Em geral, tende-se a considerar a brincadeira como uma atividade com fim em si mesma; pueril e inútil. A atividade lúdica, intrinsecamente sem objetivo, é assim contraposta ao trabalho, objetivado e produtivo. Mas é assim mesmo? Munari fala de "brincar com a Arte" definindo novos modelos que se revelaram absolutamente eficazes para a didática da Arte. Mas a brincadeira de Munari é uma brincadeira muito séria, mesmo mantendo sempre as características de leveza e graça. Como podemos descrever isso? Que relacionamento há entre a brincadeira de Munari e as reflexões de Piaget que reconhecia no jogo uma função importante no desenvolvimento da esfera cognitiva e da personalidade, e a obra de Vygotskij que o considerava como força da evolução afetiva?
(Silvana Sperati, "A che gioco giochiamo", tradução minha)
(Silvana Sperati, "A che gioco giochiamo", tradução minha)
Me deparei por acaso com este trecho e pensei naquela questão que a Cibbele colocou sobre o "uso pedagógico dos jogos e brincadeiras". Não seria o caso, como já defendi nesse artigo uma vez, de pensar também no uso lúdico da pedagogia, da didática? É possível e saudável brincar com a Arte, com a Matemática, as Línguas, enfim, com qualquer objeto de conhecimento. É óbvio que brincando se aprende (muito mais que quem pretende controlar possa imaginar), como também aprender é um jogo diante da necessidade/vontade/desejo de crescimento que acompanha todo Ser Humano. O problema é colocar uma coisa "a serviço" da outra. Na verdade, penso que sejam âmbitos interligados e igualmente importantes. Problema pior é "escolarizar" as capacidades humanas. Aí sim, perde completamente o sentido.
_Claudia Souza_
_Claudia Souza_
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