quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mais rapidinhas... pós-leitura de jornais

matrimonio-gay-argentina-02-large_1259517739 A gente vive contemporaneamente em Eras muito diferentes??? Enquanto a Argentina sai na frente na América Latina, juntando-se a outros 10 países do mundo, e aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo (Folha de São Paulo) na Georgia mulheres continuam a ser raptadas, estupradas, confinadas em torres e obrigadas a casar com seus raptores (como mostra a reportagem do francês Stephane Remael no Internazionale desta semana).

As poucas que conseguem escapar, ao voltar pra casa sãosvaneti-mulakhi-torri-3 desprezadas pela comunidade, principalmente por suas famílias, e quase todas acabam decidindo se submeter a seus algozes. As raras que batem o pé passam o resto da vida sozinhas e discriminadas. Mais raras ainda as que tem esboçado um tímido movimento de resistência, junto com filhas de mulheres raptadas que se recusam a seguir o mesmo destino de suas mães. A história de Dona Beja (com trama parecida) se passa nas Minas Gerais do século XVIII…

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No Brasil, tramita no Congresso um projeto de lei que proíbe palmadas, beliscões e castigos físicos em crianças e adolescentes. Hoje, a psicóloga Rosely Sayão vai falar sobre isso num bate-papo na UOL. Não percam.


_ Claudia _ que já teve vontade de mudar o mundo mas acabou descobrindo que a única política real é a micro-política

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Chovendo no molhado - Xuxa, não!



Parece ser unânime a opinião de que a Xuxa não acrescentou muito para as crianças dos anos 80. Até a própria, depois de ganhar rios de dinheiro, resolveu mudar o rumo da prosa, parando de se vestir como uma chacrete de matinê e aderindo a um pedagogismo estereotipado.



A Clau escreveu um artigo excelente (não achei o link, sócia, você ainda o tem?) há tempos atrás e lembro de que o lendo, pensei: ô, que bom que tem gente que escreve sobre o que parece (só parece) evidente. A exemplo da sócia, vou chover no molhado, já que a fase pedagógica da Xuxa conseguiu convencer alguns bem intencionados.



Pra começar, quem gosta de fofoca, pode dar uma passeada pelas notícias pessoais da vida da moça e perceber que ela não mudou nada, isso é, não se tornou uma pessoa legal e consciente porque ganhou um filho.



Mas, para não ser acusada de tomar o artista (cof, cof) pela obra, vamos à segunda.



Ela continua cantando mal demais! Os compositores são péssimos! Os clichês ecoam nas letras e nos ritmos e musicalmente continuamos torturados por aqueles tecladinhos dos anos 80.



Mas, se pensar na música musicalmente for só um detalhe, se exigirem que ela seja pensada pedagogicamente, convencidos pelo argumento de que a criança aprende alguma coisa com ela...vejamos...muitas músicas da Xuxa são adaptações de produções estrangeiras, mais especificamente americanas.



Entre uma música que toca no Barney e outra que você já ouviu em algum pianinho de brinquedo, aparece a pedagogia matemática do patinho. Nela, a criança aprende a contar, coisa que qualquer moleque que domine o pega-pega pode fazer sem com isso perder de vista a educação musical e a cultura de seu próprio povo.



Bom, se você ainda não se convenceu, deixo aqui um vídeo da moça desensinando a brincar de estátua.



E duas opções de estátua, muito mais bonitas, além de genuínas da cultura lúdica brasileira.



1) As crianças formam uma fila. Uma criança líder vai puxando uma a uma e perguntando se ela quer: pimenta, pimentinha, pimentão ou sapatinho de algodão. Se for pimenta, ela é puxada normalmente e vira estátua, se for pimentinha ela é puxada devagarinho, se for pimentão é puxada com força e se for sapatinho de algodão é carregada e por fim vira estátua. Depois de todos se tornarem estátuas, o líder diz:



Entrei no jardim de flores,

não sei qual escolherei,

aquela que for mais bela,

com ela me abraçarei.



O(a) escolhido(a) ganha um abraço e passa ser o líder.




2) Outro jeito de brincar é em roda, todos vão cantando:


A casinha da vovó,

Cercadinha de cipó,

O café tá demorando,

Com certeza não tem pó.

Brasil 2000

Quem mexer, saiu!



Agora fala você, afirmar que a Xuxa resgata as brincadeiras infantis é ou não é piada ou estória pra boi dormir?



