Durante a mesma observação na escola em que fui testar o adulto atípico, me tornei aprendiz de bafão. Meu mestre é um menino de cerca de 10 anos, que diz estar na dúvida entre ser médico ou jogador de futebol.
Aprender a jogar com alguma criança, implica em estar disponível para a metodologia de ensino infantil, que consiste em pouca falação, muita observação e treino.
Ninguém te diz quando é que se usa adedanha, 2 ou 1 ou par ou ímpar, mas você acaba sabendo. Fui assim, seguindo o fluxo, até que meu mestre se irritou.
_Cibele, seu dedo bate no chão antes da sua palma, por isso o fusquinha não dá certo!
Fusquinha é o tapa dado com as mãos em concha, ao lado do monte e não em cima dele. O que vira as figurinhas é o ar que sai de um pequeno buraquinho deixado na ponta dos dedos.
Pergunto se quem vira ganha a carta virada e ele me explica que não jogam valendo, afinal, o saquinho custa 80 centavos (!!!) e que aquelas figurinhas foram dadas por fulana, possivelmente uma menina um tanto mais querida que as outras.
Ah, e melar não vale! Melar é demorar muito com a mão em cima da figurinha quando a manobra é em cima dela, para que ela grude na mão. Afinal, bafo é bafo, ou não chamaria bafo (vento), me explicam.
Quando me despeço, ele adverte de que devo treinar mais. Meu fusquinha não tá bom, não.
_Cibele_
Aqui, sobre adultos que jogam bafo de um jeito, vamos combinar, bem mais simplório.
2 comentários:
Aqui na Itália não tem o bafão, eles fazem o "scrocco", que é um ir pedindo pro outro as figurinhas que faltam até conseguir que o outro dê. Esse nome pode ser usado pra tudo que você pede pros outros meio na cara dura =)
Nesse período, um grande supermercado daqui botou uma promoção de um álbum de figurinhas da Disney que está enlouquecendo os adolescentes, mais até que as crianças. Davi (16 anos) recomeçou a carreira! Eles estão enlouquecidos com esse tal álbum, será o quê que acessou eles?
kkkk, gostei do scrocco. Uma coisa que eu tenho vontade de pesquisar são as estratégias de troca entre as crianças. A lógica da troca do papel de carta, do adesivo e da figurinha. Eu acho que isso muda muito entre os grupos infantis. Uma vez a minha filha me contou que as amigas dela não trocam repetidos, mas adesivos únicos também. Perguntei o porquê e disse que quando eu era criança, trocava só os repetidos, que a gente comprava duplicado pra guardar um e trocar os outros. Aí ela me falou que assim não tinha graça, que o importante da troca era dar alguma coisa que você não teria mais. Uma lógica diferente, né? Fica pro doutorado.
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