segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A criança, a cultura e a natureza - voltando pra casa

Seja na praia ou na fazenda, as férias escolares são uma oportunidade para que as crianças interajam com uma grande educadora: a natureza. Montar num cavalo, pegar onda, subir na árvore, nadar no rio, tirar leite da vaca são grandes aventuras que exigem um cálculo delicado dos riscos.

Entre o medo paralizante e a coragem desprecavida, a natureza exige respeito, ouvidos atentos, olhos vigilantes e uma boa dose de entrega. Uma lição que as crianças aprendem no lido com os animais domésticos e que se intensifica em alguns dias na praia ou na fazenda.

Brincar de pique-esconde sob a luz tímida da lua e a sombra cheia da noite, vencendo o medo obtuso do escuro e respeitando o perigo esquecido de pisar num formigueiro. Montar num cavalo grande e viril, vencendo o medo do comportamento imprevisível do bicho e respeitando o perigo esquecido de sua própria impulsividade. Nadar e experimentar novas formas de equilíbrio do corpo em um novo ambiente, com peso e volumes diferentes.

As fêmeas que abandonam as ninhadas, tetas insuficientes, machos que devoram fêmeas e filhotes, quebrar a casca do ovo, secar as asas recém saídas do casulo, machos que cuidam dos filhotes, primeiro vôo, fêmeas que caçam, coitos, cios, bandos, metamorfoses, cadeia alimentar, partos e mortes.

É verdade que há um certo conservadorismo na cultura da criança que se esquece de pensar a contemporaneidade como também cultura da criança. No entanto, abrir mão da natureza educadora em detrimento de representações televisivas ou librescas tem lá o seu custo...
_Cibele_desfazendo as malas e digerindo as lembranças das férias

14 comentários:

Claudia Souza disse...

Opa! Uma Quinteira voltou, mas a outra ainda vai estender um pouquinho as "férias" (férias nada que aqui nessa época do ano o bicho pega!)
Boa volta ao Quintal, Ci!
Beijocas!

Adriana Spacca Olivares Rodopoulos disse...

Concordo plenamente, Cibele!

O diacho é quando tudo isso tem dia e hora prá acontecer, com as agendas das monitorias dos hotéis.

Eu realmente, não entendo pq tudo tem que ser tão pro-gra-ma-di-nho para as crianças até nas férias!

Pq as coisas não podem ficar a disposição?

Bjs

Adriana

Cibele disse...

Exatamente, Adriana! E o pior é que a programação é frenética...um ritmo incompatível com o da natureza, que até tem lá a sua programação. O nascer do sol tem lá a sua hora, mas tem uma duração diferente...

Agora, me diz como se escreve pôr-do-sol na nova grafia? Por do sol??? Sem chapéu nem hífem??? Ah, não... perdeu metade do romantismo...

Cibele disse...

Pois é sócia, voltei, fui de novo e voltei outra vez!

Adriana Spacca Olivares Rodopoulos disse...

Puts, nem me fale, preciso comprar urgente um livro sobre a nova ortografia.Por enquanto vai do jeito que era mesmo!

Bjs

Adriana

Claudia Souza disse...

Lembrei de uma vez que eu cheguei no CLIC e um menininho de uns três anos no máximo me disse: _ Hoje vai chover! E eu: - Uai, mas como você sabe? Ele botou o dedinho do nariz e disse: - Ta com um cherinho de chuva hoje.
Isto é, esse felizardo tinha a privilégio de viver ao ar livre a maior parte do dia!
Essa era uma das nossas batalhas por lá. Tudo bem que em época de chuva era meio duro, dava mais trabalho guardar a meninada dentro da casa pequena hehe, né pessoal, mas mesmo assim a gente nunca pensou em cobrir o quintal! Ar livre é tudo de bom.

Adriana Spacca Olivares Rodopoulos disse...

Pois é, Claudia, e o melhor de tudo é que depois da chuva ficam as possas e a terra que vira barro. Oh festa boa!!!

Claudia Souza disse...

Eles vão atrás das poças e do barro né hahaha E não adianta as mães e as professoras se desesperarem! hahaha
Vai gripar! Vai molhar! Vai sujar! E o menino se esbaldando na poça.
hahaha Sábias, as crianças.

Luiz Carlos Garrocho disse...

Sim, um artigo que nos lembra de coisas essenciais! E isso me dá uma saudade de um Brasil que vai ficando na lembrança... Ou asfixiado nos parques temáticos.

Bom mesmo é casa de avô e de avó no interior! Poder ir para uma fazenda...

As nossas relações com o interior, com a vida nas pequenas cidades.

O bucolismo é meio piegas, não é? Mas nada como uma aventura qualquer fora do perímetro dos shoppings... Ou das "cidades oficiais"!

Viva a vida de uma brecha que se abre! Um pouco de ar...

Um belo artigo.

Cibele disse...

Eu não sei o que acontece que quando o Garrocho elogia, a gente fica invadido de uma certa metideza...hahahaha

Falei do conservadorismo da cultura da criança (pelo menos da que a gente que estuda isso, define como tal), um certo apego ás tradições, mas lembrei da distinção entre costume e tradição do Thompson, da qual já falei aqui, e me lembrei que nesse conservadorismo há também um quê de rebeldia, né? Se fosse coisa de menino, a gente dizia que era teimosia....Uma teimosia contra o confinamento cultural (Perroti) a que as crianças estão submetidas. Pensei aqui, agora, com os meus botões, no quanto essa dicotomia culturaXnatureza talvez seja deficiente para se pensar a infância, né?

Claudia Souza disse...

Não serve não. Mesmo porque a cultura da criança é cheia de natureza, não vive sem.
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Casa de vô e de vó no interior. Verdade, isso sim é que ERAM férias boas. Porque agora, tenho notado que até o interior anda meio contaminado de "metropolicidade". Deve ser "essa tal de globalização ae, ó".
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Elogio do Garrocho é de ficar metida messss =)

Unknown disse...

Samuel com bichos da Savana, puxou o papo da sala. Apareceu um Tucano Ana perguntou quem conhece esse bicho? Aí Samuel - Eu!! Vi no hotel fazenda nas férias.

Cibele disse...

hahahaha...praticamente um biólogo mirim...uma mistura de fascínio e medo, né Cris...

Que alegria ter meus pequenos nessas mãos, viu!

Conseguiu baixar as músicas do tabba?

Cibele disse...

hahahaha...praticamente um biólogo mirim...uma mistura de fascínio e medo, né Cris...

Que alegria ter meus pequenos nessas mãos, viu!

Conseguiu baixar as músicas do tabba?

 
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