brasileiras (tem muitas!) ele reaparece novinho em folha (elas adoram poder falar um pouquinho em português comigo).

Já ando infiltrando a Cultura Lúdica por lá. Por exemplo: fiquei dez dias substituindo uma professora de quarta série e, pra “ajudar” as crianças a caminharem pelos corredores em silêncio, ensinei a elas a brincadeira da “vaca amarela”, tão nossa conhecida. A-ma-ram e agora fazem entre si toda vez que querem silêncio. Deu até vontade de gravar a vaca amarela com sotaque inglês-italiano-japonês-indiano-turco-espanhol (em uma só classe tinha todas essas nacionalidades) pra mostrar pra vocês,  mas as leis de privacidade não permitem.

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Hoje dei uma aula sobre samba numa outra classe de quarta série. Isso porque vi uma apresentação deles em que pretendiam mostrar samba mas era um mambo! tsc tsc tsc Fui atrás da professora e disse não não não. Daí ela me chamou pra dar essa aula. Foi muito bacana. Ensinei a turma a dançar e tudo. E pra ilustrar usei a lindinha abertura do filme Rio.

Outro dia conto mais. Se vocês suportarem contação de caso, claro.

_ Claudia_

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ser ou não ser

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A construção da Moral de uma criança é um trabalho tão delicado com o qual poucos adultos colaboram. É sempre mais fácil favorecer a heteronomia que a autonomia. Aliás, não se pensa muito nisso não: é “normal” adulto mandar e criança obedecer, é “normal” adulto castigar e criança ser castigada, tanto quanto é “normal” a criança agir “corretamente” (isto é, como o adulto diz) só pra ganhar o prêmio ou pra agradar o adulto. Hoje em dia tem sido “normal” também “largar essa coisa de regras pra lá”…

Precisa de muita reflexão ética e de muita firmeza pra querer colaborar nesse sentido; aliás sentido, é essa a palavra justa. Porque em tudo que se refere a crianças existe uma busca de sentido. Inclusive nas regras. O trabalho com as crianças passa necessariamente pelo sentido das coisas. Por isso é um trabalho muito mais CULTURAL que pedagógico.

Piaget escreveu um livro muito bom sobre a moralidade e pra quem não se importa de pelejar com o “estilo” de escrita  do grande epistemólogo suíço, aí vai a indicação.

O Juízo Moral na Criança, Jean Piaget, 304 págs., Ed. Summus.

Eu sempre pelejei e sempre valeu a pena.

Pra quem, ao invés, quer um texto breve e bem escrito sobre essa obra, tem esse artigo aqui que dá algumas noções importantes de um jeito bom.

Outra ótima fonte a respeito são os escritos do psicólogo Yves Della Taille, especialista em Psicologia Moral. Aqui um ótimo vídeo dele, mas guglando você encontra muito mais.

_Claudia_

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Os desenhos que não querem ver

A notícia corre por aí.  O Mocha (Museun of Childrén´s Art) de Oakland, nos Estados Unidos, cancelou a exposição de desenhos das crianças palestinas sobre os conflitos na Faixa de Gaza. 

Não achei, em lugar nenhum, uma justificativa do museu.

Uma pena que tenham cancelado. Outra pena, a realidade dos desenhos.

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Para ver outros e saber mais, clique aqui.

Ou no site do Movimento Palestina Livre.

_Cibele_

Céu aberto

Quando minha avó morreu, caía uma tempestade que parecia dizer: algo de extraordinário acaba de acontecer entre o céu e a terra. Um primo distante confirmou com uma crença de que quando morria alguém de coração muito bom, o céu vinha abaixo.

Já o Bartolomeu aguardou o dia mais bonito do verão. Um dia com um sol taxativo, inquestionável… e foi embora. Bem que pela manhã, empurrando a cortina, minha filha anunciou: hoje o céu está aberto.

O Bartolomeu que nasceu com 57 anos*, cujo coração (cheio de domingo**) quis tomar sol***, saiu voando do papel.

Hoje à noite, na minha cama, vou reler Pedro. Sem dúvida alguma um dos meus livros preferidos desde sempre.

Bartolomeu Campos Queirós  25/08/1944    +16/01/2012

_Cibele_

*para saber dessa história, leia o lindo texto do Bartolomeu “…das saudades que não tenho” no livro “O Mito da Infância Feliz. Aliás, convém ressaltar a enorme contribuição do Bartolomeu e da literatura do Bartolomeu para desconstruir esse ideal de infância feliz e nostálgica.

