quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

“Nossos filhos vão muito bem, obrigado”…

Num livro muito interessante, “Lesbian and gay parents and their children” , o psicólogo Abbie E. Goldber, docente da Faculdade de Psicologia da Clark University, nos Estados Unidos, analisa mais de 100 estudos acadêmicos sobre pais de mesmo sexo.

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Até pouco tempo atrás, sabia-se muito pouco sobre filhos de casais de mesmo sexo. Sem parâmetros concretos, baseada só em suposições, muita gente afirmava que essas crianças e adolescentes estariam mais expostos ao risco de distúrbios psíquicos e sociais que seus coetâneos. Este argumento ainda é muito usado pelas posições sócio-políticas contrárias à constituição de famílias homossexuais legalizadas. O livro – e outros atuais e consistentes estudos que o autor cita – demonstram justamente o contrário: a conclusão é de que, nos casos pesquisados, os filhos de casais de mesmo sexo não são muito diferentes daqueles de casais de sexos diferentes.

Segundo os dados coletados nas pesquisas, eles não só não correm mais risco de distúrbios psíquicos, como são muito queridos nas escolas. Têm o mesmo número de amigos dos filhos de casais heterossexuais. Não apresentam problemas de confusão sobre gêneros e sua sexualidade transcorre tranquilamente.due_mamme_1

As diferenças são ainda mais significativas que as semelhanças: essas crianças e adolescentes tendem a ser menos conformistas e mais flexíveis sobre papéis e assuntos de gênero que os filhos de pais de sexos diferentes. Quando crescem, tendem a trabalhar em funções sociais e a ter mais amigos “diversos” que os adultos médios.

Fico aqui pensando com os meus botões se o ponto principal não estaria na velha questão da verdade em família. Quantas famílias são fundadas em cima de um grande não-dito que desorienta as crianças e desconcerta os adultos. A palavra – o que é dito - "norteia" as relações, como diz J. Lacan.

O fato das famílias com pais de mesmo sexo, apesár de toda a resistência do status quo, terem optado pela verdade de suas relações, além de favorecer a harmonia psíquica de seus filhos, traz à tona debates interessantíssimos, não só para si mesmas, mas também pras famílias heterossexuais. Enquanto na esfera pública se discute sobre casamento e adoção de filhos entre pessoas do mesmo sexo , no âmbito privado se discute igualdade de papéis entre pessoas, independente se são homens ou mulheres. Ou seja, igualdade de direitos e de responsabilidades nas coisas mínimas do cotidiano. Uma discussão em que o gênero não é um mediador, um divisor de águas de direitos, como vem sendo em séculos e séculos de História.

Assunto utilíssimo para as crianças, principalmente se se pretende educar pessoas mais justas e tolerantes.

_Claudia_

2 comentários:

Allan Robert P. J. disse...

Crianças não tem preconceitos.

Que o Natal seja de alegria e paz e um 2010 cheio de conquistas e realizações! :)

Cibele disse...

Ei, Allan, tudo bem? A Clau viajou e eu estou aqui no plantão quintarola te desejando boas festas e um ano novo bem bacana, viu?

 
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