segunda-feira, 27 de abril de 2009

Meus "negócios"

Que menino nunca recolheu objetinhos encontrados na rua ou fragmentos abandonados pela natureza?

Taí uma brincadeira que apaixona toda criança. Pode ser o início de uma coleção, o sinal de uma mente curiosa e de um espírito científico. Acima de tudo, trata-se uma atividade criativa...

Que nem sempre, vale dizer, é vista favoravelmente pelos pais. Afinal, não e fácil ter a própria casa invadida por pedrinhas, conchas, ramos, folhas e animaizinhos secos ou "pior", tampinhas enferrujadas, pregos, pedaços de lata ou de plástico sujos. Principalmente se a casa em questão é um apartamento no centro de uma grande metrópole. Mas fazer o quê? Pra ser mãe e pai é preciso um pouco de resignação.

Ou mais - se possível. Se quiserem. Não só permitir como estimular essa "arqueologia" que elas fazem. Que tal separar em casa um espaço pro Museu do seu filho(a)? Um espaço pra guardar, catalogar, organizar e mostrar os seus "negócios", um Museu da, e para a, criança, feito segundo as indicações dela.

As crianças nos ajudam a ampliar nossos olhares preguiçosos sobre o mundo. Para descobrir outros pontos de vista, nada melhor que observá-las enquando constróem sentidos inusitados.

"Conservar o espírito da Infância dentro de si por toda a vida quer dizer conservar a curiosidade de conhecer, o prazer de entender e a vontade de comunicar".
(Bruno Munari, 1986)

_Claudia Souza_

2 comentários:

Cibele disse...

Boa idéia...eu gosto de ver os critérios das crianças para catalogar...é só observar as crianças guardando brinquedos que aparecerão muitos outros critérios.

Já fiz a experiência com alunos de filosofia para crianças... cada dia um guardava o material usado. Uma criança uma vez guardou de um jeito que me pareceu sem critério e eu perguntei pq ela tinha guardado daquele jeito, aí ela me falou...essa peça desse jogo eu guardei junto com essa outra peça daquele outro jogo porque hoje eles se casaram na minha brincadeira e coloquei junto essas três pecinhas, que são os filhos que eles vão ter quando eu brincar de novo na outra aula. O resto ela colocou tudo junto, misturado.

Luiz Carlos Garrocho disse...

O que juntávamos? De tudo mesmo. Como vivíamos na região montanhosa do bairro Serra em BH, fazíamos coleções de predras. Um dos meus amigos virou especialista: "olhe, um cristal defumado!" E assim foi: virou geólogo. Fico me perguntando o que cada um já tinha ali do que gostaria depois de negociar com o mundo seu sustento na vida adulta... Talvez, as cartografias imaginárias de aventuras-ficções...

Mas tive museu de coisas antigas também. Dele sobrou um ferro de passar roupa, à brasa, que até hoje guardo (ganhei de presente de minha mãe, sem que ela soubesse que já foi do meu museu...).

Outras coisas, tento lembrar. Mas bichos vivos, muitos. Já tentei criar sapo no quintal. E galinhas, cachorros... E por aí vai...

Boa idéia essa do museu de coisas achadas!

 
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