sábado, 27 de dezembro de 2008

Nessas férias, eu me encontrei...


  • Com a querida Clau e matei 2,3% da saudade.
  • Pela primeira vez com o famosíssimo Idelber Avelar do blog Biscoito Fino e a Massa que gentilmente linkou o Quintarola.
  • Com a espingarda de rolha. A Clau trouxe uma para o meu pequeno. Linda, linda, faz um barulhinho muito próximo daquele que as crianças simulam quando passam o dedo por dentro das bochechas. Conheci também uma linda Chapeuzinho italiana que, como vocês podem ver na foto, insistiu em desobedecer a indicação de Proibido Deitar pintada no banco do parque. Presente para a pequena. Obrigada, sócia!

Conto mais das férias aos poucos, enquanto vou desfazendo minha bagagem...




Bom estar de volta!
Ci

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

De férias

A partir de hoje, queridos leitores, o Quintarola estará de férias. Feliz Natal pra todo mundo e que em 2009 nosso quintal continue sendo do tamanho do mundo.

Inté,

_Cibbele Carvalho_

PS: Clau mandou um abraço a todos. Prometo tirar uma foto do abraço apertado que vou dar nela.

Outros beijos,

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Termina assim o texto "Velhos Brinquedos" de Walter Benjamin, sobre a exposição de brinquedos do Märkische Museum em 1928: “Evidentemente esse tipo de brinquedo (quebrado, rasgado, estragado) não se encontra na exposição. Mas uma coisa devemos ter sempre em mente: jamais são os adultos que executam a correção mais eficaz dos brinquedos _sejam eles pedagogos, fabricantes ou literatos_ mas as próprias crianças, durante as brincadeiras. Uma vez perdida, quebrada e reparada mesmo uma boneca principesca transforma-se numa eficiente camarada proletária na comuna lúdica das crianças.”

Lembrei desse parágrafo, logo que me deparei com a boneca da foto, propriedade da minha afilhada e quinteira phd, Isadora. Soube que a boneca quebrou o braço e foi tratada pela dona. O nome da boneca? Cada dia ganha um, depende da brincadeira.

É muito legal o trabalho dos Hospitais de Brinquedos, mas ainda não tinha visto reparo mais bonito. A esse olhar, à forma própria de agir das crianças é que chamamos cultura da criança e nela, inevitavelmente, os adultos são forasteiros.
_Cibbele Carvalho, cobrindo a sócia Clau, que hoje ainda pousa em terra brasilis (êba!)_

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sobre a urgência das coisas simples


Se fosse uma correspondência entre dois adultos, haveria vários parágrafos de frases prontas, declarações socialmente esperadas e conveniências vazias. Mas como são duas crianças, ficou assim:


De: Fulana Para: Beltrano
Beltrano,
Feliz Natal!
Fulana
***
De: Beltrano Para: Fulana
Fulana,
Obrigado
Beltrano
***
De: Fulana Para: Beltrano
Beltrano,
Dinada
Fulana

Uma lição sobre a urgência das coisas simples!
_Cibbele Carvalho_

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Os 10 brinquedos mais bacaninhas que já vi

E do PLEO faço um salto pra essa lista aqui. Inspirada pelas duas listas, a dos Brinquedos com Selo de Qualidade Quintarola e o Inventário da Cibele, comecei a pensar nos brinquedos que estao disponíveis hoje pras crianças e que são, a meu ver, um verdadeiro primor. Depois cada um pode fazer a sua.

1. Zizi, a macaquinha de Bruno Munari : é um brinquedo super simples, mas provocativo e versátil. Ultra-premiado, merecidamente.

2. Diabolo: o velho e bom brinquedo dos nossos avós,
recriado de mil-e-uma formas.





3. Tartaruga de tecido MUJI : Re-used Yarn Turtle : bichinho feito de tecido re-usado. Fofinha até nao acabar mais. Bem no japanese way of doing things.

4. Pesci, do designer Enzo Mari : um quebra-cabeças simplesmente divino, em resina.











5. Vaquinha do Mercado Central : existe coisa mais singela?


6. World in a bag MUJI - o mundo em lindas pecinhas de madeira, pra montar ao estilo d'O Pequeno Engenheiro (quem lembra?). Outra coisa linda dessa loja japonesa espalhada pelo mundo todo.


7. Animals puzzle, também do Enzo Mari : outro puzzle do extraordinário designer italiano. As peças sao encontradas em resina ou madeira, e podem ser também empilhadas umas sobre as outras.







8. Mikido – "barangandão" japonês: simplesmente adorável e divertido, como a versão artesanal recuperada por Adelsin em seu livro Barangandão Arco-Íris.








