Como sócia que é sócia usa de recursos telepáticos, a Clau levantou a idéia logo quando ela esquentava a minha cabeça e de outros colegas educadores.
Assumir uma história triste na literatura infantil é assumir a própria tristeza como parte da infância. Voltamos à discussão sobre os limites entre os assuntos permitidos à infância e os assuntos vetados. No entanto, há tristezas e tristezas e sabemos que se é verdade que não é benéfico isolar as crianças do mundo, também sabemos que certas informações precisam vir na hora certa. A hora certa não fica no calendário, nem no relógio, mas na história de cada indivíduo. De forma que alguns assuntos só devem ser tratados quando a criança já está apta a lidar com eles. E como saber quando ela está apta? Quando ela começa a demonstrar curiosidade. Respondemos somente e na medida em que a criança pergunta.
Podemos pender entre a importância do final feliz tão defendido por Bruno Bettelheim e uma lista enorme de clássicos com final triste, inegociáveis para a cultura infantil: A Pequena Vendedora de Fósforos, A Pequena Sereia, Sapatinhos vermelhos e mais algumas pérolas de Andersen.
Não ousaria de jeito algum afirmar que criança precisa de estória feliz. Mas acho que alguns livros precisam ser mediados. Cito dois livros em especial:
1) Cotovia - Lúcia Villares e
2) Ceci quer ter um bebê - Thierry Lenain
Um traz a morte e outro traz a sexualidade. Não são temas inadequados à infância. Diria que, a forma como os temas são tratados nesses dois livros, pode (eu disse pode) passar a carroça na frente dos bois.
E agora?
_Cibele_
2 comentários:
Assino em baixo das tuas observações, sócia. E acrescento que um componente básico pras historias infantis sem final feliz seria o lirismo, a delicadeza. Tem de saber dosar a coisa. Se ficar seco demais tira qualquer esperança e não vale.
Eu tenho uma historinha de uma velhinha que faz amizade com um gato e ele acaba sumindo. É triste pra burro!Acaba com a velhinha voltando à sua vidinha solitária de antes do gato. Podia acabar diferente, com ela que encontra um novo amigo, sei lá. Mas eu quis não fazer final feliz e deixar um amarguinho na boca. Por isso tive muito cuidado de trabalhar com a delicadeza.
Então, o Cotovia é até poético, Clau, mas...bom a afirmação é perigosa, mas vou me permitir...ele é adulto demais.
Nesse link há algumas observações sobre ele:
http://books.google.com.br/books?id=AAz0GWyhnAkC&pg=PA93&lpg=PA93&dq=cotovia+l%C3%BAcia+villares&source=bl&ots=1aLiLU4rMi&sig=3mQD2lUJ0nKvpgNRP8twyvSTGq8&hl=pt-BR&ei=EZP4S7PVMIG0lQeu0tC_Cg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=6&ved=0CCsQ6AEwBQ#v=onepage&q=cotovia%20l%C3%BAcia%20villares&f=false
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