
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Feliz ano novo!!!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Caracolando 3 - Mudando com crianças

Mudar de casa é um desafio para a família, especialmente para as crianças. Se a criança está aprendendo a andar e já dominou degraus, vãos, tapetes e obstáculos daquela casa, terá de reaprender tudo isso em outro lugar. Cada casa tem lá sua orquestra de barulhos: a minha casa de infância faz até hoje um barulho de sapo coaxando na pia da cozinha, embora seja um apartamento de terceiro andar. O apartamento em que moro hoje tem aquele pi, pi, pi , aviso de garagem abrindo. Morei numa casa cheia de natureza e o barulho das cigarras em algumas épocas do ano chegava a ser chato demais.
Os pais podem ajudar a criança a identificar esses barulhos estranhos e a familiarizar com os novos espaços da casa. Uma vez, inventei um acampamento semanal em cada cômodo pra tentar acabar com o medo que a minha filha sentiu. Ajudou, mas não resolveu.
Junto com a mudança vem também o temor de perder os brinquedos. Se a criança puder participar da embalagem dos brinquedos, melhor. E pode ser legal deixar de fora o ursinho preferido ou a boneca de estimação.
Em todas as minhas mudanças, tentei alterar o mínimo possível a decoração pra diminuir o estranhamento. Acrescentei um item novo ao quarto da minha filha, à escolha da freguesa. Da última vez, ela escolheu a cor para pintar na parede. Rooooosa choque. Lição: Mais vale uma filha adaptada que o bom gosto dos pais!
Por último, o mais difícil pra mim que sou meio tímida, preparo-me pra ser mais ativa na procura de novos laços de amizade. Isso facilita muito a vida da meninada e a minha também, devo admitir.
Do novo enraizamento, o tempo se encarrega (embora a gente possa dar uma mãozinha) e quando menos se espera, a casa vira um lar.
Dois desenhos ótimos sobre o tema: Toy Story e a Estrela de Laura.
_Cibele_
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
Caracolando 2 - Cenas de despedida

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Um video fofo - presente de Boas Festas do Quintarola pra vocês...
Fish. O curta que venceu o Festival de Berlim deste ano.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
“Nossos filhos vão muito bem, obrigado”…
Num livro muito interessante, “Lesbian and gay parents and their children” , o psicólogo Abbie E. Goldber, docente da Faculdade de Psicologia da Clark University, nos Estados Unidos, analisa mais de 100 estudos acadêmicos sobre pais de mesmo sexo.
Até pouco tempo atrás, sabia-se muito pouco sobre filhos de casais de mesmo sexo. Sem parâmetros concretos, baseada só em suposições, muita gente afirmava que essas crianças e adolescentes estariam mais expostos ao risco de distúrbios psíquicos e sociais que seus coetâneos. Este argumento ainda é muito usado pelas posições sócio-políticas contrárias à constituição de famílias homossexuais legalizadas. O livro – e outros atuais e consistentes estudos que o autor cita – demonstram justamente o contrário: a conclusão é de que, nos casos pesquisados, os filhos de casais de mesmo sexo não são muito diferentes daqueles de casais de sexos diferentes.
Segundo os dados coletados nas pesquisas, eles não só não correm mais risco de distúrbios psíquicos, como são muito queridos nas escolas. Têm o mesmo número de amigos dos filhos de casais heterossexuais. Não apresentam problemas de confusão sobre gêneros e sua sexualidade transcorre tranquilamente.
As diferenças são ainda mais significativas que as semelhanças: essas crianças e adolescentes tendem a ser menos conformistas e mais flexíveis sobre papéis e assuntos de gênero que os filhos de pais de sexos diferentes. Quando crescem, tendem a trabalhar em funções sociais e a ter mais amigos “diversos” que os adultos médios.
Fico aqui pensando com os meus botões se o ponto principal não estaria na velha questão da verdade em família. Quantas famílias são fundadas em cima de um grande não-dito que desorienta as crianças e desconcerta os adultos. A palavra – o que é dito - "norteia" as relações, como diz J. Lacan.