9. Espingardinha de rolha: meu filho me disse, aos cinco anos de idade, quando eu era ainda uma mãe radical e tentava lhe explicar por que nãao lhe comprava uma arminha de brinquedo: "Mãe, não se preocupe, essa é de brinquedo, não machuca ninguém, não! "


10. Caleidoscópio: uma das invenções mais geniais da humanidade,
em forma de brinquedo.






_Claudia Souza _

Brincando no Século XXI... ?



Não sei se já chegou aí no Brasil, mas aqui na Europa o top of line dos brinquedos pro Natal deste ano é o dinossaurozinho-robô PLEO.


Coisa extraordinária. Um personagem que parece saído dos filmes de Spielberg, capaz de reagir emocionalmente ao meio, perceber, reconhecer e interagir e mais ainda, capaz de aprender. Segundo os fabricantes, o poderoso grupo de robótica UGOBE, ele pouco a pouco vai desenvolvendo uma personalidade própria, única e distinta, através de suas interações com o ambiente e com as pessoas. Ou seja, é inteligente. Inteligência artificial das mais avançadas, num brinquedo que parece a materialização de nossos sonhos de ficção científica. É vendido ao preço módico de 300 euros (algo em torno dos R$900,00). Ou seja, mais barato que um PlayStation 3.
Tive oportunidade de vê-lo ao vivo numa loja de produtos de alta tecnologia e fiquei hipnotizada. Parecia um animalzinho de verdade. Nos poucos minutos que interagi com ele, me deu respostas que me deixaram embasbacada. Depois, é claro, comecei a pensar na Ética da coisa toda. Principalmente no que tem a ver com as crianças, com o conceito de brinquedo, etc, etc e etc.
Acho que isso daria um ótimo ponto de discussão por aqui. A bola “tá” com vocês. Quem começa?
Pra “embasar”: o site oficial do brinquedo, um vídeo do Youtube e as Informaçoes do Fabricante:
http://www.pleoworld.it/
http://www.youtube.com/watch?v=E0C55PEcj5E

INFORMAçOES DO FABRICANTE:
AS FORMAS DE VIDA UGOBE DEVEM PERCEBER E TRANSMITIR EMOÇÕES.
PLEO é uma criatura complexa e sensível. Reage emocionalmente aquilo que percebe. Se é amado e coberto de atenção, começa a se movimentar de modo vivaz e brincalhão. Se, ao contrário, tem pouca energia ou se sente ignorado, poderá se movimentar timidamente e ficar triste.
AS FORMAS DE VIDA UGOBE DEVEM SER CONSCIENTES DE SI MESMAS E DE SEU AMBIENTE. PLEO é naturalmente curioso: por sorte é bem equipado para explorar e reagir aos estímulos do mundo que o circunda. O seu sofisticado sistema de sensores inclui aparatos que tornam-no capaz de ouvir, ver e perceber seja o toque, seja o movimento. Este sistema lhe confere ainda a capacidade de reconhecer e interagir com os objetos em torno.
AS FORMAS DE VIDA UGOBE DEVEM APRENDER E EVOLUIR NO TEMPO
PLEO nasce com as mesmas habilidades de um recém-nascido. A medida em que avança através dos estágios de vida, a gama de seus movimentos e comportamentos se expande e a sua capacidade de aprender e adaptar-se ao seu mundo aumenta. No curso do tempo, você verá que PLEO desenvolve uma personalidade única e distinta, baseada nas interações com seu ambiente e com você.

_Claudia Souza _

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Inventário Sentimental dos meus Brinquedos

Texto dedicado à minha prima Lícia, sem dúvida alguma, a maior companheira nas minhas traquinagens e que me surpreendeu com um gesto muito doce_ presenteou minha filha com o Cascatinha dela, igualzinho ao meu boneco preferido e que eu já não tinha mais

• 1 Susie Carmem Miranda,
• 1 par de patins,
• 1 Barbie,
• 1 caixa de madeira e trapos de pano,
• 1 bola (preferencialmente para queimada),
• poucos metros de elástico,
• 1 boneco Cascatinha,
• alguns jogos e muitos livros.

Esses foram os preferidos. Já nasci no mundo do plástico, mas ainda a salvo da descartabilidade de hoje. Enrolados em calça plástica, acreditando na chupeta e na mamadeira como substitutos da pele, eu e minha geração. Dessa forma, minhas memórias (e toda memória tem alguma coisa de poética, até mesmo as de plástico) estão permeadas por essa matéria fria, lisa, barata, resistente e leve.

Até hoje sei o cheiro do plástico que envolvia o brinquedo novo. E a sensação estranha de ver a minha boneca presa em arames pelos pés, mãos e pescoço, numa caixa de papelão. Uso de propósito o pronome possessivo. Não havia a menor dúvida de que a boneca era minha, antes mesmo daquele encontro.

