Esse é um conceito que inventei há uns tempos atrás e que incentivava muito os educadores e pais a utilizar. Agora, na minha onda pessoal de conceituar tudo e todos, resolvi escrevê-lo e percebi que, mesmo obviamente não sendo totalmente meu (todo conceito provém de outros muitos conceitos, este deriva principalmente do conceito de “analisador” nos estudos de Análise Institucional) é um conceito que saiu da minha experiência como educadora e orientadora de pais.
Sempre preferi usar medidas lúdicas a medidas pedagógicas, ou a conselhos, por exemplo, sempre me senti melhor com elas e sempre considerei muito mais extensos (e intensos) os resultados que obtive, seja com grupos de crianças que com adultos.
Medidas Lúdicas são intervenções constituídas de frases, atitudes, comportamentos ou ferramentas leves, mas pontuais o suficiente para resolver ou analisar determinadas situações através do uso de elementos lúdicos, provocando, com sua simplicidade e poesia, muitas vezes irônica, uma reflexão profunda sobre determinada realidade.
As crianças as usam continuamente, é um seu modo de lidar com quase tudo. Nós adultos, para usá-las precisamos de certa consciência a seu respeito, e de muita reflexão, pois em nós raramente são espontâneas. Exceto nos palhaços e em alguns artistas muito agudos.
Não é coisa fácil usar uma medida lúdica, mas se a gente observar bem elas estão em toda parte, fazendo as pessoas pensarem e mudarem de atitude. Hoje mesmo dei de cara com uma, numa notícia de jornal em que hackers instalaram um vírus no site beautifulpeople.com, e fizeram com que o famoso software que divide as pessoas entre “belas” e “feias” (expulsando as últimas e fazendo as primeiras pagarem uma mensalidade de 25 dólares pra figurar entre os belos), de repente e inexplicavelmente aceitasse mais de 30 mil pessoas totalmente fora de seus padrões estereotipados de beleza. Esta intervenção colocou em cheque todo um sistema de poder e de verdades estabelecidas, ao menos por um breve período de tempo.
Tem o cara que dança na estação de metrô na hora do hush, a professora que “perde a voz” quando as crianças estão fazendo muito barulho na classe, a mãe que coloca o cocô de plástico em cima da mesa do jantar pra conversar com o filho bagunceiro, o jornalista que se infiltra na festa VIP pra tirar onda com os convidados… enfim, são muitos os exemplos. Se vocês prestarem atenção, vão ver que existem muitos resistentes que se utilizam dessas medidas pra fazer valer, ludicamente, alguns valores já tão depreciados socialmente.
_ Claudia_
8 comentários:
Inventar um conceito dessa natureza é uma medida totalmente lúdica! Adorei a inspiração filosofial. Vou adotar!
Eu ando nessa onda de inventar conceitos. Tem sido um jogo bem divertido. Tenho feito ate com as pessoas importantes pra mim. E' um otimo exercicio cognitivo.
Gostei, vou inventar uns aqui também.
Pelos exemplos que vc deu, uma medida lúdica parece ser um tipo de faz de conta em que você entra na lógica de um jogo que não é o seu justamente pra questioná-lo. É assim?
A gente devia tomar umas medidas lúdicas aqui no Quintal, viu! Por exemplo, a gente devia passar um tempo sem falar sobre o que a gente quer. Assim, eu posto um assunto sobre o qual eu queria te ouvir e vc tem uma semana pra escrever sobre ele. E vice-versa. Topa? Mas você tb pode tomar uma medida lúdica e falar que não topa...hahahaha
PS: Onde vende cocô de plástico?
Hum. O teu conceito de medidas lúdicas é um pouquinho diferente do meu hehe mas é bem interessante. Eu não o vejo como faz-de-conta, mas mais como uma anedota muito pontual. E a questão é inerente à medida, não é o objetivo, ou seja, se a medida lúdica é boa acaba fazendo pensar sobre a coisa.
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Eu topo! Pode mandar aí o assunto sobre o qual você quer me ouvir. E isso vale também pros leitores que quiserem nos ouvir sobre alguma coisa, né não?
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Cocô de plástico: eu já vi em loja de festa e em loja de mágico.
Meu conceito nada...só tô tentando entender o seu. Digo faz de conta pela disponibilidade de entrar em outra lógica. Não é asism, não? Vou pensar...Hora dessas eu invento um conceito pra mim, pq eu achei esse negócio muito do chique!
Tá perdida...vou pensar nuns assuntos bem cabeludos. Ok, vale sugestão de leitores também...Já, já te mando...
Pois pó mandá o assunto cabeludo aí que o D.P.P.I.A (Departamento de Produção de Palavras Inúteis e Aleatórias) processa! =)
E te prepara que pra você vai vir é chumbo grosso! hahaha Tem um tempão que quero te ouvir sobre um determinado assunto!
Sobre inventar conceitos, se o Corsaro pode, porque a gente não pode? hahaha
Determinado assunto??? Vixe!
Cibele, Filiada ao Deppia desde 1853!
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