_Cibele_












terça-feira, 27 de julho de 2010

Rapidinhas

Voltei!

Aos poucos vou retomando o ritmo de postagem, desfazendo as malas e retomando aos trancos e barrancos os compromissos da rotina.
Por enquanto, deixo as minhas impressões sobre os livros da Clau, que vi nascerem ideia, se tornarem esboço, até que livros tão lindos. Os dois são livros sensíveis, de uma autora que conhece muito bem seus leitores e está acostumadíssima a se comunicar com eles. Isso faz toda a diferença...Imperdíveis, os dois devem ir imediatamente pra sua listinha de aquisições.
***
Outro livro bacana que conheci nessas férias, indicado pela Clau, foi o Rabiscos do japonês Taro Gomi. (Comprei lá em Divinópolis, Clau!) Muito, muito bacana! Uma prova de que, embora a gente saiba que os desenhos prontos para colorir são recursos muito pobres, não é por isso que não se deva propor nada aos desenhos e coloridos das crianças. (A sua cara, Sil!)
***
Beijos
Ci_

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Venham vocês também!

seloWeb

Amigos do Quintarola,

no dia 14 de agosto, sabado, às 13 horas, no estande da Editora Callis (I50) da Bienal do Livro de Sao Paulo, meus livros “A Planta Carnívora de Léo” e “A Princesa que Salvava Príncipes” serão lançados no Brasil. Pro lançamento, estão sendo produzidos bonecos interativos, pelo mestre bonequeiro Cauê Salles e um vídeo da série “Encontro com o Autor”. Vai ter contação de história, autógrafos e bate-papo pela internet.

Acho que vai ser bem divertido =)

_Claudia_

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Brincadeiras de primatas

Olha que legal esse vídeo da BBC que mostra uma interação entre gorilas com estrutura semelhante ao pegador dos nossos pequenos homo sapiens. Percebe-se um esquema de revezamento que aparece nas interações humanas já nas primeiras semanas de vida. Na alternância do defensivo e do ofensivo, há o movimento de ataque e o medo que caracterizam as motivações agonísticas (agõn - luta em grego) das brincadeiras de luta e perseguição.
Cientistas que observavam os gorilas em zoológicos perceberam que eles tocam no companheiro e logo fogem. A pesquisa publicada na revista Biology Letters conclui que os gorilas testam comportamentos socialmente aceitáveis nos grupos sociais. Nas crianças humanas, em situações controladas como o brincar, o medo e a agressividade do ataque constituem fontes de prazer, mas podem também ter funções específicas dentro de cada sociedade.
Legal, né?
_Cibele_que de férias deixou seu para casa agendadinho.

Isso também é cultura

Seguindo as dicas de férias seguras da Cibbele, um postezinho de saúde e de auto-exame =)

Quando eu era criança e adolescente, a moda era ser bronzeada. Tive amigas que usaram folhas de figo, creme veterinário, um monte de coisa que diziam que aumentava o bronzeado, sem falar nos “óleos bronzeadores” normais, com resultados às vezes desastrosos. Mas ninguém se importava, afinal “a cor do verão” era uma frisson e todo mundo vivia quarando debaixo do sol.

Eu sou branquíssima e, embora com grande prejuízo estético pra uma teenager, me mantive fora dessa onda. Até perdi uns namorados mas tive personalidade! hehe

Era (e continuo sendo) o tipo que fugia do sol, se ia à praia (QUANDO ia, porque praia pra mim era um programa nefasto, obviamente pelo incomodo que o sol me causava – causa – mas principalmente pelos olhares de repreensão dos outros banhistas impecáveis) ficava escondida debaixo do guarda-sol ou das barraquinhas, de camiseta, chapéu e óculos de sol. Hoje, é claro, não sofro mais de padrões estéticos homologados e praia virou uma diversão bem tranquila. Mas continuo tomando as mesmas precauções em relação à exposição ao sol. O que eu não sabia era que, com essas medidas desde a infância, me protegi de um monte de coisas que a ciência esta descobrindo agora e que tem a ver com as nossas crianças. E com a cultura que impomos a elas desde cedo.

