sábado, 11 de julho de 2009

Tudo certo mas tá esquisito


Tem alguma coisa errada - ou que eu não entendo - com esse conceito de "inclusão". Muito bonitinho, muito politicamente correto. Mas esquisito. Pra dizer a verdade, pensando sobre essa questão tenho mais dúvidas que certezas. Mas vamo' que vamo'.

Não tem menino de todo jeito? Então por que alguns são já "naturalmente" incluídos no Sistema Escolar, definidos e catalogados como "normais" e outros tantos não? Esses "outros" geralmente desconhecidos, quase indecifráveis pela Pedagogia dominante, que trazem sua essência pra uma sociedade incapaz de olhar um pouco além do próprio umbigo, não teriam também um direito "natural" a um Sistema que abarcasse também suas necessidades e seus desejos? Não são cidadãos com iguais direitos? Por que, por causa da ignorância pedagógica, continuam de fora mesmo se o caridoso Sistema tenta criar estratégias pra "incluí-los"?

Como seria um sistema realmente democrático de Educação? Será isso uma das minhas inúmeras utopias? Ou será que não estaria na hora da Escola, em vez de ficar elocubrando qual o melhor (até mais justo) modo de "incluir", parar e pensar em um Sistema mais eficiente pra todo mundo, sem categorizações absurdas?

As experiências de inclusão de que tenho notícia são sempre tão limitadas e frustrantes. Não poderia ser diferente se se começasse derrubando esse conceito mesmo? E se partisse pra um Sistema que favorecesse e cuidasse da diversidade ao mesmo tempo que da igualdade de oportunidades? Sem considerar as pessoas em "blocos"?

Desde a arquitetura, até os currículos, passando pelos agrupamentos, pela avaliação e atravessando a formação do professor, esse Sistema não seria capaz de olhar um pouco a si mesmo e se reinventar? Por que continuar na estrada previsível dos já-vencedores, dos já-fracassados e dos incluídos-excluídos? (Se a gente fizer uma pesquisa séria nas classes de maternal, baseado em algumas características das crianças, já pode dizer quem vai ter sucesso, quem vai fracassar e quem vai ser excluído na/pela Escola).

De um lado um Sistema imutável. Do outro os "diversamente hábeis", nome da vez pra um grupo de pessoas (e não quadros ou nosologias ou diagnósticos ou o que quer que seja) que não se beneficiam porque estão à margem ou se beneficiam pouco desse Sistema.

Ou seja, o que precisa ser mudado? As pessoas ou o Sistema? As pessoas são como são. Estão aí, esperando e exigindo RESPEITO. O Sistema, ao contrário, por mais "natural" que possa parecer, foi inventado. É portanto sujeito a revisões. E transformações.

Eu sou otimista.

_Claudia Souza_

Atualização em 31 de julho: este post não está defendendo que não exista a diferença, a diversidade. É claro que cada grupo deve lutar por seus direitos como grupo e diluir isto enfraquece sua luta. Estou refletindo que diversidade não é nem pode ser desigualdade. Que TODAS as crianças têm direito a participar igualmente dos sistemas educativos, e que para isto o sistema, a meu ver, pode e deve ser revisto.

2 comentários:

Cibbele Carvalho disse...

Interessante, Clau! Parece que as pessoas não estão preparadas para lidar com o diferente. Uma vez ouvi de uma professora da Maria Cecília, uma aluna nômade, como vc sabe: Não tem jeito, o aluno que começa aqui desde o maternal é diferente! Bela sentença, não ?

Anônimo disse...

è sempre mais facil catalogar que compreender. tinha que mudar o sistema mesmo e tem experiencias legais mostrando que è possivel.
F.

 
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