Ela vinha limpa, penteada, nova e aos poucos ia ganhando as formas da nossa convivência. As marcas das nossas brincadeiras. Peter Stallybrass desenvolve essa idéia citando Lear: "A minha mão cheira à mortalidade". Continua o autor_ é um cheiro que eu adoro e pelo qual a criança se apega ao cobertor, ao bichinho de pelúcia, ao travesseiro. E é por isso que as crianças não gostam de lavar esses “mimis”. Uma boneca de pano facilmente ganha o encardido e o cheiro que marcam essa particularidade. O carrinho de madeira ganha as cicatrizes de cada aventura. Mas o plástico se defende, não absorve o cheiro, não se modela às mãos. É impermeável.

Em tempos de consumismo, perturbamos um pouco a relação entre as crianças e seus objetos. Dificilmente uma criança marcará e será marcada tão intensamente por dezenas de bonecas loiras de plástico, como acontece com uma só. Stallybrass, no mesmo livro, afirma que Marx errou quando emprestou o termo fetiche da antropologia do século XIX e o aplicou às mercadorias, uma vez que a abundância de materiais só faz desvalorizá-lo.

A infância tem mesmo uma força própria. Ela escapa e se molda aos contornos dos novos tempos. Quando vejo uma boneca-bebê pintada à canetinha, um cabelo cortado ou um carrinho costumizado, só faço pensar em como a infância se rebela, insiste e resiste em deixar suas próprias marcas.
Quem mais topa fazer o seu inventário?
_Cibbele Carvalho_

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A História do Brinquedo


Essa história, ouço contar bem assim:

(E os créditos devem ir pra Lucia Cipriano, que é a responsável pela visita guiada do Museo del Giocattolo e del Bambino, de Milão.)



Imaginem há muito tempo atrás, um tetravô ou uma tetravó que andava pela casa recolhendo materiais pra construir um brinquedo. Tentem imaginar um mundo sem TV, sem internet, sem lojas de departamento e principalmente sem brinquedo comprado. Difícil, né? A gente acostumou em ver as coisas como são agora. Então, o tal tetravô ou a tal tetravó partia, por exemplo, de um cabo de vassoura unido a uma colher de pau através de alguns fios, e fazia um belíssimo cavalinho de pau. E com ele brincava de príncipe (que salvava a princesa), de princesa que salvava o príncipe - e aqui ela faz um parêntese longo: (… por que não? Princesas também podem salvar os príncipes, não é verdade, princesas adultas? E vocês, princesas crianças, depois de um pouco mais crescidas me contarão quantos príncipes terão salvado na vida), e continua: brincava de cavaleiro… cavalgava por todo o terreno inventando mil histórias, deixando voar a fantasia. Há muito tempo atrás, os brinquedos eram assim, pura invenção, porque as crianças de outros tempos não eram tão “sortudas” como as atuais, que tem os armários repletos de brinquedos... e assim precisavam inventá-los por si mesmas.
Depois, algumas pessoas adultas perceberam a importância do brinquedo na vida das crianças, e começaram a construir brinquedos em suas oficinas. Essas pessoas eram os artesãos. Foi assim que foram sendo criadas as bonecas de cerâmica, os primeiros brinquedos de madeira, que foram evoluindo, evoluindo, ficando cada vez mais complexos com a ajuda de engenhocas e máquinas já existentes (o mecanismo do relógio foi o mais utilizado), até virarem brinquedos caríssimos, comprados apenas pelos reis e nobres a seus filhos. Estes brinquedos eram quase sempre raros, mesmo para as crianças muito ricas, e, por eles, elas criavam uma estima imensa (eis porque muitos existem ainda!).
Os brinquedos artesanais reinaram absolutos por muito tempo, nas mãos ultra-cuidadosas dessas crianças nobres, que mal podiam usá-los em suas brincadeiras, sob o risco de vê-los despedaçados como resultado de uma ação mais contundente...
Até que, na Revolução Industrial, e isso já foi no tempo dos nossos bisavós, as fábricas passaram a se dedicar à produção de brinquedos. Novos materiais mais resistentes foram incorporados, como o ferro e outros metais. Já era possível não só brincar de modo mais livre, mas também às crianças burguesas adquirir um brinquedo. Cada vez mais brinquedos foram sendo produzidos nas fábricas e hoje, em larga escala de produção industrial, se encontra de tudo. O plástico, que é da época dos nossos avós, veio resolver definitivamente o problema da resistência e da leveza, mas principalmente do preço dos brinquedos. Depois do plástico, mesmo as crianças mais pobres puderam ter um brinquedo, o que é maravilhoso. Mas a entrada do plástico nessa história trouxe como substrato a irrelevância e a não-identidade do brinquedo. As crianças de hoje tem MUITOS brinquedos, mas se afeiçoam pouco a eles. Geralmente, não cuidam bem, tem pouco interesse, descartam muito rapidamente... A tecnologia invadiu o terreno e trouxe propostas interessantíssimas, outras nem tanto, porque um convite à passividade absoluta. E trouxe também, como não podia deixar de ser, um brinquedo mais individualista...
A história do brinquedo terminaria assim, de modo um pouco melancólico... Não fossem algumas crianças que, embora sejam mais “sortudas” que seus tetravós e possuam tantos brinquedos comprados, ainda se lançam na aventura de construir seu próprio brinquedo. O jogo de construção pode ser muito mais delicioso que um brinquedo comprado. E andar pela casa recolhendo os materiais disponíveis – antes que eles virem lixo – é uma atitude lúdica e ao mesmo tempo ecológica(eu já ando com preguiça dessa palavra, de tanto que é usada de modo vazio, mas ainda vale alguma coisa).
E o brinquedo “educativo”? Isso é outra história...
_ Claudia Souza _


