terça-feira, 2 de março de 2010

Mais sobre adaptação escolar


Passadas as adaptações mais emergenciais de 2010, fiquei pensando nela como num tripé: família, criança e escola.


As famílias, peça chave nesse processo, ora dão aval, ora pedem colo. Cada criança tem as suas demandas e é claro que no meio disso tudo podem haver circunstâncias...a chegada de um irmão, uma mudança de casa ou cidade, uma separação, a mãe que volta a trabalhar... E há a escola, a adequação da cultura daquela escola especificamente à cultura familiar. Tudo isso os educadores sabem bem. O que tem me chamado a atenção é uma outra variável que consiste na forma como a cultura da escola se abre para o mundo o e que me parece influenciar bastante no sucesso das adaptações.

Adaptar numa escola de altos muros, com regras rígidas e com grupo seleto é muito mais difícil do que numa escola aberta e flexível. Uma escola realmente arejada dialoga com o mundo, absorve a sua diversidade e dá espaço para que o novo integrante traga a sua bagagem. Uma escola arejada acolhe porque entende que o acolhimento é o primeiro capítulo da transformação que a educação possibilita.

E qual seria o antônimo de arejada? Abafada? Asfixiada? Enclausurada? Nas escolas de muros altos, com seleção rigorosa e crianças que estudam juntas desde o primeiro ultrassom , há mais certezas do que dúvidas e não há diálogo real nessas circunstâncias. O novato é praticamente uma ameaça, porque ele traz o novo, o lá de fora que instaura incertezas. Por isso é preciso cortar-lhe os cabelos e apropriar-se rapidamente de todos os seus pertences. Perde o novato, perdem os veteranos...

E é bom lembrar que ser aberto não significa de forma nenhuma abrir mão de uma identidade ou negociar o inegociável. Aliás abertura pode ser, ao contrário, um princípio, uma cláusula pétrea.

E mais...a idéia de que adaptar-se a um grupo pequeno é mais fácil pode ser enganosa. O autoritarismo se adere super bem a pequenos grupos e muito raramente alcança grupos maiores. Quando isso acontece, vira fenômeno histórico, investigado por cientistas sociais, filósofos e psicanalistas.

Independente do número de alunos ou da área da escola, é muito mais fácil adaptar-se numa escola que viva os diversos significados do adjetivo grande.


_Cibele_

3 comentários:

Claudia Souza disse...

Putz, no meio de tanta brincadeira da caixa do post anterior to até enrolando a lingua pra comentar nesse, todo sério.
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Mas vale dizer que voce tem a mais absoluta razao e acrescentar a imagem (que adoro) de Piaget pra explicar a adaptaçao: uma pedrinha lançada num lago. O lago faz aqueles aros pra receber a pedra, se adapta ele também a ela.

Cibbele Carvalho disse...

A gente gosta desse vai e volta, né Clau...acho que o quintarola é meio agridoce.

Eu aproveitei a inspiração, a insônia e vc trouxe uma imagem linda, linda!

Aliás, na minha insônia eu ainda me lembrei de mais um conto popular brasileiro...

Mas deixo pra postar outra hora que essa semana eu resolvi falar/postar/matracar pelas férias inteiras...

Beijos

Claudia Souza disse...

E sim, agridoce como a gente né.
E vamo' falando/postando/matracando enquanto a porteira ta aberta porque a gente ficou uns tempos incubada hehe

 
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