terça-feira, 26 de maio de 2009

Maisa e o filósofo ou como banalizar a vida

Li esse texto sobre o caso da criança Maisa e o deixaria passar desapercebidamente se ele já não estivesse circulando por grupos de discussão sobre educação. Trata-se de um filósofo com alta graduação, polemista, autor do conceito de filosofia como desbanalização do banal, pragmatista que se orgulha da amizade de Richard Rorty. É exemplo da autoridade dos títulos e da própria filosofia como detentora de um conhecimento universal a respeito do mundo.

São tantas as minhas indignações com a irresponsabilidade do texto, que meu post inicial tinha 4 laudas, pontuadas em tópicos de argumentos e contra-argumentos. Por enquanto, vou ficar com a afirmação de que o sentimento da infância e por conseqüência o conceito de infância e os direitos da criança são construções históricas extremamente caros à nossa cultura.
_Cibele Carvalho_agora sim, se dando ao deleite das notas de viagem da Clau

7 comentários:

Claudia Souza disse...

São os famosos "podres poderes" em ação. Do mesmo modo que SS pode falar com a menina COMO QUER, como fala com QUALQUER UM - porque ele tem o MÁXIMO PODER que a sociedade moderna pode atribuir a um indivíduo, que é justamente esse de dizer o que quer a qualquer um, sem a mínima intenção de respeito ao outro (o outro nem existe!), o autor desse texto pode escrever esse discurso pseudo-filosófico pra justificar uma sua escolha ideológica. Pra mim é um texto ultra ideológico e pouquíssimo inteligente, muito pior do que o que ele atribui às, segundo ele, "toscas" psicólogAs e juízAs que se detiveram sobre o caso.
####
Acho que o fato de Maísa ser criança nesse caso AGRAVA a questão, pois uma criança não tem recursos cognitivos e emocionais pra lidar com esse tipo de submissão. Mas basta assistir (quem dá conta) qualquer programa de auditório pra ver como as pessoas são tratadas de um modo geral, tanto apresentadores como pessoal técnico quanto participantes. Esses programas representam o mais alto grau de "podres poderes" que existe. Na nossa cultura capitalista, norteados pelo capital. Em outras culturas, por outros valores tão fundamentais (ou fundamentalistas) quanto.

Cibele disse...

Interessante ele ter colocado no feminino os pasicólogos mesmo tendo profissionais dos dois sexos se posicionado a respeito, né, Clau?

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u568798.shtml

Ah, a juízA, é mesmo...

Bom, mas se a gente levanta aqui alguma bandeira, caímos no que ele chama de: fraseologia do esquerdismo fora de propósito...hahahaha

Mesmo ele tendo começado o texto dele com uma teoria da conspiração entre Globo e SBT. Vai entender. Eu também achei pouquíssimo inteligente e extremamente pretencioso. Principalmente quando ele passeia pela psicologia, pelo direito e pela educação.

Luiz Carlos Garrocho disse...

Impressionante!

Lí o texto do "filósofo da cidade de Sâo Paulo". Nem vou comentar isso: ser o pretendende da cidade... Tem filosofia e filosofia, sempre.

Mas ele manipula conceitos perversamente. E desqualifica pessoas que agiram e argumentam em defesa da criança, daquela criança sim.

Você vê a menina pedido ao apresentador para não falar daquele jeito, e ele, insensível, fala. Isso, sem comentar a cena da mala.

O tal filósofo da cidade - com toda a sua arrogância e saber acumulado - escarnece do fato mais brutal: há uma pessoa sem as forças, os recursos, a malícia, a idade, a proteção e a máscara social bem costurada na cara de um apresentador como Sílvio Santos. Ele manipula sim, faz pouco caso dos sentimentos dos outros. E poderia ser um adulto também! Seria tão ruim quanto. Mais grave por ser uma criança que, como disse o "filósofo" (ai, ai)precisa trabalhar! A coisa só piora!

Claudia Souza disse...

O pior disso tudo, Garrocho, é como essas são as pessoas mais admiradas pela sociedade atual. TODO MUNDO parece que sonha em ser como ele, tão PODEROSO ao ponto de dizer o QUE QUER QUANDO QUER a QUEM QUER. É o uso mais bizarro que se possa fazer da linguagem, como instrumento de PODER ABSOLUTO.É o novo ABSOLUTISMO... E Silvio Santos, como homem de espetáculo, sabe que isso "cola bem", e repete. Lamentável.

cibbele disse...

Eu e a Clau comentamos no início sobre a infelicidade dos comentários dele em relação a profissionais que se manifestaram sobre o caso, mas sem dúvida alguma, a vítima ali é a infância...

Esse trecho, quase sancionando boa parte da violência doméstica, me deixa transtornada:
“não há nenhuma agressão contra Maisa da parte de Sílvio Santos. Nada que ocorreu no programa foi obra de maldade de Sílvio ou do SBT ou de descuido. A menina lá está com a mãe”

Só numa coisa devemos concordar com ele, não é Garrocho...a filosofia não tem culpa...pelo menos não do que dizem em nome dela.

Clau, a imagem do homem é sagrada...incrível! Tenho perguntado pra pessoas que eu imagino serem um público do sbt em potencial e vejo que eles dão razão para o SS...argumntando que a Maisa abusou e merecia...Vêem a menina como um adulto!

Luiz Carlos Garrocho disse...

São posturas de autoridade mesmo. São paixões tristes (Espinosa).

E aprendemos com eles que os "padres" não são seres divinos... O filósofo como padre!

Todos nós podemos cair nisso: o exercício da autoridade a partir de sua profissão (artista, educador...)

São funções de territorialização. Exemplo: " o filósofo da cidade de São Paulo". Ele nem esconde a extensão do seu domínio!

Paixão triste essa! Para você ver onde amarramos nossos desejos!

Vamos pela alegria!

Claudia Souza disse...

É, tristes e como! Lindo comentário, Garrocho. Como sempre :-))

 
BlogBlogs.Com.Br