O fato das famílias com pais de mesmo sexo, apesár de toda a resistência do status quo, terem optado pela verdade de suas relações, além de favorecer a harmonia psíquica de seus filhos, traz à tona debates interessantíssimos, não só para si mesmas, mas também pras famílias heterossexuais. Enquanto na esfera pública se discute sobre casamento e adoção de filhos entre pessoas do mesmo sexo , no âmbito privado se discute igualdade de papéis entre pessoas, independente se são homens ou mulheres. Ou seja, igualdade de direitos e de responsabilidades nas coisas mínimas do cotidiano. Uma discussão em que o gênero não é um mediador, um divisor de águas de direitos, como vem sendo em séculos e séculos de História.
Assunto utilíssimo para as crianças, principalmente se se pretende educar pessoas mais justas e tolerantes.
_Claudia_
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Caracolando

Não foi fácil, mas já tinha me acostumado. Só não acostumei a me despedir, isso ainda dói, porque onde quer que se esteja, pessoas queridíssimas teimaram em aparecer e me mostram como o mundo pode ser diferente se visto de outras janelas.
Vou começar aqui uma série chamada Caracolando, pretendendo pensar diversos temas dentro desse enfoque: o dia da mudança com crianças e como prepará-las, o aluno nômade e o sentimento de eterno novato, respeitando as diferenças culturais, o brincar e a cultura da criança por aí.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Brincando no Congo
Há algum tempo, falamos aqui e aqui de como as brincadeiras infantis são parecidas em lugares tão distantes (e culturalmente tão diferentes) no mundo.
Essa observação confirma a tese que a gente defende sempre, de uma Cultura Lúdica universal, inventada e partilhada por meninos e meninas onde quer que se encontrem com, claro, algumas variações e adaptações segundo as diversas culturas, línguas, ritmos e costumes. Mas o fio, quando a gente puxa, é quase sempre o mesmo.
Este vídeo, que achei no blog da Folhinha, demonstra com imagens esta similaridade. Crianças no Congo (África) brincam de elástico, pular corda, aros, estilingue, rodas de gestos simultâneos e outros jogos tão nossos conhecidos…
Outra coisa que chama a atenção nas imagens é que, pra brincar, precisa-se de muito pouco. Num ambiente de tanta privação, a ludicidade corre solta e é muito criativa. Isso não é nem de longe um elogio à pobreza, mas a simples constatação de que o excesso de estímulos e a riqueza de objetos não só não ajuda, como chega a atrapalhar a brincadeira espontânea.
As crianças nos dão essa bela mensagem: entre tantas diferenças, o âmago (simples) do Ser Humano é o mesmo e pode ser re-descoberto.
_Claudia_
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Poesia para brincar
A Ana Paula, professora do Libertas, nos escreveu um e-mail muito gentil, dizendo que passeia sempre por aqui e pedindo dicas de poesia pra criança. Daí fui ver que nunca-nunquinha falamos nada a respeito aqui no quintal. Comemos mosca!
Mas nunca é tarde. Aí vão as dicas que passei pra ela:
De poesia pra criança que eu gosto tem tanta! Mas vou indicar só um começo, uma trilha, depois mais pra frente vocês nos escrevem contando o que mais encontraram a partir daí. Porque poesia é muito pessoal, depende muito do espírito de cada um e de cada momento.
Vamo' lá.
O mais básico pra mim é o Ou isto ou aquilo, da Cecília Meireles.
Depois tem o Elias José (É o bicho, Bicho que te quero livre, e tantos outros)
O Vinícius (com a Arca de Noé e A Casa dos brinquedos), que dispensa apresentações…
A Ana Beatriz
O José Paulo Paes (Poemas para brincar é maravilhoso, Um passarinho me contou também)
O Manoel de Barros... acho maravilhoso tudo que ele escreve. Não é especificamente pra crianças, mas funciona super bem, as crianças se identificam com o jeito dele escrever.
Os livros do Bartolomeu Campos de Queirós são um tipo de prosa poética, muito bonitos.
O português Sidônio Muralha (Helena e a Cotovia, Bichos, bichinhos e bicharocos, A televisão da bicharada) é incrível, poesia contemporânea da mais alta qualidade.
