terça-feira, 13 de abril de 2010

E por falar em capa e conteúdo...




Recentemente, o mercado editorial tem trazido livros infantis que lembram as publicações do início do século XX ou anteriores a essa data. São livros de capa dura, escritos em cursiva dourada e com poucas ilustrações. Definitivamente, uma estética totalmente avessa ao século XXI.



As capas da literatura infantil contemporânea são uma comunicação rápida do teor do livro. Atendem às leis do marketing, como por exemplo, trazer o título em letras grandes para facilitar a visualização das miniaturas na internet.



Apesar disso, esses livros retrôs parecem ter um público garantido. Gente que gosta da tensão entre o prazer de desvendar o suspense e o desprazer de desvendar o suspense. Gente que gosta do livro cochicho, da imagem sutil em nanquim e quiçá do passar de páginas lento e delicado de uma folha de seda. Gente que lê em capítulos e sabe que a leitura mais eficiente acontece depois do livro fechado, no entrecapítulos.



Já passou da hora da gente se desvencilhar de mitos do tipo: crianças gostam de livros coloridos. Vai dizendo Walter Benjamin sobre o ilustrador berlinense Theodor Rosemann que “através de suas xilografias em branco e preto abre-se para a percepção infantil um mundo próprio. A criança desperta no reino das gravuras não coloridas da mesma forma como outrora vivenciara seus sonhos no reino das coloridas.” Ou em outra passagem sobre xilografias “E se, imersa na gravura em cobre colorida, a fantasia da criança aprofunda-se sonhadora em si mesma, a xilogravura em branco e preto, a reprodução sóbria e prosaica a tira de si. Através da ostensiva exortação á descrição de seu conteúdo, essas ilustrações despertam na criança a palavra." No mesmo capítulo (Visão do Livro infantil), o autor faz justiça às cores, mas é bem legal que convivam estéticas diferentes que contribuam para a formação do olhar da criança.



Agora, fica aqui o meu protesto contra os livros infantis selecionados pelos livreiros para as prateleiras mais baixas_ em geral os livros mais caros e que andam, falam e fazem de tudo_ menos o fundamental: causar em seus leitores, qualquer coisa de...

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Para saber mais sobre a história da capa dos livros infantis, não perca esse livro!




_Cibele_

6 comentários:

Claudia Souza disse...

Lembrei do efeito que os velhos slides provocam nas crianças, em tempos de videogames de última geração e cinema 3D. É isso: oferecer estéticas diferentes, ampliar o repertório estético delas. Todo padrão é limitado e limitante.
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Esse livro parece MUITO bom.

Claudia Souza disse...

Um outro comentário sobre os "livros mais caros e que andam, falam e fazem de tudo_ menos o fundamental: causar em seus leitores, qualquer coisa de...".
São duas coisas diferentes. Esse tipo de livro que a Ci critica (e eu também!) e o livro-objeto, que é um conceito muito interessante segundo o qual o livro pode ser signitivo não só como portador de texto e imagem mas como objeto de interação. Obviamente um conceito muito mais complicado que a simples forma pela forma.

e. s. disse...

já viram "Alice" para o iPad?

http://www.atomicantelope.com/alice/

bjoca,

ed.

Claudia Souza disse...

WOW! Depois o povo fala que o livro de papel tá com os dias contados e a gente acredita!

Cibbele Carvalho disse...

Escrevi um comentário enorme e perdi, ó céus!

Resumindo: Clau, há vários livros nessa linha. Todos de autores europeus. O maravilhoso livro das Meninas, O livro das garotas Audaciosas, além de almanaques lindos sobre dragões, dinossauros e piratas.

Ah, eu achei o Alice lindoooooooooooo!!!

Ju Steck disse...

O Felipe adora esse Livro Perigoso para Garotos. Tem algumas partes meio desatualizadas (sobre planetas, por exemplo, eles colocaram que Plutão virou planeta-anão, mas outras coisas estão desatualizadas), mas outras bem legais, que dá para ver que eles adaptaram para o Brasil, em vez de simplesmente traduzir. E a capa chama a atenção mesmo, né?

 
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