Ali pelo final da década de 80, a cultura aparentemente mudou e passou-se a ter muito mais cuidado com os temíveis raios ultra-violeta. Parecia uma tomada de consciência. Maaaaaas, como o ícone do bronzeado é imbatível, foi a hora e a vez dos Protetores Solares, que diziam resolver o problema. Na verdade, o que mudou foi a substituição dos produtos que super-estimulavam o bronzeamento para outros que teoricamente “protegem” a pele dos efeitos nocivos do sol, filtrando os raios ultra-violeta mas garantindo a absorção do sol. A cultura do bronzeamento continuou intacta, com a promessa de ser agora “um bronzeamento saudável”.

As pessoas continuaram a passar o dia inteiro na praia, debaixo do sol, mesmo nas horas mais perniciosas, bastando pra isso um banho de protetor solar. Geralmente o suficiente e no fator adequado pra garantir o bronzeado perfeito. No rosto e outras áreas mais sensíveis, um fator de proteção mais alto e pronto. As criancinhas continuaram a acompanhar o ritmo frenético dos pais, só que busuntadas de protetor solar. Mas será que esses cosméticos tem mesmo o efeito de prevenir o envelhecimento, as dermatites e os tumores como se propõem?

Parece que não. Depois de diversos estudos recentes, a Comunidade Européia decidiu orientar as familias a NÃO USAREM PROTETOR SOLAR NAS CRIANÇAS, mas mantê-las debaixo de barracas especialmente construídas nas praias e clubes só pra elas, de camiseta, óculos de sol e chapéu, e isso apenas nas primeiras horas do dia (até as 10 da manha).

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Segundo esses estudos, os chamados filtros solares, por diversos motivos, podem é ser imensamente prejudiciais à saúde, não só em nível cutâneo, mas, por serem rapidamente absorvidos, também em nível hormonal e metabólico. Além de provocarem oxidação da pele, os filtros solares tem ação estrogênica, ou seja, aumentam o hormônio feminino no metabolismo, com consequências sérias pro organismo. E não só não evitam tumores e envelhecimento como podem estimula-los (sentindo-se protegida, a pessoa fica exposta ao sol por muito mais tempo que deveria, ainda mais com a pele sendo oxidada pelo próprio creme).

Quem quer realmente ficar saudável, deve seguir essas 10 indicações, baseadas nas ultimas descobertas dermatológicas e clínicas:

1 – Não usar Protetor Solar debaixo da maquiagem pra prevenir envelhecimento (alto risco de intoxicação por absorção, sem prevenir realmente o envelhecimento);

2 –Não aplicar Protetor Solar nas crianças até os 5 /6 anos (intoxicação por absorção, ação estrogênica);

3 – Nao utilizar Protetor Solar como unico meio de fotoproteçao (intoxicaçao por absorçao, fotoreaçoes);

4 – Não utilizar nunca Protetor Solar se você sofre de Acne, Melasma, Acne Rosacea (indução ao pioramento das dermatites);

5 - Não utilizar Protetor Solar em caso de dermatites que obtém benefícios do sol: Dermatite Atopica, Psoriase, Eczema, Lichen (anulação dos efeitos positivos do sol);

6 – Para as mulheres, não aplicar Protetor Solar nas mamas (potencial hiper-estimulo estrogênico);

7 – Se você utiliza Protetor Solar, de preferência ao fator 20 (Médio) (Economia da quantidade de filtros solares contidos);

8 – Se você sofre de reações cutâneas à exposiçâo ao sol, não use nenhum tipo de Protetor Solar (Evitar de re-estimular as reações alérgicas ou fotoalérgicas);

9 – Nâo usar Protetor Solar na gravidez (precaução pela absorção dos componentes dos cremes);

10 – Remover o excesso de Protetor Solar com papel toalha ou lencinho de papel antes de entrar na agua, mesmo de lagos, rio ou mar (diminuir o impacto poluidor no ambiente aquático).

Ou seja: o legal mesmo é botar a saúde na frente da moda e aproveitar o que o sol tem de bom, sem exagerar e com muito cuidado (em tempos de buracos na camada de ozônio). Acaba que se cada um ficar da cor que é, o mundo vai é ficar mais colorido =)

_ Claudia _ mais branquela que nunca, mas com as bochechas rosadas.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dicas de segurança para férias felizes

Em tempo de férias escolares, aqui vão algumas dicas de segurança para crianças e adultos cuidadores de crianças. Seja pra quem vai viajar, seja pra quem fica por aqui, não custa nada lembrar os cuidados necessários com a segurança da criançada que brinca na água, que navega na internet, que passeia de carro ou no shopping.