Até a Ruth Rocha, grande contadora de histórias em prosa, escreve ótima poesia! (Palavras, muitas palavras)
O Luís Camargo tem uma série de livros sobre a poesia infantil brasileira.
Comecem por aí que vocês vão muito bem. E depois vão desdobrando =)
_Claudia_
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Uia, que legal!

_Cibele_
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
O Natal na telona
A Rena do Nariz Vermelho (1964) foi um filme natalino que marcou a minha infância, numa época pré- vídeocassete, em que tínhamos de nos programar para assistir TV.
O Milagre da Rua 34 ou De Ilusão Também se Vive é um filme de 1947 que foi refilmado em 1994. A primeira versão ganhou três Oscars, entre eles os de Melhor Roteiro e História Original, embora possa parecer lento para as crianças de hoje. O que mais gostei foi da representação que o filme faz do universo adulto nas personagens dos juristas (juiz e advogado), do psicólogo e dos empresários. No test drive infantil, ficou o diálogo entre o Papai Noel e o psicólogo que lhe aplica um teste para saber se eles está biruta:
_Quantos anos você tem?
_Tenho a idade da minha língua, mas sou mais velho que meus dentes.
A segunda versão eu não vi, mas fiquei curiosa.
O outro filme é Um Natal Muito Louco (2004). Tinha tudo pra ser muito legal (mas é chaaaato), já que conta a história de um casal que decide não comemorar o Natal e sofre todo tipo de coersão social pra se render a ele. O final é decepcionante, mas vale a pena assistir pra sentir a força da tradição. Não é infantil, mas pode ser visto em família.
No século XXI, o filme reprisado da vez é Simplesmente Amor. Ainda não consegui vê-lo inteiro, mas os pedaços que acompanhei na TV a cabo achei bem bonitinho.
A minha lista foi uma mistura de esforço de memória e uma pesquisinha rápida no Google. É...de fato o tema não é dos mais amigáveis à sétima arte...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Brinquedos extraordinários 5: A bola – incluindo a bolinha de gude
Nem vou falar muito sobre a bola, mas queria destacá-la. Queria me referir a ela como o brinquedo que representa o movimento, a relação, a troca e até, por que não, a disputa honesta.
A bola dialoga com as crianças (com as pessoas!) de todos os modos possíveis e impossíveis. É simbólica, é divertida, é simples, é propositiva, é diversa, é altamente “brincável”.
Do universo da bola extrai-se tantas possibilidades de jogo e de diversão, entre elas as bolinhas de gude. Quando crianças, fazíamos os circuitos na terra batida. Mas estes circuitos podem ser construídos de todo jeito, incorporando, ao verdadeiro manancial de Cultura Lúdica que essas simples esferas de vidro comportam, desafios pra lá de inusitados. As regras são complexas e maleáveis, podendo facilmente ser adaptadas às diversas circunstâncias e ao bel prazer dos jogadores.
Aqui na Itália, um grupo de estudiosos criou A Universidade das Bolinhas de Gude. No Festival de Brincadeiras de Rua de Verona, vi um circuito enorme montado no meio da rua, onde muitas crianças se divertiam com elas. Em Araçuaí, Minas Gerais, nas minhas viagens de estudos com as educadoras crecheiras, vi os meninos construírem um circuito esculpido num tronco de árvore.
Enquanto escrevo me vem a velha canção do velho filme Lost Horizon, “The world is a circle and never begins, nobody knows where the circle ends…”. Verdade. Nunca começa. E a bola lembra que nunca termina.
_Claudia_
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Sementes suecas

Não pude deixar de notar a recorrente a tensão entre a necessidade de se preservar a infância, aqui expressadas pelas idéias de segurança e de valorização do brincar e o perigo do confinamento cultural da criança, conceito de Edmir Perroti.
Obviamente, não se trata de desprezar a importância das cadeirinhas de segurança para carro ou dos filtros solares, mas não deixa de ser interessante pensar que uma outra boa medida para a segurança das crianças é submetê-las a algum risco calculado. Não é por acaso que as crianças que mais caem são as mais protegidas. Digamos assim, que tão importante quanto eliminar o risco desnecessário ou excessivamente danoso é prepará-las para os riscos inevitáveis. E isso só pode ser feito através dos pequenos riscos.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Bronca
Desculpem, leitores do Quintarola, se meus últimos posts têm sido baseados em matérias que leio ou fico sabendo ou em conhecimentos já de muito adquiridos. O Museu onde eu trabalho está fechado temporariamente e então fico sem a minha principal matéria-prima pra escrever: a convivência com as crianças.
