quinta-feira, 16 de julho de 2009

O papel do pai _outra crise

Na psicanálise, o pai é o outro, aquele que vem intervir na relação umbilical mãe-filho. O pai tem importante missão no crescimento e na definição da identidade do filho. Não é à toa que alguns médicos o convidam a cortar o cordão umbilical na sala de parto.
Vão aí dois poréns: 1) Essa história toda é simbólica. 2) O papel do pai varia socialmente.

Não podemos deduzir que é função exclusiva do pai colocar limite, por exemplo. Ou que ele esteja impedido de ser amável e protetor. Ou que seja direito da mãe se fundir ao filho. De forma que a psicanálise, lida assim ao pé da letra, tem ajudado pouco aos pais que estão à procura do seu lugar.

Biologicamente, o pai também é pouco definido. Não nutre, não empresta seu corpo. E até a sua força física pôde ser dispensada, pós idade das cavernas.

Socialmente, então, a coisa anda ainda mais embolada. O pai não é mais aquele que se define pelo provedor. Lá vão as mães pro mercado de trabalho. Aliás, contou-me certa vez a Ângela (cientista social e sócia-proprietária de um blog extinto hilário), que os benefícios de programas assistenciais do governo são entregues preferencialmente às mães, porque os pais somem no mundo com o dinheiro.

Instalada a crise da paternidade, só consigo pensar em um conselho aos pais perdidos: A única certeza é de que são importantíssimos. Não diria imprescindíveis, porque o ser humano é altamente adaptável. Que estejam juntos, participem e lutem pelo próprio espaço dentro da família, da escola e da sociedade. Critiquem as circulares remetidas às mães, criem blogs, solicitem trocadores no banheiro masculino, experimentem a sensação de carregar um bebê num sling, peçam um papel no parto, elejam rituais próprios dentro da família e arquem com o trabalho que isso tudo dá. Ah, sim, dá muito trabalho!!! Façam como o Maurício (meu pai) que reclamou por estar fora da pauta. Enfim, façam-se indispensáveis.

Cada família inventará o papel do seu pai e o importante é que ele tenha um, preferencialmente como protagonista. Ajudar é tão pouco!
Cibele Carvalho

17 comentários:

Anônimo disse...

ihhhh agora que inventaram o esperma artificial então fia, a coisa vai pras cucuia hahaha
F.
(Muito lindo seu texto, Cibele)

Cibbele Carvalho disse...

Obrigada, F. É mesmo e ainda tem essa história de esperma artificial!!! Há mais incertezas que certezas, né?

Claudia Souza disse...

O grande risco que eu acho do pai atual é cair numa dessas: ou "vira mãe" e fica meio babão, o que não combina com homem, é feio demais rsrsrs ou então se ausenta, entrega a criação dos filhos pra mulher. Duas péssimas saídas. Mesmo em crise, perdido, é possível achar seu lugar, devagarinho, observando primeiro, ganhando terreno. Importante demais o lugar e o nome do pai pras crianças. Protagonista, como você disse.

maysa disse...

Cibele
Delicada e sensível sua exposição sobre o papel do pai.
Que bom ! jovens mulheres firmes e doces.
Um abração
Maysa

Cibele disse...

Clau,
Sei lá, perigoso falar que é feio, não combina com o homem...na verdade, é feio na mulher também esse exagero...E sem falar que além de muito raro, é ainda melhor pecar pelo excesso, não?

Maysa,
Obrigada, viu? Fiquei curiosa sobre onde foi que você viu nossa juventude...
: )
beijos

Claudia Souza disse...

Ahh, Cibbele, sei não, viu. Eu acho feio mesmo. E mais feio no homem que na mulher. Além de não ser muito incomum não, viu? Pode ser que na tua geração os homens já estejam se resolvendo mais, da minha pra trás teve uma ondada de pais babões que nem te conto. Pra terminar a discordância total entre Quinteiras mais-que-queridas ha ha ha também duvido que seja melhor pecar pelo excesso. Eu tenho um medinho de excesso, minina! =) Entre os dois, prefiro de longe a falta.

Claudia Souza disse...

Também encuriosei sobre a Maysa. Gostei tanto do teu blog! Bem-vinda.

Maysa disse...