*No site da Org Criança Segura, talvez o site mais completo sobre prevenção de acidentes (não só automobilísticos) com crianças, tudo que você precisa saber sobre cadeirinhas antes de viajar.

*Aqui, uma cartilha com orientações sobre pedofilia na internet para os pais, elaborada pelo Instituto WCF Brasil.

* E aqui, dicas de segurança elaboradas pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas da Polícia do Paraná.

Com isso, me despeço por alguns dias do Quintarola e deixo vocês com a querida Clau, ou seja, em ótima companhia. Deixo alguns posts agendados, tá bem?

Bom descanso pra todo mundo,

_Cibele_

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fechando os olhos

Eu nao tenho NADA contra imagens. Pelo contrário. Um mundo farto de imagens é teoricamente um mundo alegre e rico de estímulos à imaginação e à criatividade. Mas às vezes me assusta o fato delas ocuparem um lugar tão central. E - deve ser overdose - me vem vontade de descansar a vista.

Fico com vontade de dar um (alguns) passo(s) atrás e mergulhar na penumbra das tardes-quase noite em que avós contavam histórias usando apenas as nuances da voz e o coração de quem ouvia. Na luz dos lampiões (ou das velas), que proporcionava incríveis e errantes sombras. Em quando o livro era uma distração tanto ou mais interessante que o filme ou o vídeo-game. Quando a gente podia montar na cabeça roteiros e mais roteiros do que nos era simplesmente narrado na escola, sem tantos recursos.

Não, não era nada mal poder inventar nossas próprias imagens, mesmo se toscas e incompletas, imperfeitas, deformadas.

Imaginar sem necessariamente materializá-las. Cultivá-las no nosso interior.

Acho que tem havido um excesso de “imagens prontas” (no livro infantil, o que é extraordinário é quando o ilustrador consegue deixar espaços à ação do leitor e propor outros enredos que também podem/devem ser decifrados, não sem esforço, senao até a imagem mais legal fica boba).

Meio pra facilitar. Meio pra encobrir. Meio pra homologar – este é o efeito mais pernicioso. Padrões são ferramentas poderosas.

Uma grande parcela da vida se passa no nosso mundo interior. Às vezes é importante destacar-se um pouco da realidade externa pra percebê-lo com mais potência. Inclusive pra aprender a ler as mensagens escondidas em outras formas de discurso que não o imediato, o que se vê.

Um pouco de escuro pra descansar... pra fechar os olhos e ver do outro lado.

_Claudia_

terça-feira, 13 de julho de 2010

A voz da razão

No outro extremo das escolas Waldorf, as escolas Logosóficas. Faço aqui minha meia culpa admitindo que sei pouco dessas escolas, sendo o que sei, conhecimento de segunda mão, isso é, fruto do relato de outras pessoas e da leitura de textos logosóficos. Para entender uma escola, a gente precisa conviver nela, observar seus efeitos, vislumbrar que aluno está ali e qual a transformação que a educação lhe propõe.
Apesar disso, não deixo de ter minhas impressões que esboço aqui. Um aluno me contou ... um estudioso da Logosofia jamais diz "eu acho", mas "eu penso". Uma vez fui vender um espetáculo infantil numa escola Logosófica e lá me explicaram: "tem bicho que fala?...então não pode, aqui a gente não conta estória de bicho que fala". E mais, a Logosofia não admite a existência do inconsciente, o que pra mim é similar a negar que a terra gira em torno do Sol ou da existência de células ou átomos.
Com uma realidade chapada no racional e na consciência, deixa-se de fora a imaginação, a realidade emocional do inconsciente, a dúvida e as incertezas. Se nas escolas Waldorf predominam as explicações míticas, nas logosóficas predominam as explicações do logos. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, diz o ditado.
Nas duas, outra coisa me incomoda...a força da regulação.
_Cibele_

domingo, 11 de julho de 2010

Na contramão da imagem e da tecnologia

Em matéria da Folha de São Paulo, como a linha pedagógica desenvolvida a partir das idéias do pedagogo alemão Rudolf Steiner em 1919 tem ganhado mais e mais espaço no Brasil, defendendo uma educação baseada na imaginação, na cultura oral e manual.

