Pois é, como bem disse a Elisa, comentando por aqui, a gente fala muito sobre pais e mães e se esquece das outras pessoas que vivem em primeira pessoa a experiência da maternidade/paternidade: os padrastos e madrastas. Nomezinhos horrorosos pra uma gente que passa a significar tanto pros nossos filhos.
O fato é que as famílias modernas estão mais complexas. E viva! Uma coisa que há algum tempo atrás era vivida com certo receio, hoje já pode - e deve! - ser vista como um privilégio. Porque essas pessoas podem oferecer às crianças outros modelos, outras referências, que servem muito a elas em seu processo de construção da própria personalidade. Ou seja, a coisa se amplia. E isso é otimo!
Um ponto importante pra partir a conversa é que pai e mãe não se separam. Marido e mulher sim, mas continuam a ser pais e mães morando em outras casas e trazendo outros companheiros pra família. Portanto, não é porque o pai casou com outra mulher que esta vai substituir a mãe. Não é porque a mãe casou com outro homem que este vai substituir o pai. Esse é o grande pânico das crianças, o medo de trair a mãe ou o pai quando se permitem gostar do novo marido da mãe ou da nova mulher do pai. A primeira barreira que eu acho que os novos companheiros devem quebrar é essa. Do seu próprio imaginário e do imaginário dos enteados. Feito isso, são todos livres pra começar uma outra relação, baseada em outros parâmetros, mas muito próxima do que se vive como pai ou mãe. Começar significa estar aberto a aprender juntos, a ir se conhecendo devagarinho. Afinal, são duas pessoas que se encontram através de uma outra, mas cujo relacionamento superara esta outra, na medida em que for se constituindo.
O marido da mãe não é um simples amigo da criança. Nem a mulher do pai. São mais que isso. Têm muita responsabilidade e portanto têm de ter muitos direitos. Há pouco tempo, li uma reportagem de que, na França, foi proposta uma lei que regulariza esses direitos. Nada mais justo. Os direitos devem ser na mesma medida da responsabilidade.
Na atual configuração familiar, é um pouco diferente o status de marido da mãe, do status de mulher do pai. Isso por um motivo simples: geralmente as crianças moram com a mãe. Então, o marido da mãe também mora com seus filhos. A mulher do pai, geralmente não. São relações diferentes em intensidade, em intimidade, mas podem não ser em qualidade.
Claro que nem todo mundo se coloca nessa situação do mesmo modo. Conheço muitos novos companheiros que não se aproximam dos filhos do cônjuge, outros até que competem com eles e acabam caindo numa relação insustentável. Não existe uma fórmula exata pra como as pessoas se comportam, cada um faz como quer e/ou consegue.
Mas eu considero perfeitamente possível estabelecer uma relação saudável e prazerosa nessas condições. Desde que cada um seja respeitado e sobretudo que seja respeitado o lugar de cada um. Assim, o afeto encontra espaço pra se manifestar.
Enfim, não tenho a pretensão de esgotar esse assunto. Quis escrever só alguns pontos pra puxar mais conversa de quintal. A bola tá com vocês.
_Claudia Souza _
O fato é que as famílias modernas estão mais complexas. E viva! Uma coisa que há algum tempo atrás era vivida com certo receio, hoje já pode - e deve! - ser vista como um privilégio. Porque essas pessoas podem oferecer às crianças outros modelos, outras referências, que servem muito a elas em seu processo de construção da própria personalidade. Ou seja, a coisa se amplia. E isso é otimo!
Um ponto importante pra partir a conversa é que pai e mãe não se separam. Marido e mulher sim, mas continuam a ser pais e mães morando em outras casas e trazendo outros companheiros pra família. Portanto, não é porque o pai casou com outra mulher que esta vai substituir a mãe. Não é porque a mãe casou com outro homem que este vai substituir o pai. Esse é o grande pânico das crianças, o medo de trair a mãe ou o pai quando se permitem gostar do novo marido da mãe ou da nova mulher do pai. A primeira barreira que eu acho que os novos companheiros devem quebrar é essa. Do seu próprio imaginário e do imaginário dos enteados. Feito isso, são todos livres pra começar uma outra relação, baseada em outros parâmetros, mas muito próxima do que se vive como pai ou mãe. Começar significa estar aberto a aprender juntos, a ir se conhecendo devagarinho. Afinal, são duas pessoas que se encontram através de uma outra, mas cujo relacionamento superara esta outra, na medida em que for se constituindo.
O marido da mãe não é um simples amigo da criança. Nem a mulher do pai. São mais que isso. Têm muita responsabilidade e portanto têm de ter muitos direitos. Há pouco tempo, li uma reportagem de que, na França, foi proposta uma lei que regulariza esses direitos. Nada mais justo. Os direitos devem ser na mesma medida da responsabilidade.
