quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os nossos nomes

Hoje de manhã, meu filho (3 anos) me perguntou como eu e o pai dele escolhemos seu nome. Muitas horas depois, sucedeu-se esse diálogo:

_Samuel!

_Samuel, não. Sou o Flash-que-muda-de-cor-VolBeline-tigle-dinossauLo-malvado-Lancelot-o-Cavalo-mais-Valente-da-Távola-Redonda-com-Gancho-Samuel.

_Tá, samuel!

_Samuel, não!

_Samuel, vou demorar pra aprender um nome desse tamanho.

_Tá, pode ser Samuel até você aprender, então.

Colei o diálogo no facebook, achei graça como toda mãe, mas depois me lembrei de que eu também tive um nome criado por mim mesma: Adriana Aparecida de Jesus. Até hoje é possível que minha mãe, vez por outra, me chame assim, no que respondo sem pestanejar.

Mas tudo isso me levou ainda a pensar numa outra questão. A Sociologia da Infância tem defendido a autonomia relativa da criança, sua atividade na produção do conhecimento, ou seja, a visão de que a criança é um ator social. Por outro lado, a psicanálise provoca que o nome da criança é escolhido, dado, herdado. Uma puxa pra autonomia, outro pra heteronomia.

Tendo a pensar que nem tanto ao céu, nem tanto à terra, toda criança tem lá um conjunto de demandas, expectativas ou currículos, como cada um quiser chamar, nem sempre convergentes: a mãe, o pai, os irmãos, os professores, os colegas, os vizinhos…O nome, as heranças culturais e materiais, o quarto decorado, o tema da festa…mas cada uma criará, com maior ou menor liberdade, a sua bricolage de referências.

Viver sem expectativas é chato, deprimente até, e mesmo as educações mais liberais constituem um currículo prescritivo: seja autônomo, dê a sua opinião, negocie com seus pares, contribua, seja ativo…ainda bem.

A gente ganha um nome dos pais, o nome mais importante de todos, sem dúvida, mas depois ganha apelidos negociáveis dos colegas e cria certos pseudônimos para agir aqui ou acolá.

Pelo menos é o que eu ando pensando…

_ Cibele, que um dia já foi Adriana Aparecida de Jesus_

E lá no Butão (min 3), onde os pais levam os bebês aos monges budistas que lhe escolhem o nome?

Xi, deu nó! 

5 comentários:

Claudia Souza disse...

Pois é. Eu fui sempre Claudia (salva por meu pai que era adorador da Claudia Cardinalle, porque minha mãe tinha escolhido mais um nome de santa), nunca tive apelidos, mas o que já mudou um monte de vezes foi meu sobrenome! E até isso é meio um mudar de identidade. O sobrenome também carrega muita coisa, muitos laços. Agora cheguei no definitivo e mais fiel a mim mesma, embora Souza seja sobrenome "de banca, vendido a metro" no Brasil hahaha a família Souza é a minha cara! Já fui também De Morais Souza (família da minha mãe) e Souza Mazzoni (do ex-marido), mas o Souza tava sempre lá, sou Souza até a alma. Aqui na Itália a mulher não pode adotar o nome do marido, no máximo pode usar informalmente o sobrenome dele mas com um "in" antes. Assim eu seria agora (informalmente) Claudia Souza In Piccione. As pessoas do bairro me chamam de "senhora Piccione" hahaha

Cibele disse...

Senhora Piccione,
Comigo ocorre o contrário. Meu sobrenome não mudou depois de casada. Mas meu nome no teatro e no e-mail tem um B a mais. E tenho mil apelidos.
Well, vc esqueceu de contar do nome quilométrico que vc usa quando se apresenta às crianças...kkkkk
Podia contar? xiii, contei!

Claudia Souza disse...

Dri Cidinha hahaha de Jésus,
É mesmo, lembrou bem. Mas aquilo não é original meu não, é uma brincadeira de palhaços!
Claudia-audia catipiripaudia-corta-mato-audia-serafatipaudia de quitiripaudia audia-audia-audia.
Dá pra fazer com todo nome, basta mudar o final.

Cibele disse...

Dri Cidinha é bulliyng! kkkk Sabia que eu não devia ter contado!
Falar nisso, e escola que proíbe apelido, que chatice!

O meu então ficaria Cibele-ibele-catipiribele-corta-mato-ibele-serafatipibele de quitiripebele ele-ele-ele...
Chique!

Claudia Souza disse...

Tem escola proibindo apelido, é? Ihh, essa onda de proibir tá pegando! Parece que a agora a regra é essa, proibe, vira crime, dá cadeia... Repressão no lugar de Educação não dá, né?

 
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