quarta-feira, 20 de maio de 2009

Invisibilidade social


Um vez li um estudo realizado por um psicólogo na Faculdade de Psicologia da UFMG (do qual não me lembro o nome, se alguém souber me avise) que passou 6 meses vestido e executando as funções de lixeiro no Campus de manhã e como professor (ele mesmo) à tarde. A mesma pessoa, em dois contextos diferentes. De manhã, sem qualquer maquiagem, mostrando o rosto, era ignorado, simplesmente não era visto pelos frequentadores do lugar. Diz ele que era como se fosse transparente. As pessoas passavam por ele e não o viam! Nesses 6 meses, ninguém se dignou a lhe dar um bom dia sequer, nem um simples sorriso, nada, de manhã. À tarde, ao contrário, não só era "visto" como tratado com deferência e consideração, mesmo por pessoas que não o conheciam, no mesmo estacionamento do Campus que tinha limpado de manhã.
Hoje já sei que esse fenômeno se chama "invibilidade social".
E que muita coisa já foi escrita a respeito, basta googlar um pouquinho.


Ontem, na fila da lanchonete fast food lotada, observei esse fenômeno em relação às crianças. Um menino ficou um tempão tentando comprar seu lanche. Mas
1) As pessoas da fila passavam na sua frente como se ali não tivesse ninguém; e
2) A moça do caixa o ignorava (e olha que ele tentava!)
Até que um adulto (que devia ser pai ou tio do menino) se aproximou e deu uma bronca federal... nele!
Não entro nem no mérito dos meninos de rua, que já nos acostumamos a "ver"/não ver cheirando cola pelas ruas. Falo dos meninos de um modo geral.

Acho que o caminho a percorrer pelas crianças em termos de seus direitos como cidadãs é longo. Vê-las e considerá-las como "gracinhas", ou como inocentes, vítimas a priori, ou como alunas ou principalmente como consumidoras, é relativamente fácil. Mas enxergá-las como cidadãs já é uma outra história. Pra isso precisa conviver com elas. No mais amplo sentido da palavra.

_Claudia Souza_

4 comentários:

Cibele Carvalho disse...

Boa emenda, Clau! Muito boa! É tão desconfortável ser ignorado, não é? Em qualquer idade...

Eu vivo encorajando a Ciça a se virar um pouco, perguntar o preço nas lojas, e tal, mas não tinha pensado ainda em como ela deve se sentir com essa invisibilidade...taí, a partir de agora vou encorajar e me preparar pra exigir que ela seja ouvida.

Claudia Souza disse...

Como boa escorpiniana que sou, fico furiosa de ser ignorada ha ha ha E me dá mais tristeza ainda ver outras pessoas serem ignoradas. Acho isso o cúmulo do fechamento não só intelectual/social/cultural mas até espiritual (no sentido material de espirito, se é que vocês me entendem er er er)Gente é pra ser vista, ouvida e considerada!

Claudia Souza disse...

Ci, mas cuidado pra não exagerar! Eu acho que exagerei, porque Davi é o tipo que se faz ouvir de qualquer jeito! ha ha ha (Na escola ele tem fama de polêmico. Embora eu prefira assim, tem hora que isso é complicado).

QUINTEIRAS disse...

Xiii...tô longe de exagerar...

Vc já viu o documentário Crianças Invisíveis? Trissste!

 
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