Mas esta noite, provavelmente motivada por uma situação pessoal que estou revivendo, um menino me apareceu em sonho.
- Aquele menino disse que eu sou horroroso – me disse ele, indicando um outro.
- Vamos lá falar com ele – respondi, determinada.
- Não. Não gosto de dar bronca.
Esse menino sou eu.
Taí uma coisa que sempre detestei e evitei fazer, seja como mãe, como educadora, como diretora, como colega e até como amiga: dar bronca nos outros. Tem gente que sabe dar bronca com maestria. E gosta. Mas pra dar bronca precisa:
1) saber identificar um ou vários comportamentos incorretos. Eu não sei fazer isso, porque pra saber o que é incorreto eu precisaria saber exatamente o que é correto e o que é correto seria algo que EU creio que seja correto e o que eu creio que seja correto me põe mais dúvidas que certezas;
2) deixar a compaixão de lado. Senão você fica pensando nos motivos que levaram o outro a agir daquele modo e se perde. Eu me perco com frequência porque onde se vêem erros eu vejo incapacidades e acabo estando junto pra compreendê-las, ao invés de dar a bendita bronca;
3) desprezar a circunstância onde aconteceu o suposto comportamento incorreto e focar tudo nele próprio. Mas não é incrível que, se você muda uma variável circunstancial o comportamento das pessoas muda totalmente?
4) ser “neutro”, ou seja, destacar-se no julgamento, retirar os seus próprios componentes da situação (sejam eles conscientes ou inconscientes). Esta é outra arte que me é desconhecida.
No sonho, já acordada, eu diria pro menininho:
- Deixa ele pra lá, ele não deu conta de te perceber como você é realmente, mas outro dia quem sabe?
_Claudia_
domingo, 6 de dezembro de 2009
1 ano e 1 mês
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
And so this is Christmas
Tá bom, é Natal. Até The Grinch mudou de ideia e … a propósito, conhecem já os livros do Dr. Seuss? São super divertidos!
Em suma. É Natal.
Para as crianças e os apaixonados (aqueles que acreditam em milagres) este período pode ser uma oportunidade pra agradecer, oferecer flores, reencontrar-se, falar, esclarecer, abraçar, estar junto olhando as nuvens ou o infinito, passear, brincar… e tantas outras dessas atividades inúteis e grátis. Que tiram os pesos do coração.
Ir além da data comemorativa, só uma a mais entre o monte que tem no calendário. Além das leis do Mercado – que consegue sobreviver bem sem esses símbolos pré-fabricados.
Estranho. Sempre fui muito insensível (às vezes até meio irritada) a esses períodos-em-que-todo-mundo-faz-essas-coisas. Não gosto dos enfeites, das cerimônias, da enorme quantidade de presentes e de comida. Gosto menos ainda de sentimentos enquadrados dentro de um contexto.
Mas este ano parece que fui contaminada. Sou a primeira da fila querendo entrar em 2010 com o coração leve feito pluma =)
_Claudia_
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
AvóDezanove e o segredo do soviétivo

Selecionei dois trechos exemplares:
“_ Tínhamos combinado que era de noite.
_ Mas o mundo está cheio de surpresas camarada, e temos que aproveitar. Agora, vamos ver como?
_É só esperar um bocadinho.
_O quê?
_É só esperar um bocadinho. Os olhos vão se habituar, vais começar a ver no escuro.
_Ver no escuro? Nunca vi.
_Mas vais ver. O escuro é como uma brincadeira. Acaba rápido.”
“Quieto a não pensar.
(...)
A inventar minutos meus dentro dos minutos do tempo?
A crescer com um coração e um corpo a fugirem da infância? “Alguém corre atrás do menino?”, a avó Dezanove costumava perguntar. O tempo me perseguia com um corpo de me assustar? Eu me sentia o mundo todo ali no pequeno largo da praia do bispo?”