quarta-feira, 29 de abril de 2009

HiperPais

Recentemente, surgiu um novo “modelo” de pais e mães: os hiperpais (sem hífen, confere?). É o que mostra a matéria da Revista Época. O título também é bem interessante: Pais que amam demais atrapalham os filhos. A ideia é que os pais, zelosos ao extremo na criação dos filhos, acabam por prejudicá-los. Mais ou menos nessa direção, outro dia me chegou uma amiga com uma frase do seu analista que era mais ou menos assim: "quanto menos sentirmos prazer na criação dos filhos, melhor". Será?

Fiquei pensando que esse zelo se exprime muito no desempenho dos próprios pais na função da paternidade/maternidade, não sendo portanto um zelo com o outro, mas um zelo pela promoção da sua auto-imagem. O que está sendo zelado é o desempenho (um certo tipo de desempenho, ponderou a Clau num outro momento) que promova os pais a bons pais. Hiperpais. Embora seja uma ação muito narcísica, é realizada em nome do amor. Esse autozelo (sem hífem, confere?) talvez explique um contraponto a essas presenças tão invasivas: as ausências de valores, de limites, de tempo e outras relíquias.

Corujices são saudáveis. Todo mundo se excede às vezes, pra cá e pra lá, mas se tomado no geral, acho perigoso afirmar que esse novo modelo de pai e mãe ama demais. Ama quem, apesar do próprio desejo dizer o contrário, respeita o direito de ver o filho crescer e de ser ele mesmo. Acho importante essa colocação para que não pareça que os pais mortais amam menos ou que esse sufocamento esteja de alguma forma justificado por uma causa nobre.
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Fiquei pensando também sobre a competitividade entre mães (apesar das conquistas em outros campos da mulher moderna) e sobre o confortável conceito de mãe suficientemente boa de Winnicott.
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_Cibbele Carvalho_

3 comentários:

Claudia Souza disse...

Eu tenho a impressão de que tem a ver com a confusão de papéis, de identidades. Parece que a identidade de pai/mãe anda meio misturada com a de profissional. Parece que muita gente anda querendo "ter MBA" em paternidade/maternidade, senão se sente "off". As pessoas falam de Educação como se falassem de técnicas de venda. Pode ser também por aí?

Claudia Souza disse...

Ahhh... Lembrei daquela clássica frase de para-choque (desculpem, eu tô por fora das reformas, é com ou sem hífem isso daí?) de caminhão: AS MÃES MENTEM! ha ha ha

QUINTEIRAS disse...

Hahahahaha...jura que tem essa frase? Altíssima sabedoria Popular...prêmio Nobel!

para-choque...vou pensar...

 
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