quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Então...


--> A origem do Terceiro Mundo, obra de Henrique Oliveira na Bienal de SP
Era justamente isso que vinha me tocando nesses últimos dias. Da dificuldade de falar com (mais do que para) crianças sobre alguns assuntos. Uma cena bem bacana aconteceu quando fui assistir Que História é Essa, peça do Real Fantasia que indiquei aqui. Uma cena bem bacana aconteceu também na platéia. Uma criança pergunta em alto e bom som: Ele morreu, mãe? A mãe tranquilamente responde: O personagem morreu. Assim, com cuidado, mas sem floreamentos.

A Adriana me contou outro dia, por e-mail, que o caminho escolhido pelo Clic para abordar a filosofia com a crianças passa pela localização daquilo que é um nó para os adultos.

Não é que ela tem razão? A morte, o sexo, a arte contemporânea tem em comum o fato de serem assuntos de que a gente pouco sabe, ou com os quais a gente não quer se defrontar.

Acho que abordar esses temas com as crianças passa também pela coragem em assumir o que não se sabe_já que mesmo com o preparo, não é toda hora que podemos contar com a presença de espírito daquela mãe.
Mais do que aprender respostas, as crianças podem aprender a formular boas perguntas...
_Cibele_


16 comentários:

Claudia Souza disse...

Assino embaixo. Aprender a perguntar sim é que é uma Arte.

Embora ter a chance de obter respostas claras de gente que entende MESMO do assunto também seja uma bênção.

Cibele disse...

Ô...é uma benção mesmo...mas ali tem adulto que diz "não sei o que é arte, não há consenso" e tem crianças que sabem fazer perguntas para aquelas obras.

Não há perguntas, por exemplo, sobre o sentido das obras.

Claudia Souza disse...

Isso é.
Mas essa resposta "não sei o que é arte" me convence, porque realmente a arte contemporânea não tem uma definição consensual mesmo. Ou tem?

Fernanda disse...

Ô Ci, eu sou muito impressionada com a sua capacidade de encontrar grandes significados em pequenas coisas.
Continuo querendo mais papos com você. Beijos!

Cibele disse...

Clau,
Não acho problema nenhum afirmar que não há consenso sobre o que é arte...achei uma resposta muito honesta...na mesma linha do que eu escrevi aí em cima...de assumir a dúvida, a incerteza nessas conversas. Tendeu? Acho que vc leu como crítica, mas não era não...

Fefê (és tu, né?)
Obrigada, querida. Deixa eu desafogar desses livros que a gente inventa uma desculpa para uma saída urgente!

Claudia Souza disse...

Ah, tá, achei que você tava vendo isso como furada da matéria. Deve ser porque você começou com "mas" hehehe e eu já fui lendo como objeção. Agora tendi =P

Cibele disse...

É...foi o "mas"...eu estava querendo dizer o seguinte...receber respestas é bacana, mas o diferencial entre aquelas respostas é o "não sei". Não é qualquer tipo de resposta, mas uma resposta que aceita não responder.

Fernanda disse...

A Fernanda aí em cima sou eu, Fer W...

bjs!!

Dani disse...

Lembro-me sempre de um texto que li há tempos e que dizia que toda criança é um pequeno filósofo: olha o mundo com o deslumbramento e admiração, e então começa a fazer as grandes e clássicas perguntas, como os primeiros amantes da sofia, que num momento deixaram de aceitar as explicações mitológicas para indagar o mundo com os olhos da razão. Por isso as crianças são exímias “perguntadoras” (com o perdão do neologismo). Muitas vezes, quando o Gabriel era pequeno, ele me fazia algumas perguntas e, antes de eu tentar responder, do alto da minha ignorância, eu devolvia a pergunta pra ele e ouvia as coisas mais lindas e poéticas sobre o porquê de a lua não cair, para onde ia aquela estrela cadente, onde ele estava antes de nascer, como o mundo começou... Também acho que não perder esse manancial de se deslumbrar com o mundo – exterior e interior -, e de escarafunchá-lo, o mais importante, sempre. Porque as respostas estão sempre em processo, são sempre incertas e temporárias, enquanto as perguntas guardam a inegável verdade da fome de conhecimento.

Cibele Carvalho disse...

Fer, querida, desculpe! Mas pra vc eu responderia e-xa-ta-me-te a mesma coisa. hahahahahahahaha...
Topas uma cervejinha em breve? Fiquei doida pra conversar com vc sobre o espetáculo.

Dani, adorei a forma como você colocou...e a sensibilidade da sua escuta...A gente aprende mais com as visitas sabidas...

Fernanda disse...

Oba! Cervejinha! Topo demais! :)

Claudia Souza disse...

Vai, vai, me deixem com água na boca, eu aqui de tão longe sem poder ir no Balaio de Gato. Nhaaaaaaaaaaaa

Cibele disse...

No Balaio a gente não vai porque nunce sei chegar sozinha...hahahahaha

Fernanda disse...

Gente, mas eu te ensino a chegar no Balaio, não seja por isso... rs..

Cibele disse...

Fer, não é pra te desanimar não, mas da última vez em que eu me perdi indo pra lá com o mapa do google na mão, meu marido no telefone, vários taxistas e frentistas gentis tentaram se engajar nessa missão sem muito sucesso...hahahahahaha

e não é que o balaio seja mal localizado...definitivamente não se trata disso...mas é que eu acho ler Kant muitas vezes mais fácil que me deslocar até lá.

Cibele disse...

aproveito pra expressar um certo saudosismo da boemia belorizontina de anos atrás...sábado, véspera de eleição, achei o Lucas/ Maleta (lugar mais propício para representar o dia)às moscas. Fora o Lulu e o Pelé (Pelejando) vendido para a Kaiser...Esses fatos representam uma forte desmobilização das minhas causas...hahahaha...pensando bem, preciso mesmo aprender direito o caminho do balaio.

 
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