Ok. Consegui chegar ao nível seguinte. Ainda tenho algumas vidas guardadas, posso prosseguir.
2) Agora é a hora e a vez dos códigos, dos conceitos. Das ações práticas passo às ações simbólicas. Exemplos: regras de boa educação, códigos de convivência, de circulação, profissionais, familiares. Quem você não conhece e pessoas mais velhas não pode ABSOLUTAMENTE chamar de “tu”. Existe a palavrinha “Lei”, impessoal, cujos verbos vêm conjugados em terceira pessoa do singular e os nomes no feminino. Indica uma coisa bem simples e crucial: DISTÂNCIA. Se você não dá as devidas distância, falta com o respeito com o outro. Falta grave, perde pontos (mesmo se faz isso porque ainda não sabe conjugar os verbos direito na nova língua). Depois, SE a pessoa quer assim, te diz: “Diamoci del tu” e pronto. Significa um relacionamento relaxado, como os que temos no Brasil.
Tocar a outra pessoa. Só depois de muuuita convivência. Uma pessoa apenas apresentada? Nunca. Começar a comer antes do dono da casa. Levantar-se antes. Servir-se como bem entende. Tudo proibido. As refeições aqui são ritualizadas. A gente é recebida na cozinha, que é o lugar mais importante da casa (a grande maioria nem tem sala de estar). Se alguém te convida pra um jantar, você vai, janta e vai embora.
Os tempos. Você não pode combinar de se encontrar com uma amiga de um dia pro outro. Muito menos aparecer na casa dela de surpresa (como eu fazia sempre com os meus caros no Brasil e ganhava abraços, beijos e pipoca). Não senhora. Aqui as coisas são combinadas no mínimo uma semana antes. E se a pessoa disse que chega às 7, espere-a… às 7. Nem um minuto a mais ou a menos. As coisas acontecem cedo, às 10, 11 da noite já está todo mundo em casa. No celular você pergunta SEMPRE se a pessoa é disponível pra falar, antes de tagarelar no máximo 3 minutos.
Nos códigos se incluem também as placas indicativas, os sinais, os signos; as expressões mais comuns e seus usos; o tom de voz; a gestualidade; o passo na calçada, o lado da calçada e da escada rolante; como agir na sala de espera do médico, no vagão do metrô, na farmácia, numa loja, no saguão do teu prédio…Cinema é dublado e tem intervalo. No teatro se aplaude no início e no final. Os costumes, as tradiçoes do lugar. Os lugares-comuns que todo mundo ja sabe, menos voce.
Parece um absurdo? Uma tortura? Um horror? Este é o mundo dos novos símbolos que você antes não detinha, mas PRECISA aprender pra sobreviver num outro país. O que fazer? Imitar. Brincar “de casinha” observando os nativos. Escutar, escutar muito! Recriar. Atuar. Representar. Eis-me no jogo simbólico (Piaget). Tudo parece ficção. Mas é a minha nova vida. Consegui tirar carteira de motorista! Já posso dizer que estou entrando na fase seguinte. Enquanto isso, a língua já não me trai, as conversas são mais fluentes. Começo a rabiscar os primeiros textos em italiano. Isso vai me ajudar, mas ainda falta muito.
CONTINUA…
_Claudia_
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