sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um post um pouco ufanista…

Fico acompanhando a situação social européia, principalmente com relação à imigração (um dos principais “problemas sociais” identificados pelas autoridades locais) e é impossível não pensar em como o Brasil é “abençoado por Deus e bonito por natureza”. A gente já é multietnico há um tempão. Esse conceito de “outro”, de “diverso” que a Europa tem apontado, praticamente não existe no Brasil. Porque no Brasil aconteceu a mistura.

Já aqui as coisas ainda estão no ponto de medidas como a última do Ministério da Instrução, que limita a 30% o teto de alunos estrangeiros nas escolas. Isso, argumentam, pra favorecer a integração e evitar que as escolas também se transformem em ghetos, como certos bairros de Milão, por exemplo. De decisões da Justiça de não aplicar as leis de clandestinidade aos menores e de oferecer permissão temporária a clandestinos que tenham filhos menores. Por estrangeiras entende-se crianças filhas de “extra-comunitários”, mesmo se nascidas e crescidas na Italia. Crianças que na maior parte crescem se sentindo fora de casa. Cada grupo ainda é muito “puro”, particular, facilmente identificável. Quase ninguém se mistura.

Jorge Amado dizia que a mistura é o antídoto contra o racismo.

portinariImagem: Candido Portinari, Retorno do trabalho, 1940 .

O árabe no Brasil é o pai do meu amigo. O africano é o meu bisavô (já ele misturado e re-misturado). O chinês é o dono da lavanderia, casado com uma nordestina e pai de três menininhas de olhos puxadinhos e cabelos encaracolados. O japonês é o nissei paulista que namora a minha amiga. O europeu é minha avó, os antepassados da minha amiga de Curitiba, os parentes do meu filho, que tem olhos azuis e nariz largo. O que pode ter de “perigoso” nisso?

Existe racismo no Brasil? Claro que existe. Porque gente ignorante tem em todo lugar. Mas não podia existir. Porque o Brasil é a prova de que é possível misturar tanto ao ponto de nem existir mais raças. De ter a raça única da humanidade. Cada brasileiro é a fusão de um monte de raças, e até quem tem uma aparência de uma ou de outra, olhando bem, não é nada disso. Nós não somos isto OU aquilo. Somos isto E aquilo.

_Claudia_

PS.: No último relatório sobre imigração na Italia, o povo brasileiro obteve o maior índice de inserimento entre todas as nacionalidades imigradas.

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