domingo, 18 de outubro de 2009

Questões sérias

Sábado fui ver uma peça pra crianças, encenada por dois palhaços, que se propõe como “teatro social”, ou seja um teatro com o objetivo de abordar questões sérias com o público. Tá. Boas intenções, afinal o mundo precisa mesmo de intervenções sadias.

Maaaaas… como nas brincadeiras “com objetivo pedagógico”, a gente via as crianças meio “interrompidas”: puxava-se pro riso solto, elas se lançavam e de repente vinha um discurso bem politicamente correto (com direito a musiquinhas que pareciam sair de um culto religioso). Os caras eram competentes na arte do palhaço, e eu ficava pensando: Ai, meu São Rodrigo Robleño, por que não param nisso?

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clown

Fico me perguntando das artes de abordar questões sérias com as crianças sem cair na limitada “moral da história”. Monteiro Lobato por exemplo fazia isso muito bem. Tendo a pensar que a coisa passa por saber colocar as mensagens sem explicitá-las. Que elas façam parte do jogo e que não queiram submetê-lo.

E notem bem, AS mensagens. História nenhuma, peça nenhuma, brincadeira nenhuma tem apenas UMA mensagem.

No fim, concluo que esse vazio que a lição de moral implanta pode ser substituído pela inteireza e verdade da obra. Pra transmitir bons valores aos pequenos, basta que a vida seja repleta desses valores. Incluída a vida representada numa obra de arte.

_Claudia_

6 comentários:

Luiz Carlos Garrocho disse...

É chato demais!

Aliás, mesmo o nosso Monteiro Lobato ainda tem umas que eu depois percebi a partir de uma leitura: ele precisa justificar a passagem para o maravilhoso. Veja só: para entrar no universo mágico, é preciso um pó de perlimpimpim, ou um estado de sonolência (Caçadas de Pedrinho). Mas isso fica por conta do conservadorismo artístico de Lobato - que, aliás, repudiou o movimento modernista.
Tirando isso, é sempre um prazer ler Lobato.

Há um vídeo genial de Fellini sobre Palhaços. É tudo de bom. Está tudo ali - a irreverência, o a-moralismo, a crítica ferina, a poesia...

Abraços

Claudia disse...

Ei, Garrocho
É verdade, essa do pó e da sonolência pra entrar no mágico são duas pisadas de bola do Lobato mesmo.Mas faz parte do caráter dele, como você disse.
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Mesmo ale às vezes fica um pouco "didático", mas sabe um jeito de não pesar a coisa...
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Sobre o palhaço, conheço esse vídeo, mas quero rever! A melhor definição que já ouvi sobre o palhaço é do (São hahaha) Rodrigo Robleño: o palhaço é um ser levado. Nas duas acepções da palavra =)

Claudia disse...

Vou linkar aqui um post da Cibbele sobre o pó de pirlimpimpim. Leiam também os comentários.
http://quintarola.blogspot.com/2009/05/jorge-amado-falando-sobre-o-po-de.html

Anônimo disse...

poxa,pegou pesado com o Rodrigo Robleño, hein Cláudia??

To aqui curtindo seus posts.... deveriam caminhar mais....

Vou incluir mais uma definição sobre palhaço, pra mim, bem importante: o palhaço é uma profissão de denúncia.

Beijos desde terras brasilis.

Anônimo disse...

PS.: estão acabando com a obra de Monteiro Lobato aqui no Brasil... vocˆre viu? Tudo por cnta do "politicamente correto"... esse pó e esse estado de sonolência, logo logo, vira apologia as drogas....

Claudia Souza disse...

Hahaha não quer ser "São" não é??? Pesa, né? Mas é no bom sentido, no sentido de referência. Tipo "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas... ou cultivas" hahaha

Peguei pesado não, viu. É verdade, você é uma forte referência, e quando vejo muitas bobagens por aí se fazendo passar por palhaçada lembro de você e de como a profissão de palhaço é única e importante.
Um grande abraço, com admiração, desde terras itálicas.
Obrigada pela visita, volte sempre!

 
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