segunda-feira, 21 de junho de 2010

Os bastidores das festas escolares



Festa na Vila, da artista naif Ana Maria Dias



Em geral, os pais desconhecem como funcionam as festas escolares. Encantados frente ao que a escola apresenta como produção do próprio filho, no que estão certíssimos aliás, não ficam a par dos bastidores do evento. Mas vou contar pra vocês... Em geral, o ensaio de uma música para o dia das mães, um poema decoradinho para o dia da árvore ou uma coreografia de festa junina demanda muito, mas muito tempo escolar. É preciso pensar se essas produções trazem o retorno de aprendizado em relação ao custo que elas demandam. Portanto, aproveitando que é junho, tempo de festa junina, abram os olhos! Quadrilha muito bem ensaiadinha é embalagem pedagógica para seduzir os pais. Mais vale lembrar o que a dança representa numa festa com identidade tão comunitária e resgatar a alegria de dançar!

A gente pode ainda questionar o que é produção das crianças e o que é produção dos professores embalado de infantil...Ilustro...Uma vez, fui a uma Festa da Poesia em que cada turma recitava uma poesia em estilo jogral, com as mãozinhas pra trás. Antes, as turmas eram apresentadas pela professora: O terceiro ano escolheu a poesia tal do autor tal. Dois toques de triângulo e as crianças recitavam juntinhas, qual reloginhos. Palmas da platéia ao final. Pra não falar da pobreza expressiva do jogral, fico no seguinte detalhe: as poesias “escolhidas” pelos alunos eram na verdade currículo da escola.

E há mais...uma criança me conta que na sua escola a dança sai beeem direitinho e ninguém erra. Pergunto a ela: Ah, então vocês têm de ensaiar muito, né? E ela me responde que sim, mas o principal motivo disso é que a coordenadora da escola, nos dias posteriores à festa, entra na sala com o queixo levantado (olha que jeito de explicar sensacional!) e cobra o aluno que errou.

Quer saber mais? Converse com uma criança perto de você! E quando for a uma festa pronta, não se esqueça de averiguar se a produção é da criança mesmo, se ela participou realmente, se o tempo escolar demandado pra tanta prontidão não poderia ter sido melhor utilizado, enfim...não se esqueça de observar a quem a festa escolar serve...Aos pais? À escola? À criança?

A propósito, sábado fui a uma festa escolar linda, linda... Como diria o Caçador da história da Chapeuzinho Vermelho parafraseando o filósofo Leibniz*...nem tudo está perdido quando resta uma esperança!

E que venha a segunda-feira!


_Cibele_

*nada é necessário se seu oposto for possível

Um comentário:

Claudia Souza disse...

Quando trabalhei em escolas eu era a chata de plantao nesses periodos de festas ai ai Porque, mesmo com as melhores intençoes, acaba caindo no "pra ingles ver" mesmo e isso me girava o estomago.

 
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