Quando minha avó morreu, caía uma tempestade que parecia dizer: algo de extraordinário acaba de acontecer entre o céu e a terra. Um primo distante confirmou com uma crença de que quando morria alguém de coração muito bom, o céu vinha abaixo.
Já o Bartolomeu aguardou o dia mais bonito do verão. Um dia com um sol taxativo, inquestionável… e foi embora. Bem que pela manhã, empurrando a cortina, minha filha anunciou: hoje o céu está aberto.
O Bartolomeu que nasceu com 57 anos*, cujo coração (cheio de domingo**) quis tomar sol***, saiu voando do papel.
Hoje à noite, na minha cama, vou reler Pedro. Sem dúvida alguma um dos meus livros preferidos desde sempre.
Bartolomeu Campos Queirós 25/08/1944 +16/01/2012
_Cibele_
*para saber dessa história, leia o lindo texto do Bartolomeu “…das saudades que não tenho” no livro “O Mito da Infância Feliz. Aliás, convém ressaltar a enorme contribuição do Bartolomeu e da literatura do Bartolomeu para desconstruir esse ideal de infância feliz e nostálgica.
** sobre corações cheio de domingo, leia o Pedro.
*** sobre corações e o sol, leia Coração não toma sol.
4 comentários:
Que linda homenagem!! Vale dizer que aqui em São Paulo chove... Beijo!
Homenagem delicada a alguém que deixou um rastro imenso de delicadeza... Lindo, amiga!
Não sabia! Fiquei triste, deu um vazio no peito, mas adorei saber com o teu lindo post-homenagem, e não com uma notícia fria de jornal.
Aqui fez um sol bonito depois de dias e dias de muita chuva. Um sol igualmente extraordinário,
Rosana...
: )
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