Obrigada também ao Luiz Carlos Garrocho pelo generoso post sobre este blog no seu, linkado aqui.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Brinquedos com Selo de Qualidade Quintarola


O Natal vem chegando e somos bombardeados por toda sorte de anúncios de brinquedo. As crianças acabam fazendo suas listas, tendo por parâmetros o limitado universo dos anúncios televisivos. Até mesmo os canais fechados e ditos “pedagógicos” renderam-se. Há algum tempo são oferecidos, pelos olhos da cara, releituras das mesmas bonecas loiras, dos mesmos carrinhos e suas pistas, dos mesmos bebês que falam...
Especialistas se debruçam na tentativa de elencar critérios: adequação à faixa etária, gênero, segurança, impacto ambiental. No meio de tanta informação adulta, muitas vezes perdemos de vista o mais essencial no brinquedo: Sua capacidade de convidar a uma boa brincadeira.
Para aumentar as opções de escolha, sugerimos um pulinho (acompanhado das crianças) numa boa loja de brinquedos. Tente ver pela ótica infantil. Qual brincadeira tem provocado o gosto da criança? Quantas possibilidades de brincadeira o brinquedo traz? Ouça as razões da criança. Mostre outras possibilidades. Deixe-as pegar, cheirar, testar. Não se engane_ brinquedo educativo nem sempre é legal. Brincadeira não deveria ter que ensinar nada. Aliás, brinquedo, assim como a arte e a filosofia, está na categoria das inutilidades imediatas. Eles ficam melhores sem as rubricas, erro cometido por alguns dos sites linkados abaixo, que tentam explicar, classificar, categorizar, analisar, dissertar e por fim, dissecar taxonomica e ontologicamente o coitado do brinquedo.
Para mostrar que há muita coisa bacana por aí, selecionamos alguns brinquedos com SQQ (Selo de Qualidade Quintarola). Os brinquedos fabricados por grandes marcas não serão aqui lembrados, porque é quase impossível esquecê-los:

FABER CASTEL
kits criativos
LOJA TRENZINHO ON LINE – BRINQUEDOS EDUCATIVOS
Minha perspicaz sócia me alertou pra uma questão em que eu não havia pensado: a tenda de índio é bem americanizada. Mesmo assim, não a tirei da lista por representar uma opção mais genuína às barraquinhas de personagens e porque, se tivesse do meu tamanho, eu adoraria ganhar uma (ah, as incoerências do desejo...)! Mas fica aqui uma oportunidade de reflexão, inclusive para ser feita com as crianças e seus fortes apaches.
DRAGÃOZINHO – BRINQUEDOS CRIATIVOS
O interessante dessa loja é que ela classifica os brinquedos pelo material: metal, madeira, plástico... Pelo menos é uma classificação bem mais próxima da cultura da criança. Vale a pena ainda dar um pulinho no Almanaque do Dragão.
PEÇA RARA ARTES E OFÍCIOS
CAIXA DE BRINQUEDOS – BRINQUEDOS EDUCATIVOS
BATE BUMBO
Tacobol que também é conhecido por Taco ou Bentes Altas. Na Tok Stok também tem, embora não seja possível visualizar pelo site.
BONECOS CAMILA DESIGN
Lindos bonecos do bem que são vendidos aqui.

E finalmente, pra não parecermos nostálgicas...

Obrigada ::Fer:: pela dica de configuração em html.
_Cibele Carvalho_
 
BlogBlogs.Com.Br