sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diário da Amazônia – parte 1

A Regina, aquela minha amiga que foi viver numa comunidade na Floresta Amazônica, tem escrito umas coisas tãaao lindas sobre essa experiência que resolvi ir colando uns trechos aqui pra compartilhar com vocês. Especialmente pra você, Fefê =)

1. A VIAGEM ATÉ XIXUAÚ

“Manaus, calor indescritível. O Certeza consegue zarpar às 6 da tarde. Já está escuro, o programa é caipirinha, jantar, armar rede, ler e dormir.

A viagem: árvores, árvores, árvores, de vez em quando pássaros, tucanos, botos cinza-rosados. Céus incríveis.

Às vezes se navega no meio do rio, às vezes rentinho à mata, dependendo de onde a corrente é melhor. A água é da cor da coca cola. Ilhas, ilhotas, estamos no segundo maior arquipélago fluvial do mundo, e o primeiro fica também dentro da Amazonia. Estou aprendendo montes de coisas com Kleber, Marina, Jô, Robert, Barry e Manu, companheiros desta viagem, cada qual com um motivo para estar aqui e agora, cada qual com mil histórias a contar. Fala-se inglês, italiano, português, caboclês.

2. A COMUNIDADE

A comunidade é pobrinha mesmo, montada em palafitas de madeira. É a estação das águas altas mas as casas estão sempre na parte seca. Centenas de borboletas amarelas passeiam pela aldeia, uma visão de verdadeiro paraíso. Nós visitantes nos alojamos numa maloca, construção circular cujos cômodos são gomos do círculo. Tenho um quarto só pra mim, imenso, com duas camas. Nada de mosquiteiros, nada de mosquitos, me dizem, apesar de uma invasão de borrachudos que durou três dias na semana passada, e que pode se repetir. Na verdade estou toda picada mas não sinto nada, só vejo as marcas. Durmo bem, não faz calor.

Refeições: tudo muito bom, arroz, feijão, verduras, sempre com peixe, pacu, piranha e surubim, todos com muitas espinhas...

Desde ontem fiz dois passeios de canoa pelo igapó, a floresta parcialmente submersa.

Não há como descrever as sensações e emoções dessa imersão na natureza daqui. Todos os sentidos estão estimulados, presentes. Os jogos da luz do sol criando obras de arte com as cores da floresta, os espelhos d’água criando esculturas mutáveis com a passagem da canoa. Os perfumes.

Os silêncios, o ruído delicado de quando a canoa roça uma folha ou uma árvore, o remo que quase não é usado. Guri, nosso guia, chama os animais, nos aponta bichos que jamais veríamos sem a sua ajuda. Reconhece, pelo grasnado, se a arara que passa lá em cima é vermelha ou amarela. O momento mais emocionante é o das ariranhas, bichos esquivos que Guri chama com um canto que parece o de um carneiro chorão. Conseguimos ver de perto uma família de três, ágeis na água e desajeitadas na beira. Vimos martim pescador, tucanos briguentos, gaviões, japins, galegas, e outros pássaros que não vou me lembrar o nome, vários tipos de aranhas, e, bem na comunidade, um jacaré esfomeado, assustador.

Depois de amanhã acaba a sopa, começo a trabalhar”.

(Regina Marques)

Vejam fotos nesse link aqui… e acompanhem em outros posts o que mais ela tem contado.

_Claudia_

2 comentários:

Fefê disse...

Ei, Claudia, muito obrigada. Estou lendo com a maior atenção.
Beijos,
Fefê

Claudia Souza disse...

Oi, Fefê.
Um banho de natureza essa experiência dela! A gente nem imagina esse monte de coisas né.
Espero que seja útil pros estudos do teu filhote também.
Bj

 
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