Na atual configuração familiar, é um pouco diferente o status de marido da mãe, do status de mulher do pai. Isso por um motivo simples: geralmente as crianças moram com a mãe. Então, o marido da mãe também mora com seus filhos. A mulher do pai, geralmente não. São relações diferentes em intensidade, em intimidade, mas podem não ser em qualidade.
Claro que nem todo mundo se coloca nessa situação do mesmo modo. Conheço muitos novos companheiros que não se aproximam dos filhos do cônjuge, outros até que competem com eles e acabam caindo numa relação insustentável. Não existe uma fórmula exata pra como as pessoas se comportam, cada um faz como quer e/ou consegue.
Mas eu considero perfeitamente possível estabelecer uma relação saudável e prazerosa nessas condições. Desde que cada um seja respeitado e sobretudo que seja respeitado o lugar de cada um. Assim, o afeto encontra espaço pra se manifestar.
Enfim, não tenho a pretensão de esgotar esse assunto. Quis escrever só alguns pontos pra puxar mais conversa de quintal. A bola tá com vocês.
_Claudia Souza _
8 comentários:
Pois vou contar uma histórinha, a minha enteada era pequeninha (3 ou 4 anos). Depois do almoço começa o seguinte diálogo:
-Elisa, porque a minha mãe não gosta de você?
Fiquei paralizada por um instante, mas com uma certa presença de esprírito respondi:
-É porque ela não me conhece ainda.
Ok. Ela se deu por satisfeita e o assunto morreu aí. Quinze dias depois...
-Elisa, a minha mãe disse que não quer te conhecer.
A partir deste dia percebi como seria difícil acessar o afeto desta criança se não eu não fosse devidamente "acolhida" pelos pais. Barra pesada, não? Infelizmente, 4 anos se passaram e tivemos pouca ou quase nenhuma evolução. Na verdade, a impressão que eu tenho é que cada dia vai ficando mais difícil....
Ah! esqueci de agradecer o post super legal e o desejo tão prontamente atendido! Em retribuição, queria dividir aqui com vocês um blog muito emocionante. Uma conterrânea nossa, grávida de 7 meses, o marido morre de morte súbita. Ela começa a escrever o blog para o filho dela: http://parafrancisco.blogspot.com
Claudia, muito legal a sua abordagem. Eu tenho uma filha de 13 anos, que nasceu quando eu tinha 17 anos (4 a mais do que ela tem hj, meu Deus! hahaha). Conheci meu marido quando ela tinha 3 para 4 anos. No começo foi difícil para os dois, para mim. Mas aos poucos eles foram encontrando caminhos próprios para trilharem juntos. E hoje eles têm uma relação tão bacana, tão cúmplice e única. Costumo falar que eles se relacionam por minha causa, mas independentemente de mim, ou seja, se amanhã não compartilharmos mais a vida como casal, os dois vão se amar do mesmo jeito. não tem mais volta. :)
Elisa, é dificl mesmo, mas nao desiste nao :-))
Vou ler agora o blog que vc indicou. Imagina, nao precisa agradecer, a gente adora quando vcs puxam conversa por aqui.
Sam, muito legal a tua experiencia, é isso mesmo, "ir encontrando caminhos proprios"...
Li outro dia sobre uma madrasta/psicóloga que defende bem a causa das madrastas, inclusive propondo um dia de comemoração pra ela:
http://www.robertapalermo.com.br/
A madrasta, tal como a sogra, é um papel social bem carregado, né?
É mesmo urgente reinventá-lo...A sua boa vontade, Elisa, é um passão, viu?
é muito dificil!! muito dificil manter qualquer tesao no casamento quando voce esta nesse barco. Toda a teoria é valida quando voce parte do presuposto que voce esta lidando com pessoas inteligentes " do lado de la"... quando a mae das criancas bate o pé e fala mal de voce toda a sua boa intencao nao so é esforco inutil como é desgastante pra sua vida. Barra pesada!
Gente, amei o site das "madrastas unidas"! Mas é realmente escandaloso algumas atitudes dos pais e como eles simplesmente não conseguem enxergar que quem sempre mais sofre é a criança! Valeu meninas!
Bom, sei nao, eu acho que toda "oposiçao" deve ser primeiro tolerada, segundo combatida com boas armas. E vai-se dando um jeito. Menino nao é bobo, acaba entendendo as coisas e achando um modo de "calibrar" a situaçao. Sao mais criativos que a gente pra isso. Desde que a gente nao entre no jogo do "lado de la", de dar o jogo por perdido, e continue investindo nas possibilidades... E' barra pesada mesmo, mas da pra resolver. Essa das "Madrastas Unidas" é otima!
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