Fiquei pensando que esse zelo se exprime muito no desempenho dos próprios pais na função da paternidade/maternidade, não sendo portanto um zelo com o outro, mas um zelo pela promoção da sua auto-imagem. O que está sendo zelado é o desempenho (um certo tipo de desempenho, ponderou a Clau num outro momento) que promova os pais a bons pais. Hiperpais. Embora seja uma ação muito narcísica, é realizada em nome do amor. Esse autozelo (sem hífem, confere?) talvez explique um contraponto a essas presenças tão invasivas: as ausências de valores, de limites, de tempo e outras relíquias.
Corujices são saudáveis. Todo mundo se excede às vezes, pra cá e pra lá, mas se tomado no geral, acho perigoso afirmar que esse novo modelo de pai e mãe ama demais. Ama quem, apesar do próprio desejo dizer o contrário, respeita o direito de ver o filho crescer e de ser ele mesmo. Acho importante essa colocação para que não pareça que os pais mortais amam menos ou que esse sufocamento esteja de alguma forma justificado por uma causa nobre.
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Fiquei pensando também sobre a competitividade entre mães (apesar das conquistas em outros campos da mulher moderna) e sobre o confortável conceito de mãe suficientemente boa de Winnicott.
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_Cibbele Carvalho_
3 comentários:
Eu tenho a impressão de que tem a ver com a confusão de papéis, de identidades. Parece que a identidade de pai/mãe anda meio misturada com a de profissional. Parece que muita gente anda querendo "ter MBA" em paternidade/maternidade, senão se sente "off". As pessoas falam de Educação como se falassem de técnicas de venda. Pode ser também por aí?
Ahhh... Lembrei daquela clássica frase de para-choque (desculpem, eu tô por fora das reformas, é com ou sem hífem isso daí?) de caminhão: AS MÃES MENTEM! ha ha ha
Hahahahaha...jura que tem essa frase? Altíssima sabedoria Popular...prêmio Nobel!
para-choque...vou pensar...
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