sexta-feira, 24 de abril de 2009

Giro rápido

Esse fim de semana, estive num curso com o brincante Levindo Diniz, experiência que garantiu o saldo positivo do feriado depois de dois programas culturais para criança da categoria super roubada. Estive mais quieta, observando tudo e convicta de que o brincar é mesmo, como afirma Lydia Hortélio, o "último reduto da espontaneidade".
Fiquei pensando se o brincar proposto pelas escolas é um brincar genuíno ou mera sabatina disfarçada. E se o ficar quieto, observando é um não brincar. Como é que a escola, principalmente a que determina objetivos pedagógicos pro brincar, lida com a falta de vontade de brincar?
À certa altura, minha mão coreografava livre e distraídamente com o barbante da brincadeira proposta, quando uma colega ao lado me alertou: você arranjou um novo jeito de brincar!
Então fiquei pensando que a gente pensa melhor quando a ideia passa pelo corpo e pelo coração da gente. Mesmo que quietos.
***
No oooutro fim de semana, a convite da querida Fefê, assisti ao espetáculo A Ver Estrelas e gostei muito, feita a ressalva de que o texto (maravilhoso) é um pouco indigesto às crianças muito pequenas, o que não chega a ser ruim, já que poucas produções se ocupam das crianças maiores e dos adolescentes.
***
Bonito demais esse post do Garrocho.
Cibbele Carvalho

5 comentários:

Claudia Souza disse...

Quando faço oficinas de sucata (só uso essa palavrapra vocês entenderem, porque prefiro mil vezes material recuperado) com as crianças aqui no Museu digo sempre pra elas ficarem quietas e esperarem as idéias pousarem em suas cabeças antes de criar seus brinquedos. Sem pressa, por favor - acrescento. Não tem de acabar nada, o jogo pode continuar muito depois que acabar o tempo da oficina. Eu acho fundametal um pouco de quietude pra brincar melhor, principalmente se é brincar de criar. Nas brincadeiras também, no momento de combinar as regras e nas primeiras jogadas, vale muito a concentração. E quem disse que menino tem dificuldade de concentrar? Tem nada. Às vezes falta hábito e vontade, mas concentração eles têm de sobra (o cérebro deles é fresquinho).

cibele disse...

Bonita essa idéia da idéia pousar...

Na sua oficina, Clau, o não querer brincar não deve aparecer muito. Mas e nas escolas que curricularam o brincar, como faz quando a criança não quer brincar?

Eu lembro do meu brincar como uma atividade mais secreta, indominável, um lugar de resistência, digamos assim...A minha filha desde sempre me fala: não me olhe brincando...De repente, obrigam as crianças a brincar, num tempo e num espaço determinados, enquanto adultos observam e avaliam tudo. Estranho...

Claudia Souza disse...

Pois é, estranho e triste. Lembro de umas crianças (de escolas caras e chiques de BH) que chegavam ao CLIC e quando a gente dizia que ia contar história, diziam: - Ah, não, história não! A gente perguntava por que e elas respondiam: - Depois tem de fazer re-escrita! Isso me matava de dó. Pensava em mim mesma saindo de um filme maravilhoso e tendo de fazer "atividade de interpretação" dele. Sejam as mais caretinhas, tipo perguntas e respostas, ou essas de re-escrita, são sempre a didatização da Cultura da Criança, né?
Realmente, isso de TER DE brincar tira o sentido da coisa. Principalmente porque, em se tratando de Escola, estão sempre presentes os mecanismos de controle.

Fefê disse...

Ei, foi legal o Ver Estrelas, né?? Ficamos cantarolando o musical depois...
Beijo
(estamos de recesso essa semana e não temos aula, né?)
Fefê

QUINTEIRAS disse...

Fefê,
Eu adorei, as crianças boiaram um pouco, né? Mas de qualquer jeito ficam as sensações, o estético...
Pois é, essa semana vai ser boa pra ruminar...
: )

 
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