E quando as crianças brincam de olhar as nuvens? Ou de pensar na morte da bezerra? De acompanhar o ritmo das formigas? Os gravetos, os troncos, as pedrinhas. Alguma coisa que flutua na água. Ou até de morrer (estirada no chão do quintal, imóvel, por hooooooras…).
Criança é confundida com atividade. As brincadeiras contemplativas – cuja ação é “de dentro” - são muitas vezes motivo de preocupação entre pais e educadores.
Esse menino ‘tá quieto demais. ‘Tá doente? E se estão em companhia: estão aprontando alguma coisa!
Por isso ou porque não reproduzem as atividades adultas “normais”, como no jogo de faz-de-conta (que aos olhos adultos parece previsível mas quem se dispõe a observar de perto percebe rapidamente que pode ser muito transgressivo).
Num artigo muito bonito*, a Doutora Alessandra Mara Rotta de Oliveira, da Universidade de Santa Catarina, diz que a brincadeira contemplativa
provoca a imaginação dinâmica e criadora. E não nos enganemos, exige esforço, exige tempo. Falamos aqui de um tempo de criação que contém em si a contradição fecunda da inércia, do ócio e do movimento, da ação, da experimentação e da contemplação. Este jogo entre imaginação criadora e os elementos da natureza exige um tempo e um esforço concretos(…).
* Texto publicado no livro: FRITZEN, Celdon e CABRAL, Gladir S. (orgs) Infância: imaginação e educação em debate. Campinas SP. Papirus 2007, p. 73-90.
As brincadeiras contemplativas (sempre ativas) aparecem, felizmente, com muito mais frequência que se imagina entre as crianças. De fato, nenhum brinquedo ou atividade estruturada jamais será capaz de substituir a natureza como referência, como mestra dos processos imaginativos e da Arte.
_Claudia_
3 comentários:
Lembro que, quando pequena, passava horas observando as nuvens e as estrelas deitada no chao do meu terraço. Minha imaginaçao ia loooonge! Estava brincando de contemplar e nao sabia kkk
Espero que essa contemplaçao da natureza nunca se perca realmente. Espero que o computador, a tv e esse jogos, tipo Nintendo, nao absorvam toda atençao de nossas crianças...
Ei, Anna, pois é, é isso mesmo!
Que fofo o teu blog, tô adorando. Volte sempre por aqui!! Um beijo.
Quando eu era criança, brincava de deitar no chão e olhar o céu ao lado do meu prédio. Dava uma perspectiva bonita e dependendo de pra onde as nuvens andavam, a impressão de que o prédio ia cair em cima da gente. Chegava a dar friozinho na barriga. Delícia!
Achar formas pras nuvens era brincadeira de viagem.
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