domingo, 31 de janeiro de 2010

Biblioteca em casa

Estive lendo a biografia do bibliófilo brasileiro José Mindlin, 95 anos, que dá nome à biblioteca do Instituto Brasil Itália aqui de Milão, e fiquei pensando o que pode levar uma pessoa a ter tanto amor pelos livros, não só como fonte de conhecimento, mas inclusive como objeto, ao ponto de acumular através da vida um acervo de quase 38 mil obras.

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Uma biblioteca, afinal, é uma coleção de livros, e essas pessoas acabam se relacionando com eles como objetos possíveis de serem colecionados.

Como qualquer outra coleção, uma biblioteca precisa de muita organização, de zelo, de critérios, de classificações e principalmente de muita paciência. Tem seus elementos raros. Outros que estão ali só pelo mais puro afeto. Os repetidos. Os mais bonitos. Os significativos de uma época. Mas o que faz realmente viva uma biblioteca – repito, como qualquer outra coleção – é o uso, as interações que provoca, a transmissão do saber e da paixão da parte de quem coleciona pra quem usufrui.

Pra uma criança, ter a sua biblioteca em casa pode ser um caminho interessante de incentivo à leitura. Conheço pais que têm por hábito sair aos sábados de manhã com os filhos pra comprar novos livros. Que, chegando em casa, põem-se a lê-los com curiosidade.  Que dedicam algumas horas da semana pra organizá-los, cuidar deles juntos. Que separam um lugarzinho “de honra” em casa pra guardar/exibir aquelas preciosidades. Enfim que compreendem que essa pode ser uma paixão transmitida de geração pra geração.

E o livro – mesmo pra criancinhas muito pequenas –torna-se  um objeto quase de culto. E por isso não pode ser rasgado, ou rabiscado, ou deixado de lado como se nada fosse. Essas coisas são ensinadas, a criança não nasce atribuindo valores. Aconteceu um acidente? Tem sempre um modo de reparar, de recuperar, de consertar, afinal aquele é um objeto importantíssimo. Fazer a lista dos livros. Protegê-los com capas de plástico. Classificá-los pelos mais diversos critérios. Compará-los, reconhecer os diversos autores e ilustradores, criticá-los, apreciá-los. Amá-los.

Não é difícil, através dessas ações simples, que a criança compreenda seu valor em meio a tantos outros objetos.

_Claudia_

PS.: É claro que frequentar as bibliotecas comunitárias também é super importante. Mas a biblioteca pessoal tem um sabor de escolha muito gostoso =)

2 comentários:

Luiz Carlos Garrocho disse...

Muito bom!

Comecei minha biblioteca aos 10 anos de idade: tinha Tom Sawyer e outros. Depois, perdi um monte de livros. Mudanças e mudanças... Mas continuei. Hoje, o Tom Sawyer está aqui, com alguns livros desse começo! E tem até numeração da minha primeira biblioteca!

Bom demais!

Claudia disse...

Ei, Garrocho
Eu tambéem tenho uma biblioteca imensa, pessoal, que acabei juntando à dos meus irmaos e formando uma maior, familiar. Temos o Tom Sawyer também, era um dos meus livros preferidos.Abraçao.

 
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