Estréia hoje, no Discovery Kids, a terceira temporada de Backyardigans. A maior surpresa dos novos episódios será o surgimento de um novo personagem, o dinossauro Boy. Confesso que o desenho me causa um estranhamento-quase-constrangimento, que me levou a demorar alguns episódios tentando decifrar.
Estranhei, inicialmente, o quintal artificial, ensaiado, sem espontaneidade, asséptico e livre das marcas produtivas do quintal brasileiro a que me referi: varal, pomar, horta, bichos, adultos trabalhando. O quintal do desenho canadense é campo de ação unicamente infantil, pra não dizer, infantilizado, com fronteiras bem demarcadas entre o adulto e a criança. No máximo, vemos ali, uma árvore ornamental e um tanque de areia. É um quintal, plano, capinado, adaptado, limpo e por isso mesmo, livre dos desrelevos que nos impelem a escalar e ver além.
Não há muros e por isso, não há intimidade. Os Backyardigans não só sabem que podem estar sendo observados, como dirigem-se ao telespectador e aqui o meu constrangimento se torna ainda maior.
Sabemos que a criança pequena não faz teatro, mas joga dramaticamente, uma vez que ela não fantasia para entreter uma platéia. Minha filha, quando é surpreendida sendo observada por mim em suas brincadeiras de faz-de-conta, costuma repreender: “_Não gosto que me vejam brincando!” E é por isso que a falta de muros do quintal-palco bakyardiganiano me soa como uma bela música tocada num teclado e seus amplificadores.
Isso nos faz perceber que o quintal não é um espaço físico nos fundos de uma casa com crianças, mas um jeito de ser-explorante-continuamente. E digo dessa forma, porque morei toda a minha infância num apartamento pequeno e apesar disso, carrego comigo uma quintarola.
Mesmo assim, principalmente se comparado a outros desenhos, o Backyardigans não chega a ser prejudicial e demonstra grande avanço nos produtos mercantilizados que temos oferecido às crianças. Aqui em casa, certamente, vamos querer ver quem é esse tal Dino-Boy, mas não sem achar esses bichinhos exibicionistas no mínimo, muito esquisitos.
_Cibbele Carvalho_
7 comentários:
Que alegria ter acesso a esse contéudo tão cheio de encanto,...espero conseguir transformar meu quintal a cada dia...criar meus filhos em uma verdadeira quintarola de significados!!! parabéns pelo blog! beijos Keilla Couy
Ci, a gente tinha já comentado sobre isso, né? Agora entendi melhor seu ponto de vista, mas acho q a dinamica no quintal em si nem é muito notada pelas crianças, que se envolvem mesmo com a historia que segue. Enfim, misterios à parte, as crianças menores amam. bjs, seu quintal tá demais!
É mesmo, Dani S, eu já havia comentado sobre um texto que havia escrito e perdido numa formatação de computador, não é? E o assunto já voltou outras vezes por causa do suceso do desenho.
Devo, aliás, dedicar o texto às amigas da egrégora, que me incentivaram a reescrevê-lo.
Concordo com você, as crianças não percebem esses vários quintais de forma sistematizada, tal como está no texto. No entanto, como artefacto cultural, o desenho animado influencia e ao mesmo tempo, é resultado de uma dada sociedade, não é? Eu acho o Backyardigans um retrato da espetacularização da infância.
Ei Keilla, puxe um banquinho e um dedo de prosa! Obrigada pela visita, vizinha!
pulou um s do sucesso.
Eu acho os Backyadigans estranhos e bem feinhos, meus filhos não são muito fãs, não. Mas o Felipe, quando era menor, gostava do trenzinho Thomas e do Jayjay o "chatinho", que são beeeeem piores! Ju Steck
O Trenzinho Thomas é pesado, né Ju? Uma coisa meio Andersen, sei lá...Adorei o novo apelido do Jay-jay...hahahaha
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