quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Folclore Obsceno das Crianças

Cabra-cega, 1788
Francisco Goya, Espanha, 1746-1828
Óleo sobre tela, 40 x 41 cm
Museu do Prado, Madri


Para quem ainda imagina uma infância idílica, lugar de inocência e sonho, essa idéia é a prova dos nove. Existe, afirma o antropólogo francês Claude Gaignebet, um folclore obsceno infantil que vem sendo transmitido horizontalmente, independentemente dos adultos e mais ainda, a despeito deles. Duvidam? Olhem só essa versão da cantinela do cabra cega:

“Cabra-cega de onde vens? Do Castelo Trazes ouro ou trazes prata? Trago ouro! Vá beijar no cu do besouro. Trago prata! Vá beijar no cu da barata.”

Esse é o meu objeto de estudo. A função desse conteúdo dentro das sociedades infantis, as forças coercitiva e de resistência são pontos a serem observados. Quem quiser contribuir com outras pérolas do folclore obsceno infantil, ganha um doce! (Os mais tímidos podem escrever para cibbelecarvalho@gmail.com). E nada de sair por aí ensinando isso pras crianças, heim! Nessa brincadeira, adulto não tem vez!


Cibele

11 comentários:

Claudia Souza disse...

Lembrei das paródias que todo menino faz, a maioria obscena. Aquele tipo que as mães da gente proibiam e punham de castigo e que a gente como mãe faz tsc tsc tsc e ri por dentro. Valem essas? Tem um monte, mas melhor te passar por emeio! ha ha ha

Cibele disse...

Clau, vale sim...Hahahaha...Ah...vou até acrescentar ali no post que as contribuições podem ser feitas por e-mail.

Cibele disse...

Clau, essa do post é bem pesada e está no que o autor chama de aquisição do vocabulário obsceno. Mas tem outras mais leves...Fui ao mercado comprar café, mas a formiguinha picou o meu pé. Eu sacudi, sacudi, sacudi, mas a formiguinha não parava de subir. Fui ao mercado comprar jerimum, mas a formiguinha picou meu bumbum...Algumas estão ainda permitidas pelos adultos, outras as crianças brincam escondido.

Claudia Souza disse...

Opa! Eu sou tímida hihihi Vou consultar "as bases" =Davi e te mandamos um monte! Isto é, se ele se lembrar ainda.
Pergunta: A coisa passa por esses produtos obscenos disponíveis no mercado que as crianças acabam "comprando" e incorporando às brincadeiras? Tipo Mamonas Assassinas, alguns funks, danças... ou não tem nada a ver?

Cibele disse...

Clau, essas referências podem até ser incorporadas, mas a base é folclórica mesmo. Da cultura popular.

Leticia. disse...

Cibele:

Lembrei de uma: vc conhece "coelhinho se eu fosse como tudo, tirava a m ao do bolso e colocava...." Nao sei se da' para ser classificada de folclorica essa, mas... Se lembrar de mais alguma, escrevo.

Abs,

Leticia.

Cibele disse...

Obrigada, Letícia! Essa eu aprendi no ônibus escolar, com crianças mais velhas...hahahaha...é classificada como aquisição de vocabulário obsceno. Boa lembrança!
Um abraço e volte sempre!

Deborah Leão disse...

Vixi, tinha aquelas famosas musiquinhas de ônibus de excursão, "Gererê, gererê, LSD". Uma das que eu lembro era assim: "Tava no avião, tomando Leite Moça, o Leite Moça acabou, eu comi a aeromoça"

Como essa, havia várias outras rimas do gênero, algumas mais leves, outras mais pesadas, mas, em geral, com algum conteúdo obsceno, ou relativo a drogas.

Depois de lembrar dessas rimas, procurei no Google, e achei um blog de alguém que também lembra delas, com alguns exemplos:

http://gerere.blogspot.com/2007_04_01_archive.html

Cibele disse...

Deborah,

Nossa, lembrei de várias nesse blog. Elas são de uma infância/adolescência mais recente, a melodia a que se referem nos dão a pista. Essa do batom, por exemplo, salvo engano era uma paródia de uma música do Sílvio Caldas. Não era?

Olhe o que declamam os patricinhos portugueses:

Serafim-fim-fim
Calça rota de cotim
O chapéu a lavrador
O teu cu cheira fedor

a outra é assim:
Arco da velha
Não bebas aí
Velhas e novas
cagaram aí

Claudia Souza disse...

Oi, Deborah, bem-vinda à prosa! =)

Mas os patrícios são o ouro em rimas mesmo! Em Portugal até os ditos populares são rimados, e lindos! Imagino que o repertório de versinhos obscenos deles será imenso! Pesquisando pra Cibbele ouvi uns aqui na Italia e são hilários. Além de suuuuper obscenos são complexos, mais que versinhos são poesias inteiras ha ha ha

Cibele disse...

E os francesinhos?

Quand j´étais petit
je n´étais pas grand
je montrais ma lune
a tous les passats

Além disso, eles criam vários textos obscenos e colocam na melodia do Au Clair de La Lune.

Em outras línguas, até os textos obscenos ficam mais elegantes, não é?

 
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