** sobre corações cheio de domingo, leia o Pedro.

*** sobre corações e o sol, leia Coração não toma sol.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Uni-duni-tê, panderolê, etc

As crianças sempre arrumam um jeito interessante de escolher os diversos jogadores e de começar as brincadeiras. No Mapa do Brincar dessa semana, uma interessante matéria sobre isso. Dêem uma olhada aqui.

_Claudia_

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Escola, aqui me tens de regresso

De novo dentro da instituição Escola. E de novo as velhas perguntas.

                            scuola

- Por que tudo tem de ser tão virtual? Por que tentar construir o conceito de subtração, por exemplo, riscando laranjas numa folha de papel? Isso não deveria vir DEPOIS?

- Cadê as ações reais que desencadeiam as operações mentais? Pra que ficar sempre sentado nas carteiras escolares, em pleno século XXI?

- Por que não trabalhar a construção da Moral das crianças ao invés de confiná-las na heteronomia e na obediência? Prêmios, castigos  bahhh

- Sentido. Ahn? O que é sentido? A tarefa tem mesmo de fazer sentido????

- Não é verdade que

 ScuolabusScuolabusScuolabus + ScuolabusScuolabus =ScuolabusScuolabusScuolabusScuolabusScuolabus!!! Ufa!!!!

- Tarefas em colaboração??? Trabalho/jogo coletivo? O que é isso mesmo? (…)

- Por que copiar é ruim?????

- Escutar as crianças? Bobagem! Adulto é que DEVE ser escutado.

- Brincar é “perda de tempo”. Ou no máximo “entretenimento” pra descansar do trabalho. Glub!

Essas só pra começar.

                    scuola hightech

Mas tem sido divertido. Estar de novo no meio das crianças me dá muita energia. E vontade de mudar os cânones. As minhas velhas Utopias, sempre bom lembrar delas. Quem sabe consigo alterar alguma coisinha de dentro?

Tenho também aprendido muito (é preciso alterar também as coisas dentro de mim), é tudo muito diferente do que já vivi até aqui. Muita coisa boa também, boas sacadas, principalmente no que se refere a organização. Boas pessoas, bons colegas, quase todos gentis e disponíveis. Ótimas intenções, vontade de acertar. Diversidade.

E… tenho de dizer, trabalhar com MUITOS recursos materiais a disposição é muito mais fácil.

_Claudia_        

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Chamando todos os Santos

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Santa Clara por Ronaldo Mendes

Roubei da querida Lívia Arnaut, a menina que faz chover belezuras, agora, encomendando o estio:

Simpatia para parar de chover (1):
Colocar um ovo num lugar fora de casa. Pode ser uma janela. E repita 10 vêzes:
Santa Clara clareou
São Domingos iluminou
Vai chuva, vem sol
Vai chuva, vem sol
Vai chuva, vem sol


Simpatia para parar de chover (2)
Para parar de chover é bom colocar um ovo para Santa Clara. Deve-se pedir à santa:

"Santa Clara faça sol, para enxugar o meu lençol".

Simpatia para parar de chover (3)
Fazer a chuva parar: coloque um ovo no local mais alto de sua casa e peça a Santa Clara mandar a chuva embora.

Ao que tudo indica, Santa Clara terá problema de colesterol em breve.

_Cibele_

Aprendendo a brigar _ lições infantis para abrir 2012

Considerando que a chuva não pára e as crianças estão de férias, volto a postar devagarinho, tirando o mofo daqui e dali. Pra começar, não posso deixar de compratilhar essa delicadeza pescada e comentada deliciosamente pela querida Helê Pessoa do blog Duas Fridas.

Cibele – abrindo as janelas e sacudindo os tapetes

domingo, 8 de janeiro de 2012

Palavras como Imagens

Super!

Um video produzido pelo designer e diretor criativo de Facebook, Ji Lee. Clique aqui.

_Claudia_

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Carrousel des Motons

Esse vídeo serve perfeitamente pra explicar tudo o que eu penso sobre Cultura Popular. Não é que não pode ser erudito também, sabe Ci. É que é MUITO. É tudo ali, pro povo, do povo. Sem passar por nenhum intermediário. Sem lapidar nenhuma complexidade.

_Claudia_ desfazendo as malas e já de volta ao querido batente Quintarolial.

 
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