Festa na Vila, da artista naif Ana Maria Dias
Em geral, os pais desconhecem como funcionam as festas escolares. Encantados frente ao que a escola apresenta como produção do próprio filho, no que estão certíssimos aliás, não ficam a par dos bastidores do evento. Mas vou contar pra vocês... Em geral, o ensaio de uma música para o dia das mães, um poema decoradinho para o dia da árvore ou uma coreografia de festa junina demanda muito, mas muito tempo escolar. É preciso pensar se essas produções trazem o retorno de aprendizado em relação ao custo que elas demandam. Portanto, aproveitando que é junho, tempo de festa junina, abram os olhos! Quadrilha muito bem ensaiadinha é embalagem pedagógica para seduzir os pais. Mais vale lembrar o que a dança representa numa festa com identidade tão comunitária e resgatar a alegria de dançar!
A gente pode ainda questionar o que é produção das crianças e o que é produção dos professores embalado de infantil...Ilustro...Uma vez, fui a uma Festa da Poesia em que cada turma recitava uma poesia em estilo jogral, com as mãozinhas pra trás. Antes, as turmas eram apresentadas pela professora: O terceiro ano escolheu a poesia tal do autor tal. Dois toques de triângulo e as crianças recitavam juntinhas, qual reloginhos. Palmas da platéia ao final. Pra não falar da pobreza expressiva do jogral, fico no seguinte detalhe: as poesias “escolhidas” pelos alunos eram na verdade currículo da escola.
E há mais...uma criança me conta que na sua escola a dança sai beeem direitinho e ninguém erra. Pergunto a ela: Ah, então vocês têm de ensaiar muito, né? E ela me responde que sim, mas o principal motivo disso é que a coordenadora da escola, nos dias posteriores à festa, entra na sala com o queixo levantado (olha que jeito de explicar sensacional!) e cobra o aluno que errou.
Quer saber mais? Converse com uma criança perto de você! E quando for a uma festa pronta, não se esqueça de averiguar se a produção é da criança mesmo, se ela participou realmente, se o tempo escolar demandado pra tanta prontidão não poderia ter sido melhor utilizado, enfim...não se esqueça de observar a quem a festa escolar serve...Aos pais? À escola? À criança?
A propósito, sábado fui a uma festa escolar linda, linda... Como diria o Caçador da história da Chapeuzinho Vermelho parafraseando o filósofo Leibniz*...nem tudo está perdido quando resta uma esperança!
E que venha a segunda-feira!
_Cibele_
*nada é necessário se seu oposto for possível
Um comentário:
Quando trabalhei em escolas eu era a chata de plantao nesses periodos de festas ai ai Porque, mesmo com as melhores intençoes, acaba caindo no "pra ingles ver" mesmo e isso me girava o estomago.
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