(O post da Cibbele sobre as canções de ninar me abriu várias janelinhas).
Andy Wahol
Um amigo costuma dizer brincando que é NADA-ISTA =) “Pega o conceito mais lindo que possa existir – ele diz – mete um ista no final e acabou-se a festa”.
Os “ismos” – esses movimentos sociais invisíveis - invadiram a nossa vida privada.
O problema é que a gente vive num Sistema que nos impele a aderir a seus movimentos. Algumas adesões são conscientes, outras vão pelo piloto automático. As relações familiares estão impregnadas delas e muitas vezes a gente nem percebe que está senso moralista ou naturalista ou capitalista ou racista ou paternalista ou consumista ou profissionalista ou machista ou feminista ou comunista ou fascista ou saudosista… enfim. A gente nem percebe que está agindo em função de um movimento social, e não dos próprios pensamentos e sentimentos.
Muitos pais modernos, por exemplo, levam seu profissionalISMO pra dentro de casa e viram “pais&mães profissionais”. Isto é, devem ser pais&mães polivalentes: atualizados, bem-informados, disponíveis 100% do tempo (noite incluída), flexíveis, competentes, bem-controlados… ufa! Falta de paciência é inadmissível: se escapa uma palmada ou um grito, são três anos de culpa. Descuidos com a alimentação, a higiene, com a formação cultural dos rebentos… imperdoável, hoje dormi enquanto lia pra eles! Produtos culturais, só aqueles rigorosamente selecionados, dentro de um universo restrito(limpos, sem violência, eruditos). Brincar? Como assim, brincar é perda de tempo, está fora dos “padrões de qualidade” da família. A não ser que seja uma brincadeira pedagógica, com um objetivo preciso.
Outros preferem ser profissionais só nos respectivos trabalhos e, como bons pragmatISTAS, “terceirizam” a educação dos filhos. Afinal, tem tanto profissional capaz de “dar conta” dessas pestinhas pra gente, né? O cinema e a TV nos oferecem tantos exemplos (de Mary Poppins a Nanny McPhee, passando pelo bizarro Super Nanny) de como um elemento “de fora” pode contribuir para domar as feras que temos dentro de casa. A escola e a babá vem em primeiro lugar. “Nós pagamos, vocês eduquem”. Em último caso, superadas estas e as atividades extra-curriculares, temos o psicólogo, ora!
Alguns “ismos” se associam e assim tornam-se um “ismo” maior. Por exemplo, profissionalismo + naturalismo = higienismo. Que significa controlar obsessivamente alimentação, hábitos e até pensamentos das crianças segundo as regras do politicamente correto. Não que não seja saudável alimentar-se "bem" e ter "boas" condutas, é óbvio, mas além disso ser muito relativo, nenhuma Moral consegue ser construída com taaanto controle externo. Criança precisa de tempo e de autonomia pra construir seus próprios valores.
Tendo a pensar que se a gente conseguir ser mais NADA-ISTA talvez consiga educar melhor, com mais verdade, sem tantos exageros ou sem tantas faltas. Afinal, pressupondo que sejamos todos adultos, é de se esperar que tenhamos uma lógica formal, capaz essa sim, de tomar decisões úteis diante dos conflitos do dia-a-dia. Jogar com a Razão faz bem, nos faz menos racionalISTAS.
_Claudia_
2 comentários:
Muito bom, Clau! A imagem foi muito feliz para ilustrar a idéia.
no meu tempo pai profissional era o pai patrao. a mae e os filhos eram os empregados dele. agora è o pai e a mae polivalentes.
F.
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