Considero muitas coisas interessantes nessa linha (a perspectiva político-filosófica é muito válida), mas tenho algumas divergencias. Em alguns pontos são excessivamente radicais (o que cabia na época das primeiras escolas Waldorf, como reação ao sistema pedagógico vigente no contexto em que foi criada – nada se inventa sem certo radicalismo -, mas agora e em outros contextos parece meio anacrônico). Acho que dá pra seguir as linhas mestras de Steiner de um modo menos restritivo.

Alguns pais levam pro lado do “pode-não pode” com muita facilidade, sem se aprofundar o suficiente na perspectiva. Aliás, muito do que antes eu via como estrutura da Pedagogia Waldorf, hoje já consigo entender como deformaçao de leitura dos pais.

Lembro de várias crianças que frequentavam essas escolas que, com tipo 5, 6 anos me pediam desesperadamente pra lhes mostrar letras, ver TV, brincar no computador ou com brinquedos de plástico, eram fascinadas por carne … enfim, a lista do proibido virando desejo. Natural.

Outra coisa que me causou impressão foi a conduta de uma professora Waldorf minha conhecida que, tentando convencer o filho de 4 anos a beber suco de laranja natural, lhe dizia que aquela bebida era “a mágica luz do sol que lhe traria todo o poder do mundo”. Sinceramente, não gosto dessas divagaçõs poéticas infiltradas nas situações cotidianas. Me parece um golpe duro no desenvolvimento da racionalidade. Ela me explicou que esta era uma conduta típica da perspectiva no sentido de favorecer a imaginação. Será?

Enfim, pra completar minha crítica (por sinal muito de fora, porque nunca trabalhei em uma escola Waldorf ou estudei a fundo esta pedagogia) vejo que acaba virando uma espécie de grupo muito definido (pertinho da “moda”), inclusive porque na maior parte essas escolas são bem caras, permitindo o acesso apenas a uma pequena parcela da população que veste a capa de “alternativa” pagando muito por isso.

De todo jeito, e com tudo isso, a Pedagogia Waldorf ainda é uma boa opção: pode fazer muito bem a certas familias com determinado estilo de vida e, pros reles mortais, menos mal que outras linhas baseadas na virtualidade, na preparação pro futuro (escolas de mini-executivos, também muito comuns hoje em dia), no pragmatismo, enfim, que o imenso manancial de serviços que caracterizam a “inanição da inovação” (Edgar Morin).

As crianças que frequentam as escolas Waldorf fazem parte das poucas privilegiadas que ainda têm o direito de brincar por brincar.

_Claudia_

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sexta-feira é dia de link - Deleuze, infância e uma contadora de histórias fofa

Sobre a infância em Deleuze e em Guimarães Rosa, sigam os passos da pesquisadora da UNB Bernadina Leal. Aqui um aperitivo.

***

E em clima de sexta-feira, a contadora de histórias mais apertável do mundo. Obrigada pelo link, Jairo!

Bom fim de semana pra todo mundo,

Cibele

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um, do, lá, si, vamos ir... quando quisermos

Ilustração original de John Tenniel para Alice no País das Maravilhas
Esse post da Clau me lembrou um texto do Deleuze chamado Do Jogo Ideal*, em que ele lembra dois jogos inventados por Lewis Carroll a partir de jogos conhecidos. Um deles é o croquê jogado por Alice, em que as bolas são ouriços, os tacos são flamingos rosados e os arcos não param de se deslocar. Difícil imaginar quais regras regem esse jogo maluco ou a corrida de Caucus em que a partida é dada por cada um no tempo que lhe convier.

O próprio Deleuze explica que nesse jogo ideal-maluco os lances são sucessivos, mas simultâneos em relação a esse ponto que muda sempre a regra, insuflando o acaso e ramificando o caos numa distribuição nômade e não mais sedentária. É o jogo dos problemas e das perguntas e não mais das hipóteses organizadoras de regras como no jogo convencional.

Quem convive com o brincar da criança, o brincar genuíno, tão distante dos almanaques, sabe que ela se apropria rapidamente da regra, apreende sua estrutura e não pára de propor e experimentar novas regras infinitamente. Por vezes a própria estrutura inicial se desloca e depois de tantos deslocamentos, já nem se sabe mais de onde se partiu. A criança improvisa e por isso é vanguarda.

