segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Rei Leão




Leitores queridos, desculpem o sumiço. Fiquei apertadíssima de costura, dividida entre estudos e um trabalho novo que me apareceu. Além disso, o filme o Rei Leão estava disputado à tapa na locadora. Vim a saber depois, por ser tema de trabalho na universidade. De fato, o filme já foi minuciosamente deslindado em artigos de psicologia, sobretudo se comparado a sua referência literária, Hamlet e a hesitação em vingar a morte do pai, já que essa mesma morte é fonte de prazer infantil.

Não vou ousar seguir esse caminho aqui, por absoluta falta de conhecimento pra tanto, mas vou apenas frisar alguns aspectos que me chamam atenção. Tal como em Bambi, o Rei Leão trata do aspecto peculário da filiação. É um dado que pode ir da simples referência ao peso da projeção. Bom, enquanto falamos de referência, essa é bem vinda. Por aqui ou ali, vários são os textos em que o GPS vem sendo usado como imagem para um possível desnorteamento das jovens gerações. Apesar disso, o pequeno Simba me agonia quando resolve seguir o seu dever. O pai lhe diz: quando você me esqueceu, esqueceu-se de quem é. O herdeiro olha a sua imagem refletida na água e vê o próprio pai. É verdade que o rei/pai é um bom exemplo, que no fim tudo deu certo e que o novo rei salvou a savana. Mas ainda assim acho a história muito redutora do horizonte de possibilidades do humano. O pai é uma sombra, um fantasma, apesar de o Rei Leão ser o único desenho a mostrar o corpo morto de um dos pais. Embora recorrente, a morte de um dos pais (em geral, da mãe) é sempre sugerida: a mãe de Bambi, a mãe de Cinderela ou a mãe de Nemo. Sem querer divagar, mas já divagando, há um livro sensacional chamado Maneiras Trágicas de se Matar uma Mulher. Alguém devia escrever o Maneiras Disneynianas de se Matar uma Mãe.

Voltando ao filho de Mufasa...o tema é hamletiano, mas há alguma coisa faltando ali. Na obra de Shakespeare, Gertrudes, mãe de Hamlet, casa-se com Cláudio, irmão do falecido rei e pai de Hamlet. Quando luta pelo pai, de alguma forma, Hamlet está seguindo seu próprio caminho porque vai contra o desejo da mãe. Simba, por sua vez, nem sabe onde está seu desejo. Ele está fadado a sempre desejar o desejo do outro.

Por fim, me incomoda o papel destinado às fêmeas. Se é o grupo de fêmeas que não só luta ao lado de Simba para forçar Scar (o tio traidor) a abandonar o trono, mas se também são elas que salvam Simba de Scar e as hienas, porque é que elas obedecem a tradição e permitem a quase destruição da savana por Scar, enquanto esperam pelo macho herdeiro do trono?

Como diria Hamlet_ Ser ou não ser: eis a questão. (...) O resto é silêncio.


_Cibele_

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Seguinte: Semana que vem a Clau taí. Bora todo mundo tirar a poeira, abrir as cortinas, botar pra quarar ao sol e tirar todo capim. O Quintal tem que estar bonito pra quando ela voltar, heim!


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