quinta-feira, 12 de março de 2009

Uma infância possível

Afinal, a Infância não precisa de muitos predicados. A gente só não pode esquecer o que é possível, senão ela corre o risco de desaparecer, de ser riscada precocemente do mapa da nossa vida. Eu penso sempre que ser criança "hoje" não tá nada fácil, em função das configurações da modernidade, mas se for pensar bem, nunca foi. Em todas as épocas a Infância precisou de adultos conscientes que a defendessem. Sejamos nós os de agora.

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Algumas coisas possíveis para a Infância atual:

  • Levar uma vida mais simples, sem tantas "necessidades" criadas/impostas de fora;
  • Viver num ambiente tranquilo;
  • Alimentar-se com consciência, mas sem obsessões;
  • Estar com outras crianças (até de idades diferentes) o maior período de tempo possível;
  • Brincar MUITO;
  • Usar roupas confortáveis (um pouco de pé-no-chão...);
  • Sujar-se;
  • Ser dona do próprio tempo;
  • Ser escutada e respeitada em suas pequenas e grandes decisões e opiniões;
  • Ser compreendida em relação a seus sentimentos (como diz o Ives Della Talle, "sentir é sempre lícito, o que pode não ser lícito são as açoes em função dos sentimentos");
  • Aconchegar-se quando quiser;
  • Ter ao lado adultos fortes e responsáveis o suficiente pra ser autoridade, proteção e referência;
  • Ter direito à privacidade;
  • Sonhar. Sonhar muito! Porque esse é o principal conteúdo da Infância de sempre.

_Claudia Souza_

15 comentários:

Anônimo disse...

O legal Clau, é que você consegue trabalhar na afirmação e não só no negativo, como eu disse antes. Isso vem muito da sua experiência, acho... é uma característica de quem viabiliza e consegue enxergar algum caminho.

Eu fico no meio do caminho por causa do meu filosofês que é um jogo bonito, mas que também vive no negativo. O conceito é muitas vezes negativo, né? Como talhar um toco de madeira...a gente vai tirando pra ver se sobra alguma coisa.

Beijos

Anônimo disse...

Cibbele, mas eu tb fico "no meio do caminho" porque a negaçao faz parte, nao tem como nao negar certas coisas, principalmente certos absurdos. Eu nao disse outro dia que tenho vontade de chorar e que me desespero? ha ha ha Mas é bom mesmo afirmar, assim a gente tem mais parametros.

QUINTEIRAS disse...

É verdade...mas acho que vc caminha com mais leveza pra afirmação. Eu me esfoooorço...

: )

Anônimo disse...

outra coisa que eu colocaria na lista da infancia a ser defendita é estar o maior tempo possivel com a "mãe" eu acho triste essa onda de "tercerizacao da maternidade" (usando as palavras da minha cara amiga Renata Ursaia. Me desculpem mas acho o fim do mundo ver as familias de ferias na praia ... pai mae filha e baba a tira colo o dia todo pra ca e pra la... vestidinha de branco...

Anônimo disse...

Ui. Issa dava outro post. Lembrei do Davi falando (aos 4 anos) que no Brasil precisava ainda ter a "aboliçao da empregatura" ha ha ha ha Mas como chegar ao meio-termo? Aqui na Italia nao tem quase essa terceirizaçao, mas tem excesso de maternidade... humpt humpt... existe um "tempo otimo" de mae????

Anônimo disse...

pode ser mas eu ainda prefire os erros ou "tentativas de acertos" em primeira pessoa.

Anônimo disse...

vamos combinar que o Davi é pra la de inteligente hein!! uma crianca de quatro anos com esse olho critico ....

Anônimo disse...

Tem razao, Paula. E' melhor ser mae, de todo jeito. Mas sempre refletindo, pra nao exagerar. Filho impoe certos prazos de validade rsrsrs a gente tem de ficar atenta!
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Sobre o Davi, essa observaçao dele foi numa situaçao em que eu, vendo uma dessas "babas de branquinho" carregando duas mochilas super pesadas de duas menininhas indo pra escola,e ainda tendo de dar conta das duas na rua, comentei:- Mas ja teve a Aboliçao da Escravatura! e ele emendou desse jeito: - Agora falta a Aboliçao da Empregatura. E tinha tipo 4 anos mesmo. Nem sei a que ponto ele compreendeu tudo, mas que foi em cima, foi.

Anônimo disse...

isso ai tem mãe com penso e mãe sem penso, eu sou a mãe sem penso e é por isso que volta e meio toco no telefone de uma minha amiga Claudia Souza, minha consultora preferida pra ela fazer a parte do penso pra mim! se deixo na minha vou so no tripas e coracão...

Anônimo disse...

hahahaha...mãe com penso e sem penso é ótima...

Paula, eu também acho que mãe e pai presentes não é só artigo de luxo, não... é necessidade. Embora essa relação que começa tão estreita e umbilical precise ir dando espaço pra outra criança ser sozinha.

E também acho que esse ritmo de separação é dado por cada par (mãe/filho) de forma diferente. Eu acho que eu já citei aqui o filme Aventuras no Novo Ártico. Tem uma cena que não me sai da cabeça nessas horas...a Ursa Nanu força a sua filhote a crescer antecipadamente porque percebe que não conseguirá em breve, caçar para as duas. Bonito!

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u439471.shtml

Anônimo disse...

E a mae passarinha que empurra os filhotes do ninho com a cabeça quando "sabe" que eles ja podem voar sozinhos?
Paula, nao vem que nao tem que eu nao tenho diploma de "consultora de mae" nao, viu? kkkkkkk Nossos papos de telefone sobre o assunto sao tudo conversa mole kkkkkkkkkkk
Ahhh, e te dou uma triste noticia. Essa "inteligencia" - até genialidade, eu acho - das crianças pequenas, pra fazer aquele tipo de comentario do Davi, dura pouco. Na adolescencia eles viram toupeiras! Ontem ele soltou essa: - Nao sei como, no século XXI, uma pessoa AINDA decide estudar filosofia. E' moooooooole? :-P

QUINTEIRAS disse...

A mãe passarinha tb é bom exemplo, Clau...mas o que eu gosto dessa imagem da Ursa é que a necessidade da mãe está colocada e não apenas a necessidade do filho. Esse tempo pro distanciamento é dado na relação, né?

Anônimo disse...

E ainda dizem por ai que elas ( a passarinhae a ursa) são maes sem penso... sera?

Anônimo disse...

Entao, Paula. Nao foi o Saramago que disse que os animais usam melhor o instinto que nos a razao?
Verdade, Cibbele. A imagem da mae Ursa vai ainda mais fundo na coisa.

Anônimo disse...

Me lembrei de uma coisa...eu morei um tempo numa casa meio sítio e onde assistíamos direitinho a natureza e seus ciclos. Pois tinha ali uma sabiá que resolveu botar seu ninho bem no alto da minha varanda. A gente viu ovo, sabiá chocando e por fim filhotinhos. Um dia, estou eu passando desavisada quando fui atacada por uma sabiá histérica. Antes de sair correndo, pude ver que os filhotes estavam tentando voar. Deveria ser o primeiro vôo ou um dos primeiros, sei lá. Até mesmo pra natureza, esses desligamentos são doloridos, né? Essa idéia de um processo indolor e tranqüilo me pareceu ser uma grande ilusão.

 
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