Cibele,

O SER QUINTEIRO.
Como vês, não é só chamada pro blog é o espírito arteiro-criativo.
Bem, juventude prá mim pode ser desse jeito...
E prá vocês?
Adoro o blog de vocês.
bjs Maysa

Maysa disse...

Ô Claudia, que bom !!
Pelo "encuriosei" que " O Ninho..." pode estimular. Estou com pouco fôlego e tempo,para escrever com mais assiduidade,minha casa está um canteiro de obras e as plantas de verdade e eu precisando de cuidados.
O Quintarola e seu comentário fazem um pouco isso.
Beijão
Maysa

Claudia Souza disse...

Maysa, a Cibbele é pura juventude sim! ha ha ha Já eu sou meio tardia, mas me seguro bem no espírito Quinteiro er er er
Bom dar e receber cuidados teus. Sinta-se em casa que a sombra aqui é fresquinha =)

cibele disse...

Maysa,

Adorei o seu blog também! Um quintal vizinho assim é uma belezura!

Vai pra lista ou não vai, sócia?

Beijos

Claudia Souza disse...

Vai! Vai! Vai! =)

QUINTEIRAS disse...

Clau, eu ia discordar de você até sob tortura se não tivesse ido ao cinema hoje à tarde assistir A Era do Gelo 3. Não digo que chego a concordar, mas relativizei um pouco. Virou post, ou melhor, série de posts...

Maurício César de Carvalho disse...

Pois é, inicitei e fui citado! Percebo que a grande dificuldade de todos nós, inclusive das blogueiras de plantão, é achar um padrão. Depois do estilo machista, rude e grosseiro, nós homens que se metem a ser pais nos achamos cada vez mais perdidos. Coisa que nunca consegui ser, mas que dominou o consciente de todas as pessoas, tanto homens e mulheres. Daí a superavaliação que desvaloriza e intimida, ou pelo menos me causou sérios problemas de autoavaliação. Mas esta fase passou ou pelo menos se atenuou, mas o que ser daqui por diante? Babão ou excessivamente zeloso?
Minha fase de pai praticamente se encerrou, mas o que se dirá ao homem daqui por diante? Difícil! O que eu gostaria de evitar são os lugares comuns, os caminhos estreitos que as estigmatizações oferecem. Mesmo porque tudo é uma questão de educação. E educar é uma das tarefas mais espinhosas que nos é entregue pela vida. Pai e mãe deveriam se misturar como ser único para dar conta, pois para um ou para outro, mutuamente excludente, é missão quase impossível. E é importante que nesta unicidade de referências paternais haja inconstâncias, diferenças de jeitos, pensamentos e ações. Afinal já se diz que do conflito nasce a luz, a terceira via, o caminho mais consistente. Esta minha conclusão reforça a idéia de que o pai pode ser babão ou rude se a resultante dada pelo seu comportamento e pelo da mãe favorecer o caminho do filho.

Claudia Souza disse...

Ei, Maurício. O bom pai à casa torna hehe Achei um barato saber que você é o pai da Cibbele, adorei teu blog. Escrevo rapidinho saindo pro aeroporto (é tempo de férias aqui) mas não podia deixar de te responder. Não repare essa história do "babão". Isso era uma brincadeira que eu fazia com um monte de neo-pais amigos meus e a gente ria muito. Eu dizia "que feio, um barbado desses!" (acho feio mesmo, mas fazer o quê? ha ha ha).Bem, falando sério, concordo com você, na verdade cada um deve ser o pai que é e que dá conta, feio ou não, babão ou excessivamente zeloso, desde que se disponha a ocupar esse lugar. Fez, meu caro, é teu.E lugarzinho difícil taí. Mais fácil desocupar. Mas quem desocupa não vê o melhor da coisa, porque ser pai deve ser e ser mãe é bom demais. Abração!

Cibele disse...

Eu nem vou elogiar o comentário porque sou suspeita. Mas aproveito pra agradecer a oportunidade, pai, que vc abriu da gente discutir aqui esse assunto.

Boa viagem, Clau! Aguardamos a sua deliciosa série de posts de viagem...

cibele disse...

Blogueiras de plantão...peraí, Clau...ele estava nos tirando?

 
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