Tenho notado uma certa tendência das mães modernas de “azedar” de um modo cômico e divertido. A barra tá muito pesada pra elas, e a ironia, o desabafo, as piadas politicamente incorretas podem ser um ótimo remédio pra suportar esse peso. Essa semana, vi duas notícias sobre isso. Uma sobre uma blogueira italiana cujo blog “Non solo mamma” já recebeu um prêmio, virou livro e conta com mais de quatro milhões de visitas nos últimos 3 anos. Nele, Elastigirl conta em linguagem irônica as suas peripécias de mãe praticamente single, trabalho full time e três filhos pequenos (os quais chama carinhosamente de anões ou de “Hobbits”).
Outra notícia era sobre a comediante francesa Florence Foresti, que está fazendo casa cheia há um tempão em Paris, com seu espetáculo “Motherfucker” , monólogo tolerância zero sobre “a alegria de ser mãe”. A ideia é destruir o mito da maternidade, e ela faz isso com piadas e afirmações pra lá de politicamente incorretas. Do tipo: “ser mãe é um trabalho sujo”. Ou “se toda mãe contasse os detalhes de seu parto, tudo mesmo, a humanidade estaria extinta no prazo de 50 anos”. Ou ainda:”Só quem já passou 15 minutos num parquinho de diversões pode dizer o tédio completo que é aquilo ali”. As muitas mães da platéia aplaudem e morrem de rir. Sucesso total de público e de crítica. O espetáculo em breve vai sair em turnê pelo mundo afora.
Numa época em que predomina no bem-pensar a tendência contrária*, o sucesso dessas “slummy mummy”, como os ingleses chamam essas mães caóticas e fora dos padrões, quer dizer alguma coisa. Durante todo o espetáculo, Florence é perseguida pela imaginária “liga das puericultoras” , firmemente intencionada a controlar que só se fale do lado positivo da maternidade. “Tem gente que acha que você TEM DE ser mãe exatamente como elas, que porre, me deixem em paz!” – reclama a atriz. E as mães na platéia se sentem remidas! =)
Taí. Conselhos não valem. Nem excessos. A maternidade é uma coisa muito pessoal. Sem regras. Cada mãe inventa a sua.
*o mamismo, válido também para os pais.
_Claudia_
5 comentários:
Liga das puericultoras é genial! Hahahahahaha...Clau, ainda bem que vc anda segurando as pontas porque eu estou realmente em momento mãe a beira da loucura...a escola das crianças aderiu a paralização dos professores...criançada full time embuída de não me deixar fazer mais nada da vida...hahahaha...volto assim que a poeira abaixar.
Tô louca pra ir assistir a essa peça. E aproveitar pra conhecer Paris! hahahaha
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Vi por acaso no site do Balão Vermelho essa coisa da paralização dos professores das escolas particulares de Belo Horizonte. Não me deu nenhuma saudade da minha época de professora, uma greve atrás da outra, que dureza! Espero que tudo se resolva rapidinho, porque ô coisinha difícil essa tal de greve! Pra TODO MUNDO! Principalmente pros professores.
oi meninas, estou pela primeira vez visitando o blog de voces e dei uma olhada geral, e vi que são temas que muito me afetam.
sou mãe de tres, educadora, e na preparação para iniciar uma escola ativa, baseado na tecnica alexander (da qual sou professora) em uma vila que estamos elaborando em um cidadezinha ha 1 hora de são paulo.
mas vamos ao post, não sou da liga das puericultoras, mas tambem não acho que cada mãe consegue inventar sua maternidade pois com tanta coisa ja introjetada as mães, em geral, "criam" sua propria maneira, limitadas pelo senso comum ou pelo bom senso, e assim perdem o convite a transmutação que a maternidade, desde seu parto (de preferencia humanizado, no aconchego do lar - lembrem que não sou da liga :) até o dia a dia com gente (bebês, crianças...) que ainda estão "ligados ao que podem" nos escancarando nosso distanciamento da possibilidade de uma vida inteira, intensa e merecidamente deliciosa.
ser mãe é ser provocada e convidada a sair da vidinha pre-planejada+trabalho+sucesso+reconhecimento...
estarei por perto.
abraço
ana
ôba, visita nova! Você tem razão, Ana. A invenção da maternidade se dá a partir de um contexto. Mas se a gente for ver bem, que invenção acontece de maneira diferente? O grau de autoria ou de plágio do próprio processo depende das forças de cada uma das partes envolvidas. E mesmo a maternidade com o maior grau de empoderamento se faz a partir ou em relação a institucionalização desses eventos. Do mesmo jeito, a maternidade mais institucionalizada também se dá em relação ao indivíduo e suas forças próprias...a invenção pura é que não existe. Nem o plágio.
Achei bonito essa coisa da maternidade ser um convite, Ana.
Sobre a invenção, é isso mesmo que a Cibele disse, não tem nada puro nesse mundo, somos sociais demais, mas eu bato o pé, sabe? Pra fazer as coisas do meu jeito rsrsrs mesmo sabendo que, como você disse, tem um monte de maternidades introjetadas dentro de mim rsrs No fundo, temos é de refletir muito pra encontrar os nossos próprios caminhos, assim conseguimos passar algo mais intenso pros filhos.
Beijos e volte sempre!
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