Se fosse uma reza, pra usar a imagem bonita da Clau, o brincar seria aquela reza que a gente diz espontaneamente, nada a ver com as orações de catecismo, por exemplo. O Garrocho que me perdoe se cometi alguma heresia falando de Deleuze (e corrija minhas blasfêmias), daquilo que ele sabe muito mais que eu.
Mas não resisti a esse improviso.
***
Aliás, por falar em Deleuze, um autor que sempre me encheu os olhos, ando encafifada com um troço...a idéia da infância como devir contradiz totalmente as visões mais recentes da criança como um ser humano presentificado, não?
_Cibele_que só esquenta as turbinas para além dos posts frugais quando a semana já está acabando

Reza (em tempos de Copa do Mundo)

bambini-che-giocano As Ludi, na Antiguidade, eram grandes festas de caráter religioso em que o rito – isto é, seguir certos procedimentos em modo predeterminado – assumia uma sua sacralidade. O vocábulo atual lúdico faz referência a este carater sagrado original, e o jogo pode ser considerado uma tentativa de (re)encontrar o Divino, o Belo, o Essencial.

Dentro dessa “sacralidade”, nao cabe o engodo. Ou seja, como componente fundamental do jogo, temos o cumprimento de certas regras implícitas: ou se está dentro do jogo e se aceitam e se cumprem estas regras, ou se está fora, o que significa não fazer parte do jogo em questão.

Não fazer parte pode significar também não usufruir plenamente do prazer e do crescimento que o jogo propõe. Uma escolha que pode ser feita pelo jogador em nível consciente ou não.

As regras, longe de serem leis, simplesmente conduzem o jogo e o jogador como o leito de um rio; são a sua organizaçao interna, o seu contexto, a sua razão de existir.

Embora possam ser ultrapassadas, superadas e de algum modo reconstruídas, são elas que dão ao jogo sua consistência. O jogador pode compreendê-las (quanto mais, melhor) ou não, mas conhecê-las, haver-se com elas, é imprescindível. Mesmo que decida corrompê-las, estará ainda subordinado a elas desde o momento em que aceitou fazer parte do jogo. Só é possivel corromper o que de algum modo foi/é determinante.

Além da compreensão das regras (o que permite jogar com habilidade e estratégia), a atividade lúdica compõe-se de um outro elemento: a pura sorte. Um jogo sempre comporta um “lance de dados”, o acaso, um certo caos. Mas nem a sorte conseguiria intervir se as regras não fossem respeitadas dentro do organismo do jogo. A sorte também está subordinada às regras, já que acontece a partir de seu traçado.

Quando observamos as crianças que brincam, conseguimos perceber com muita clareza o quão seriamente elas se lançam naquela atividade aparentemente inofensiva. Brincar é uma experiência que requer um empenho máximo, porque nos envolve em primeira pessoa. É um tipo de meditação: jogando/brincando, o sujeito está conectado com o entorno, relaciona-se, coloca-se como ser ativo e passivo, reflete.

Brincar não é nem de longe perda de tempo, simples entretenimento. Brincar, não só pras crianças mas pra qualquer pessoa, é um tipo de oração.

_Claudia_

terça-feira, 6 de julho de 2010

Tem uma coisa que eu não entendo...

Por que em algumas escolas o dia do brinquedo some no Ensino Fundamental?

_Cibele_

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Primeiro Encontro Brasileiro da Canção Infantil

Acabou ontem o Primeiro Encontro Brasileiro da Canção Infantil, realizado em Ribeirão Preto. A notícia chega meio passadinha, mas ainda há tempo de ver os vídeos dos selecionados para compor a programação.
Só deu Minas Gerais, heim! Mas eu gostei demais do Grupo Triiii, de São Paulo! Bota aí no seu radinho...
_Cibele_ que começa a semana em ritmo de "empurra não"...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hoje nem é dia de link, mas vai assim mesmo. E convite confirmado!

Não resisti. Saiu na folha de São Paulo sobre os contos de fadas e as crianças.

E só pra confirmar: todo mundo hoje lá, heim! Quem não conhece a gente pessoalmente pode perguntar a uma garçonete qual é a mesa da Cibele e da Cláudia. Quem está com medo de ficar deslocado, leva um amigo ou espera passar com o segundo copo de cerveja. Quem tem criança, conta uma estória da Clau, bota pra dormir com os anjos e rua. Quem não fez as unhas, passa uma base rapidinho que nem eu. O importante é a gente se encontrar.

Beijos

Cibele
 
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