Li essa matéria da revista inglesa New Scientist : novas descobertas da Ciência sobre o pensamento humano demonstram que o corpo e suas relações com o ambiente tem grande influência na regulação dos nossos pensamentos, inclusive aqueles mais abstratos. Esses experimentos científicos são meio estranhos, mas são úteis pra mudar algumas posturas consolidadas.
Trinta anos atrás, o linguista George Lakoff e o filosofo Mark Johnson propuseram a “teoria da metáfora”, segundo a qual o pensamento abstrato é ligado ao funcionamento do corpo. Agora Tobias Loescher e seus colaboradores, na Australia, encontraram um nexo entre a capacidade de pensar em um número casual e certos movimentos do corpo, registrando os movimentos dos olhos de sujeitos destros enquanto deviam dizer casualmente uma série de números compreendidos entre 1 e 30. Durante o experimento, se o sujeito olhava à esquerda ou para baixo, com frequência escolhia um número inferior ao antecessor, se olhava para o alto ou para a direita, um número superior ao antecessor. Além disso, uma maior ou menor distância de onde lançava seu olhar era relacionada a uma maior ou menor diferença entre o número escolhido e o antecessor.
Para os pesquisadores, estas relações dependem de como o pensamento se desenvolve durante a infância. Para imaginar os números, os voluntários usam dois conjuntos de metáforas: alto=mais e baixo=menos. Direita=mais e esquerda=menos. Estas metáforas seriam apreendidas na infância: uma criança que olha um copo enquanto se enche de água ou brinca de construção aprende, por exemplo, que altura equivale a maior quantidade. Provavelmente, explicam os cientistas, as áreas do cérebro que processam quantidade e altura são colegadas durante o crescimento e produzem uma noção automática da metáfora alto=mais. Do mesmo modo, os destros tendem a considerar direita=mais porque o direito é seu lado dominante.
Mas são os movimentos dos olhos a determinar a escolha dos números ou o contrário? Para compreender se os movimentos podem guiar o pensamento, os psicolinguistas Daniel Casasanto e Max Planck, dos Países Baixos, observaram as metáforas que usamos pra falar dos nosso estado de ânimo. Pediram a estudantes para transferir bolinhas de gude de uma caixa mais alta a outra mais baixa e vice-versa, enquanto falavam de eventos com valência emocional positiva ou negativa. Enquanto colocavam as bolinhas nas caixas mais ao alto, os estudantes contavam muito mais rapidamente os casos de valência positiva e vice-versa. Além da velocidade, o movimento físico influi também sobre aquilo que se decide de dizer ou pensar? Um outro experimento revelou que sim: enquanto transferiam as bolinhas pro alto ou pra baixo, os estudantes respondiam a perguntas neutras, como “O que você fez ontem?”. E tendiam a falar de eventos positivos quando colocavam as bolinhas na caixa do alto e de eventos negativos quando as colocavam nas caixas de baixo. Casasanto demonstrou ainda que quem usa o corpo de um modo diferente pensa em modo diferente.
Com certeza, ficar parado e calado não é o melhor jeito de estudar matemática...
_ Claudia_